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domingo, 7 de agosto de 2016

Reflexões à luz do Espiritismo



O que a vida começou, a morte continua...

Muitas pessoas perguntam por que uma pessoa toma um gole de bebida e logo a seguir muda a personalidade, as feições e fica agressiva com os amigos. “Dentro da visão espírita, seria o quê?”
Há vários aspectos a considerar quando o assunto é alcoolismo.
No livro Trilhas da Libertação, de Manoel Philomeno de Miranda, psicografado pelo médium Divaldo Franco, o médico desencarnado dr. Carneiro de Campos tece várias considerações sobre o assunto.
Segundo ele, no começo a pessoa pode experimentar euforia e dinamismo motor com o uso dos alcoólicos, perdendo, porém, o controle, o senso crítico e tornando-se inconveniente. À medida que a dependência aumenta e o uso se torna mais frequente, a bebida alcoólica afeta o sistema nervoso, o trato digestivo, o aparelho cardiovascular. As complicações que degeneram em gastrite e cirrose hepática tornam-se inevitáveis, levando à morte, qual sucede no câncer do esôfago e do estômago.
Além disso, do ponto de vista psíquico, o alcoólatra muda completamente o comportamento e suas reações mentais se alteram, começando pelos prejuízos da memória e culminando no delirium tremens, sem retorno ao equilíbrio, que não se dá nem mesmo quando o indivíduo desencarna, visto que, permanecendo vitimado pelos vícios, quase sempre buscará sintonia com personalidades frágeis ou temperamentos rudes, violentos, na Terra, deles se utilizando em processo obsessivo para dar prosseguimento ao infame consumo do álcool, aspirando-lhe agora os vapores e beneficiando-se da ingestão realizada pelo seu parceiro-vítima, que mais rapidamente se exaure.
No meio espírita sabe-se, já faz tempo, da relação que existe entre o consumo de álcool e a obsessão. No capítulo de abertura do livro Diálogo dos Vivos, obra publicada em 1974, Herculano Pires escreveu:
“A obsessão mundial pelo álcool, no plano humano, corresponde a um quadro apavorante de vampirismo no plano espiritual. A medicina atual ainda reluta – e infelizmente nos seus setores mais ligados ao assunto, que são os da psicoterapia – em aceitar a tese espírita da obsessão. Mas as pesquisas parapsicológicas já revelaram, nos maiores centros culturais do mundo, a realidade da obsessão. De Rhine, Wickland, Pratt, nos Estados Unidos, a Soal, Carrington, Price, na Inglaterra, até a outros parapsicólogos materialistas, a descoberta do vampirismo se processou em cadeia. Todos os parapsicólogos verdadeiros, de renome científico e não marcados pela obsessão do sectarismo religioso, proclamam hoje a realidade das influências mentais entre as criaturas humanas, e entre estas e as mentes desencarnadas”.
O fato é de fácil compreensão. A dependência do álcool, como vimos nas explicações do dr. Carneiro de Campos, prossegue além-túmulo e –  não podendo o Espírito obter a bebida no local em que agora reside – ele só consegue satisfazer sua compulsão pela bebida associando-se a um encarnado que beba, o que tem sido confirmado por vários autores, como André Luiz e Cornélio Pires.
Este último, na mesma obra acima citada, disse a um amigo, que o consultou sobre o tema, que “cachaça, meu caro João, recorda simples tomada que liga na obsessão”. E, finalizando sua resposta vazada em versos, reafirmou: “Eis no Além o que se vê, seja a pinga como for, enfeitada ou caipira, é laço de obsessor”.
É possível, portanto, deduzir que o alcoólatra encarnado, além dos efeitos do álcool sobre seu psiquismo, passe a agir sob a influência da entidade vampirizadora, como já foi descrito em mais de uma oportunidade por autores diversos.
Eis, na sequência, um exemplo colhido no livro Nos Domínios da Mediunidade, de André Luiz, psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier.
Em determinada noite, Hilário, André e Aulus, no momento em que se dirigiam a um centro espírita, ouviram enorme gritaria. Dois guardas arrastavam, de um restaurante, um homem maduro em deploráveis condições de embriaguez. O mísero, que esperneava e proferia palavras rudes, achava-se abraçado por uma entidade da sombra, qual se um polvo estranho o absorvesse. Num átimo, a bebedeira alcançou os dois, porquanto eles se justapunham completamente um ao outro, exibindo as mesmas perturbações.
O Assistente Aulus convidou seus pupilos a entrar no restaurante, onde havia muita gente. As emanações do ambiente produziram indefinível mal-estar em André. Junto de fumantes e bebedores inveterados, criaturas desencarnadas de triste feição se demoravam expectantes. Algumas sorviam as baforadas de fumo arremessadas ao ar, ainda aquecidas pelo calor dos pulmões que as expulsavam, encontrando nisso alegria e alimento. Outras aspiravam o hálito de alcoólatras impenitentes.
Indicando essas entidades, Aulus explicou que muitos irmãos já desvencilhados do vaso carnal se apegam com tamanho desvario às sensações da experiência física, que se cosem aos amigos encarnados temporariamente desequilibrados nos costumes desagradáveis por que se deixam influenciar.
Hilário estranhou por que Espíritos mergulham em prazeres dessa espécie. Aulus lhe respondeu:
"Hilário, o que a vida começou, a morte continua... Esses nossos companheiros situaram a mente nos apetites mais baixos do mundo, alimentando-se com um tipo de emoções que os localiza na vizinhança da animalidade. Não obstante haverem frequentado santuários religiosos, não se preocuparam em atender aos princípios da fé que abraçaram, acreditando que a existência devia ser para eles o culto de satisfações menos dignas, com a exaltação dos mais astuciosos e dos mais fortes. O chamamento da morte encontrou-os na esfera de impressões delituosas e escuras e, como é da Lei que cada alma receba da vida de conformidade com aquilo que dá, não encontram interesse senão nos lugares onde podem nutrir as ilusões que lhes são peculiares, porquanto, na posição em que se veem, temem a verdade e abominam-na, procedendo como a coruja que foge à luz". (Nos Domínios da Mediunidade, cap. 15, págs. 137 a 139.)
Acreditamos que as informações acima podem fornecer aos interessados a resposta à pergunta a que nos reportamos no preâmbulo deste artigo.


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