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domingo, 24 de julho de 2016

Reflexões à luz do Espiritismo



Depois do caos virá a bonança... Será?

Em um grupo de amigos a conversa girava em torno do quadro de beligerância, violência e corrupção que deparamos a todo momento nas páginas dos jornais ou nos noticiários do rádio e da TV.
Um dos amigos dizia: “Estamos vivendo em um mundo de caos; pai mata filho; filho mata mãe; estupros acontecem com frequência... O que será o amanhã? o que acontecerá com os nossos filhos e netos? O que nos espera?”
Tais dúvidas são muito mais comuns do que pensamos, mas, em verdade, o quadro retratado nas palavras do amigo lembra-nos muito bem o que Jesus disse a seus discípulos naquele que é chamado de Sermão Profético, adiante reproduzido:
“E, estando assentado no Monte das Oliveiras, chegaram-se a ele os seus discípulos em particular, dizendo: Dize-nos, quando serão essas coisas, e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo?
E Jesus, respondendo, disse-lhes: Acautelai-vos, que ninguém vos engane; Porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; e enganarão a muitos. E ouvireis falar de guerras e de rumores de guerras; olhai, não vos assusteis, porque é mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o fim. Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá fomes, e pestes, e terremotos, em vários lugares. Mas todas estas coisas são o princípio das dores. Então vos hão de entregar para serdes atormentados, e matar-vos-ão; e sereis odiados de todas as nações por causa do meu nome. Nesse tempo muitos serão escandalizados, e trair-se-ão uns aos outros, e uns aos outros se odiarão. E surgirão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos. E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará. Mas aquele que perseverar até ao fim, esse será salvo. E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim.” (...)
“O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar. Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, mas unicamente meu Pai.” (O Evangelho segundo Mateus, 24:3-36)
Nós, os espíritas, sabemos perfeitamente por que tais coisas ocorrem. A Terra, disse certa vez Emmanuel, é uma “casa em reforma” – e todos sabemos bem o que é uma casa em reforma.
No sermão acima transcrito fica evidente que depois da iniquidade, do escândalo, dos conflitos, o mundo chegará a um momento em que o Evangelho do reino será pregado e exemplificado em todos os lugares. O mundo velho dará então lugar ao chamado Mundo de Regeneração, um tema tão comentado ultimamente no meio espírita.
É claro que, para isso, é necessário primeiro que façamos a nossa parte, uma vez que o planeta não vai melhorar só porque Deus assim o deseja. Não é isso que aprendemos na doutrina espírita.
A Terra vai melhorar, sim, mas nesse processo será indispensável o esforço daqueles que nela habitam, e esse é, sem dúvida, o motivo que levou Jesus a dizer, no tocante ao chamado “final dos tempos”, que quanto a esse dia só Deus sabe, porque não existe uma data – ela depende de uma série de fatores e, sobretudo, da cooperação efetiva de todos nós, cristãos, muçulmanos, judeus ou ateus.
Emmanuel escreveu em uma de suas obras: “Todas as reformas sociais, necessárias em vossos tempos de indecisão espiritual, têm de processar-se sobre a base do Evangelho. Como? – podereis objetar-nos. Pela educação, replicaremos.” (Emmanuel, cap. XXXV, obra psicografada por Chico Xavier.)
A tarefa de iluminação da criatura humana deverá ser feita de pessoa a pessoa, de consciência a consciência, como explicou Gabriel Delanne (Espírito) em oportuna entrevista concedida a André Luiz em agosto de 1965, publicada no livro Entre Irmãos de Outras Terras, obra psicografada por Waldo Vieira e Chico Xavier.
André Luiz estranhou: “De pessoa a pessoa?” E Delanne reafirmou: "Sim, de pessoa a pessoa, de consciência a consciência. A verdade a ninguém atinge através da compulsão. A verdade para a alma é semelhante à alfabetização para o cérebro. Um sábio por mais sábio não consegue aprender a ler por nós".
Diante da resposta de Delanne, André Luiz replicou perguntando se esse processo não seria moroso demais, ao que Delanne respondeu: "Uma obra-prima de arte exige, por vezes, existências e existências para o artista que persegue a condição do gênio. Como acreditar que o esclarecimento ou o aprimoramento do Espírito imortal se faça tão só por afirmações labiais de alguns dias?" (Obra citada, pág. 108.)
Anos antes, Abel Gomes (Espírito) também se havia referido a isso: “Nem todos se retiram na Terra na posição de heróis. A perfeita sublimação é obra dos séculos incessantes”. (Falando à Terra, obra psicografada por Chico Xavier.)
A lição de Gabriel Delanne confirmava, um século depois, o que Allan Kardec havia escrito em 1861: "Se o Espiritismo deve, como foi anunciado, realizar a transformação da humanidade, só poderá fazê-lo pelo melhoramento das massas, o que só se dará gradualmente, pouco a pouco, pelo melhoramento moral dos indivíduos". (O Livro dos Médiuns, cap. 29, item 350.)
No mesmo livro e capítulo, o Codificador registrou: “É para esse fim providencial que devem tender todas as sociedades espíritas sérias". (...) "Essa é a via pela qual nos temos esforçado para levar o Espiritismo. A bandeira que arvoramos bem alto é a do Espiritismo cristão e humanitário..." (O Livro dos Médiuns, cap. 29, item 350.)
Esperamos que as explicações acima tranquilizem o nosso amigo e todos aqueles que, com justa razão, têm dificuldade em compreender como pode a Terra dar lugar, em pleno século 21, a tantos conflitos, a tantas mentiras, a tanta corrupção, a tantas desigualdades, a tantas cenas de desrespeito, preconceito e desumanidade.


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