A fé não se impõe,
nem se prescreve; a fé se adquire
Examinando
a questão da fé, Allan Kardec escreveu as seguintes palavras:
Diz-se vulgarmente
que a fé não se prescreve, donde resulta alegar muita gente que não lhe cabe a
culpa de não ter fé. Sem dúvida, a fé não se prescreve, nem, o que ainda é mais certo, se impõe. Não; ela se adquire
e ninguém há que esteja impedido de possuí-la, mesmo entre os mais refratários.
Falamos das verdades espirituais básicas e não de tal ou qual crença
particular. Não é à fé que compete procurá-los; a eles é que cumpre ir-lhe ao
encontro e, se a buscarem sinceramente, não deixarão de achá-la.
Tende, pois, como
certo que os que dizem: "Nada de melhor desejamos do que crer, mas não o
podemos", apenas de lábios o dizem e não do íntimo, porquanto, ao dizerem
isso, tapam os ouvidos. As provas, no entanto, chovem-lhes ao derredor; por que
fogem de observá-las? Da parte de uns, há descaso; da de outros, o temor de
serem forçados a mudar de hábitos; da parte da maioria, há o orgulho,
negando-se a reconhecer a existência de uma força superior, porque teria de
curvar-se diante dela.
Em certas pessoas, a
fé parece de algum modo inata; uma centelha basta para desenvolvê-la. Essa
facilidade de assimilar as verdades espirituais é sinal evidente de anterior
progresso. Em outras pessoas, ao contrário, elas dificilmente penetram,
sinal não menos evidente de naturezas retardatárias. As primeiras já creram e
compreenderam; trazem, ao renascerem, a intuição do que souberam: estão com a
educação feita; as segundas tudo têm de aprender: estão com a educação por
fazer. Ela, entretanto, se fará e, se não ficar concluída nesta existência,
ficará em outra. (O Evangelho segundo
Espiritismo, cap. XIX, item 7.)
Algumas
palavras no texto acima foram por nós grafadas em negrito. Não foi sem
propósito. O objetivo: enfatizar, de forma clara mas resumida, o que o
codificador da doutrina espírita escreveu a propósito da fé:
1. A fé não se prescreve, nem se impõe; a fé
se adquire.
2. Em algumas pessoas, as verdades espirituais
dificilmente penetram.
3. Um dia, porém, elas penetrarão.
4. Se isso não ocorrer na presente existência,
ocorrerá em outra.
Reportamo-nos
ao texto kardequiano para oferecer resposta a uma mãe que nos escreveu contando
que seu filho, pré-adolescente, se recusa a ir à Casa Espírita, que ele já
frequentou por algum tempo. Como estuda em um colégio confessional mantido por
uma instituição católica, o jovem tomou contato com os ritos católicos e
prefere, em face disso, professar o Catolicismo.
Que
fazer?
O
principal é respeitar a preferência do filho e não tentar impor-lhe pela força
a aceitação da doutrina que professamos. Tal imposição é um erro que nos faz recordar
os absurdos e os crimes que, em nome da fé, foram cometidos no passado pelos
homens que dirigiam na época os destinos da Igreja.
Como
a fé não se impõe, a solução é confiar e esperar, certos de que o tempo e o
amadurecimento das pessoas conseguem obter coisas que jamais sonharíamos.
Em
seu livro O que é o Espiritismo,
Kardec escreveu:
Àquele que diz: “Eu
creio na autoridade da Igreja e não me afasto dos seus ensinos, sem nada buscar
além dos seus limites”, o Espiritismo responde que não se impõe a pessoa alguma
e que não vem forçar nenhuma convicção. A liberdade de consciência é
consequência da liberdade de pensar, que é um dos atributos do homem; e o
Espiritismo, se não a respeitasse, estaria em contradição com os seus
princípios de liberdade e tolerância. A seus olhos, toda crença, quando sincera
e não permita ao homem fazer mal ao próximo, é respeitável, mesmo que seja
errônea. (O que é o Espiritismo, 3º
diálogo – o Padre.)
Esperamos
que as considerações acima ajudem a leitora a resolver em clima de paz e de
respeito a questão que nos foi apresentada.
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