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domingo, 21 de agosto de 2016

Reflexões à luz do Espiritismo



No tocante ao alcoolismo, como agem os Espíritos

Reportando-se ao artigo aqui publicado no dia 7 de agosto a respeito dos efeitos do alcoolismo, um leitor pergunta-nos como age um Espírito para que alguém seja induzido a beber e, no caso do tratamento do alcoolismo, que medidas os espíritas recomendam. Quem não leu o artigo a que nos referimos, pode acessá-lo clicando neste link: http://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2016/08/reflexoes-luz-do-espiritismo.html
A melhor descrição a respeito da ação de um alcoólatra desencarnado sobre uma pessoa que também bebe é-nos dada por André Luiz no capítulo VI, págs. 51 a 55, do livro Sexo e Destino, obra mediúnica psicografada pelos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.
Assim relata André Luiz, em seu livro acima citado, o caso Cláudio Nogueira:
Estando Cláudio sentado na sala de seu apartamento, aconteceu de repente o imprevisto. Dois Espíritos vistos à entrada do apartamento penetraram a sala e, agindo sem-cerimônia, abordaram o chefe da casa. "Beber, meu caro, quero beber!", gritou um deles, tateando-lhe um dos ombros. Cláudio mantinha-se atento à leitura de um jornal e nada ouviu. Contudo, se não possuía tímpanos físicos para registrar a petição, trazia na cabeça a caixa acústica da mente sintonizada com o apelante. O Espírito repetiu, pois, a solicitação, algumas vezes, na atitude do hipnotizador que insufla o próprio desejo, reafirmando uma ordem. O resultado não demorou. Viu-se o paciente desviar-se do jornal e deixar-se envolver pelo desejo de beber um trago de uísque, convicto de que buscava a bebida exclusivamente por si.
Abrigando a sugestão, o pensamento de Cláudio transmudou-se, rápido: "Beber, beber!...", e a sede de álcool se lhe articulou na ideia, ganhando forma. A mucosa pituitária se lhe aguçou, como que mais fortemente impregnada do cheiro acre que vagueava no ar. O Espírito malicioso coçou-lhe brandamente os gorgomilos e, ato contínuo, indefinível secura lhe veio à garganta. O Espírito, sagaz, percebeu-lhe, então, a adesão tácita e colou-se a ele. De começo, a carícia leve; depois da carícia, o abraço envolvente; e depois do abraço, a associação recíproca. Integraram-se ambos em exótico sucesso de enxertia fluídica.
Produziu-se ali – refere André Luiz – algo semelhante ao encaixe perfeito. Cláudio-homem absorvia o desencarnado, à guisa de sapato que se ajusta ao pé. Fundiram-se os dois, como se morassem num só corpo. Altura idêntica. Volume igual. Movimentos sincrônicos. Identificação positiva. Levantaram-se a um tempo e giraram integralmente incorporados um ao outro, na área estreita, arrebatando o frasco de uísque.
Não se podia dizer a quem atribuir o impulso inicial de semelhante gesto, se a Cláudio que admitia a instigação, ou se ao obsessor que a propunha. A talagada rolou através da garganta, que se exprimia por dualidade singular: ambos os dipsômanos estalaram a língua de prazer, em ação simultânea.
Desmanchou-se então a parelha e Cláudio se dispunha a sentar, quando o outro Espírito investiu sobre ele e protestou: "eu também, eu também quero!", reavivando-se no encarnado a sugestão que esmorecia. Absolutamente passivo diante da sugestão, Cláudio reconstituiu, mecanicamente, a impressão de insaciedade. Bastou isso e o vampiro, sorridente, apossou-se dele, repetindo-se o fenômeno visto anteriormente.
André Luiz aproximou-se então de Cláudio, para avaliar até que ponto ele sofria mentalmente aquele processo de fusão. Mas ele continuava livre, no íntimo, e não experimentava qualquer espécie de tortura, a fim de render-se. Hospedava o outro simplesmente; aceitava-lhe a direção; entregava-se por deliberação própria. Nenhuma simbiose em que fosse a vítima. A associação era implícita, a mistura era natural. Efetuava-se a ocorrência na base da percussão. Apelo e resposta. Eram cordas afinadas no mesmo tom.
Após novo trago, o dono da casa estirou-se no divã e retomou a leitura, enquanto os Espíritos voltaram ao corredor de acesso, chasqueando, sarcásticos.
Concluindo, não podemos deixar de enfatizar que o indivíduo citado (Cláudio Nogueira) acabara de beber, candidamente, dois tragos de uísque sem perceber – muito menos imaginar – que alguém, invisível aos seus olhos, bebia com ele.
Quanto ao tratamento do alcoolismo, dada a extensão e relevância do assunto, o tema será examinado neste blog no próximo domingo.


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