No tocante ao
alcoolismo, como agem os Espíritos
Reportando-se
ao artigo aqui publicado no dia 7 de agosto a respeito dos efeitos do
alcoolismo, um leitor pergunta-nos como age um Espírito para que alguém seja
induzido a beber e, no caso do tratamento do alcoolismo, que medidas os
espíritas recomendam. Quem não leu o artigo a que nos referimos, pode acessá-lo
clicando neste link: http://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2016/08/reflexoes-luz-do-espiritismo.html
A
melhor descrição a respeito da ação de um alcoólatra desencarnado sobre uma
pessoa que também bebe é-nos dada por André Luiz no capítulo VI, págs. 51 a 55,
do livro Sexo e Destino, obra
mediúnica psicografada pelos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.
Assim
relata André Luiz, em seu livro acima citado, o caso Cláudio Nogueira:
Estando Cláudio
sentado na sala de seu apartamento, aconteceu de repente o imprevisto. Dois
Espíritos vistos à entrada do apartamento penetraram a sala e, agindo sem-cerimônia,
abordaram o chefe da casa. "Beber, meu caro, quero beber!", gritou um
deles, tateando-lhe um dos ombros. Cláudio mantinha-se atento à leitura de um
jornal e nada ouviu. Contudo, se não possuía tímpanos físicos para registrar a
petição, trazia na cabeça a caixa acústica da mente sintonizada com o apelante.
O Espírito repetiu, pois, a solicitação, algumas vezes, na atitude do
hipnotizador que insufla o próprio desejo, reafirmando uma ordem. O resultado
não demorou. Viu-se o paciente desviar-se do jornal e deixar-se envolver pelo
desejo de beber um trago de uísque, convicto de que buscava a bebida
exclusivamente por si.
Abrigando a
sugestão, o pensamento de Cláudio transmudou-se, rápido: "Beber,
beber!...", e a sede de álcool se lhe articulou na ideia, ganhando forma.
A mucosa pituitária se lhe aguçou, como que mais fortemente impregnada do
cheiro acre que vagueava no ar. O Espírito malicioso coçou-lhe brandamente os
gorgomilos e, ato contínuo, indefinível secura lhe veio à garganta. O Espírito,
sagaz, percebeu-lhe, então, a adesão tácita e colou-se a ele. De começo, a
carícia leve; depois da carícia, o abraço envolvente; e depois do abraço, a
associação recíproca. Integraram-se ambos em exótico sucesso de enxertia
fluídica.
Produziu-se
ali – refere André Luiz – algo semelhante ao encaixe perfeito. Cláudio-homem
absorvia o desencarnado, à guisa de sapato que se ajusta ao pé. Fundiram-se os
dois, como se morassem num só corpo. Altura idêntica. Volume igual. Movimentos
sincrônicos. Identificação positiva. Levantaram-se a um tempo e giraram
integralmente incorporados um ao outro, na área estreita, arrebatando o frasco
de uísque.
Não
se podia dizer a quem atribuir o impulso inicial de semelhante gesto, se a
Cláudio que admitia a instigação, ou se ao obsessor que a propunha. A talagada
rolou através da garganta, que se exprimia por dualidade singular: ambos os
dipsômanos estalaram a língua de prazer, em ação simultânea.
Desmanchou-se
então a parelha e Cláudio se dispunha a sentar, quando o outro Espírito
investiu sobre ele e protestou: "eu também, eu também quero!",
reavivando-se no encarnado a sugestão que esmorecia. Absolutamente passivo
diante da sugestão, Cláudio reconstituiu, mecanicamente, a impressão de
insaciedade. Bastou isso e o vampiro, sorridente, apossou-se dele, repetindo-se
o fenômeno visto anteriormente.
André
Luiz aproximou-se então de Cláudio, para avaliar até que ponto ele sofria
mentalmente aquele processo de fusão. Mas ele continuava livre, no íntimo, e
não experimentava qualquer espécie de tortura, a fim de render-se. Hospedava o
outro simplesmente; aceitava-lhe a direção; entregava-se por deliberação
própria. Nenhuma simbiose em que fosse a vítima. A associação era implícita, a
mistura era natural. Efetuava-se a ocorrência na base da percussão. Apelo e
resposta. Eram cordas afinadas no mesmo tom.
Após
novo trago, o dono da casa estirou-se no divã e retomou a leitura, enquanto os
Espíritos voltaram ao corredor de acesso, chasqueando, sarcásticos.
Concluindo,
não podemos deixar de enfatizar que o indivíduo citado (Cláudio Nogueira)
acabara de beber, candidamente, dois tragos de uísque sem perceber – muito
menos imaginar – que alguém, invisível aos seus olhos, bebia com ele.
Quanto
ao tratamento do alcoolismo, dada a extensão e relevância do assunto, o tema
será examinado neste blog no próximo domingo.
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