Olimpíadas e
segurança no Brasil
JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
Começaram
as Olimpíadas no Brasil.(1) Agora, todo o
cuidado do mundo é o da prevenção contra o terrorismo. Se houvesse tanta
cautela assim em tudo o que é necessário para a garantia da segurança e
bem-estar da população brasileira, durante o ano inteiro, nosso país,
certamente estaria entre as nações mais civilizadas do mundo.
Infelizmente,
porém, tais medidas preventivas e recepção de primeiro mundo às delegações e
autoridades estrangeiras e brasileiras são práticas de ocasião e local. Onde
não há competição esportiva, os terroristas nem precisam se preocupar, pois o
cotidiano do nosso povo é conviver com a possibilidade de morrer a todo o
momento. Nem dentro de casa estamos seguros...
As
estatísticas provam que, no Brasil, o número de vítimas de atos de vandalismo, novo nome que o governo
agônico atual dá aos crimes, é tão absurdo que Osama Bin Laden, se vivo fosse,
pediria a seus sequazes que orassem pelo povo brasileiro e não se preocupassem
em provocar ataques terroristas contra nossas instituições, pois isso aqui é
rotineiro...
Por
esses dias, em Natal, mesmo com o reforço das Forças Armadas, os bandidos - se
me permitem usar esse termo arcaico e ofensivo a esses pobres marginais - continuam queimando ônibus e destruindo o
patrimônio da cidade potiguar. Simplesmente porque as autoridades bloquearam os
sinais de celulares dos presidiários.
Em
diversas cidades brasileiras, nos últimos dez anos, mais de mil ônibus foram
queimados...
Lojas
são incendiadas, inocentes são assassinados, mulheres são estupradas e por aí
vai...
Alguns
dias antes do início das Olimpíadas, ocorreu um crime no Rio de Janeiro, em
bairro não contemplado com as medidas de segurança dos locais das competições,
que, em qualquer país civilizado, seria, no mínimo, tratado como um crime
bárbaro. Sou capaz de apostar que a leitora nem sabe a que me refiro. Nossa
alienação é fruto da banalização do crime em terras tupiniquins. Fosse a
assassinada uma socialite e, com
certeza, até a família do criminoso já teria sido identificada e presa.
Pergunta você se o assassino está preso?
—
Fugiu, mas se um cidadão com CPF
informar seu paradeiro à polícia o assassino será preso.
—
Código de pessoa física?
—
Não, crédito com a polícia federal...
Um
motorista de ônibus da Ceilândia, cidade de Brasília, informou-nos que, em
apenas um mês, já foi assaltado sete vezes. No último roubo, ele nem ao menos
estava ao volante. Saiu com o celular recém-comprado na rua, que lhe custou R$
900,00, economia de um ano de trabalho, e, sob a ameaça de um calibre 38, teve
de entregar ao meliante, além do celular, chaves de casa, carteira com algum
dinheiro e identidade.
Após
a divulgação dessa terrível rotina de assaltos, fomos informados pela Imprensa
que, neste ano, tais ocorrências diminuíram vinte por cento. Animador, não é
mesmo, amiga leitora?
Isso
significa que, no próximo mês, nosso amigo motorista será assaltado apenas
cinco vezes... Caso não morra antes e deixe esposa viúva com três ou quatro
filhos, pois pobre não se contenta em ter um ou dois filhos... isso é coisa de
gente rica.
O
povo Iraquiano chega a ter inveja... Só não lhe peça para vir morar nos
subúrbios das grandes cidades brasileiras. Viver no Brasil é conviver com a
insegurança. Terrorismo aqui é coisa corriqueira, preocupação menor... enquanto
não ocorre com “gente grande”.
Ah,
sim, o crime ao qual me referi linhas acima foi o do assassinato, com três
facadas no pescoço, de uma mãe, na frente de sua filhinha de apenas onze anos.
Coisa
trivial por estas bandas...
(1) A crônica acima foi escrita quando
se iniciaram os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, os quais se encerram amanhã,
dia 21.
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