A alma humana, depois de residir
temporariamente no Espaço, renasce na condição humana, trazendo consigo a
herança, boa ou má, do seu passado. Reaparece então na cena terrestre para
resgatar as dívidas que contraiu perante a Lei de Deus, conquistar novas
capacidades que facilitarão a sua ascensão e acelerar sua marcha no rumo da
evolução.
Não se concebe que um Espírito, um ser
destinado à perfeição, consiga realizar todo o seu progresso numa única
existência física. Os próprios fatos do dia a dia nos levam a rejeitar tal
ideia. Devemos, pois, ver na pluralidade das existências a condição necessária à
sua educação e ao seu progresso. É à custa do seu próprio esforço, de suas
lutas, de seus sofrimentos, que ele se redimirá do seu estado de ignorância e
inferioridade e se elevará, de degrau em degrau, a caminho das inúmeras
habitações do Universo.
Podemos, assim, entender que somos hoje
o resultado das experiências vividas no passado, como seremos amanhã o produto
de nossas ações e de nossos esforços de agora.
Nem todos os Espíritos têm a mesma
idade, nem todos subiram com o mesmo passo ao nível evolutivo em que se
encontram. Uns percorreram uma carreira imensa e aproximaram-se do apogeu dos
progressos terrestres; outros mal iniciaram seu ciclo evolutivo no seio da
humanidade. Estes são os Espíritos jovens, emanados há menos tempo do Foco Eterno.
Chegados à humanidade, tomam lugar entre os povos selvagens ou entre as raças
bárbaras que povoam os continentes atrasados ou as regiões deserdadas do globo.
E quando, afinal, penetram em nossa civilização, deixam-se facilmente conhecer
pela falta de desembaraço e de jeito, pela sua incapacidade para lidar com as
coisas e, principalmente, pelas paixões violentas a que se apegam.
No encadeamento das nossas estações
terrestres, continua a completar-se a obra grandiosa de nossa educação, a
edificação de nossa individualidade. É por isso que a alma humana tem de
reencarnar sucessivamente nos meios mais diversos, em todas as condições
sociais, e é passando alternadamente pelas provas da pobreza e da riqueza,
pelas experiências de renúncia e de trabalho, que irá compreendendo a
transitoriedade dos bens materiais e desenvolvendo os reais valores do
espírito.
São-lhe necessárias as existências de
estudo, as missões de dedicação, de caridade, por via das quais se ilustra a
inteligência e o coração se enriquece com a aquisição de novas qualidades.
Virão depois as existências de sacrifício pela família, pela pátria, pela
humanidade, e ocorrerão, por certo, existências em que o orgulho e o egoísmo
serão abafados por meio de provas dolorosas de resgate do passado.
A ideia da reencarnação fazia parte dos
dogmas dos judeus sob o nome de ressurreição. Apenas os saduceus, partidários
de uma seita judia formada por Sadoc, não acreditavam em tal ideia. Os demais
admitiam que uma pessoa que vivera antes na Terra poderia reviver, sem
compreenderem precisamente de que maneira esse fato podia dar-se. É assim que
até Herodes pensava que Jesus fosse Jeremias, Isaías, Elias ou algum dos
profetas que havia retornado.
O Espiritismo trata o assunto de forma
clara ao mostrar que reencarnação é a volta do Espírito à vida corpórea, em um
outro corpo formado especialmente para ele e que nada tem de comum com o
antigo. Quando Jesus declarou que Elias voltara à Terra como João Batista,
entendamos que seus corpos eram diferentes; afinal João era primo do Messias.
Mas a alma de um e outro era a mesma.
Não encarnamos e reencarnamos apenas no
planeta Terra, mas em diferentes mundos. As que aqui passamos não são as
primeiras nem as últimas. São, porém, das mais materiais e das mais distantes
da perfeição, porque a encarnação nos diferentes mundos guarda relação com o
grau evolutivo desses mundos.
A constituição do perispírito – ou corpo
espiritual da alma – está em função da natureza de cada mundo, o que obriga
tenha ele de passar por transformações sucessivas e tornar-se cada vez mais
etéreo, até a depuração completa, que é a condição do envoltório fluídico dos
Espíritos puros.
A reencarnação, tal como ocorre na
Terra, observa-se também nos mundos inferiores. Nos mundos superiores, no
entanto, onde impera o sentimento de fraternidade, estando seus habitantes
livres das paixões grosseiras que ocorrem em mundos atrasados, os Espíritos
gozam de uma encarnação bem mais feliz e nenhum temor têm da morte.
A duração de uma existência corpórea
guarda, nos diferentes mundos, proporção com o grau de superioridade física e
moral de cada um. Quanto menos material o corpo, menos sujeito às vicissitudes
que o desorganizam. Quanto mais puro o Espírito, menos paixões a dominá-lo. É
essa uma graça da Providência, que desse modo abrevia os sofrimentos das
criaturas à medida que elas próprias progridem, sem que haja, para isso,
nenhuma forma de privilégio, incompatível com a grandeza e a sabedoria do
Criador.
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