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domingo, 4 de setembro de 2016

Reflexões à luz do Espiritismo



Nas questões de saúde, a fé do enfermo é essencial. Por que será?

Que a fé do enfermo é essencial à eficácia da ação magnética curadora, todos nós que militamos nas lides espíritas sabemos. O estado de confiança que advém da fé é realmente indispensável.
Por que isso se dá? O que os instrutores desencarnados dizem sobre o assunto?
André Luiz reportou-se a isso em seu livro Nos Domínios da Mediunidade, cap. 17, quando reparou que no serviço do passe alguns enfermos não obtinham a mais leve melhoria, visto que as irradiações magnéticas não lhes penetravam o veículo orgânico.
Consultado a respeito, o Assistente Aulus explicou: “Falta-lhes o estado de confiança”. A fé é, nesses casos, indispensável, completou o instrutor. “Em fotografia precisamos da chapa impressionável para deter a imagem, tanto quanto em eletricidade carecemos do fio sensível para a transmissão da luz. No terreno das vantagens espirituais, é imprescindível que o candidato apresente uma certa tensão favorável. Essa tensão decorre da fé.”
Aulus referia-se, evidentemente, à fé, não como crença cega, mas como atitude de segurança íntima, reverente e submissa, diante das Leis Divinas, em cuja sabedoria e amor procuramos arrimo.
Fechando a explicação, ele arrematou: “Sem recolhimento e respeito na receptividade, não conseguimos fixar os recursos imponderáveis que funcionam em nosso favor, porque o escárnio e a dureza de coração podem ser comparados a espessas camadas de gelo sobre o templo da alma.” (Nos Domínios da Mediunidade, cap. 17, pp. 166 a 168.)
A relevância da fé em casos semelhantes é destacada por Allan Kardec no livro A Gênese, cap. XV, quando examinou a cura, feita por Jesus, de uma mulher que por doze anos sofria de uma hemorragia e, sem lograr nenhum alívio, muito sofrera nas mãos dos médicos. Ao tocar nas vestes de Jesus, o fluxo sanguíneo cessou de repente e ela sentiu em seu corpo que estava curada daquela enfermidade.
Naquele momento, sentindo que saíra de si uma virtude, Jesus, voltando-se no meio da multidão, indagou: “Quem me tocou as vestes?” A mulher, que sabia o que se passara em si, tomada de medo e pavor, lançou-se a seus pés e lhe declarou toda a verdade. Jesus então lhe disse: “Minha filha, tua fé te salvou; vai em paz e fica curada da tua enfermidade”.
É de notar – afirma Kardec – que o efeito não foi provocado por nenhum ato da vontade de Jesus; não houve naquele caso magnetização nem imposição das mãos. Bastou a irradiação fluídica normal, a ele pertinente, para realizar a cura.
Mas, por que a irradiação se dirigiu para aquela mulher e não para outras pessoas, uma vez que Jesus não pensava nela e tinha a cercá-lo a multidão?
Explica Kardec:

“É bem simples a razão. Considerado como matéria terapêutica, o fluido tem que atingir a matéria orgânica, a fim de repará-la; pode então ser dirigido sobre o mal pela vontade do curador, ou atraído pelo desejo ardente, pela confiança, numa palavra: pela fé do doente. Com relação à corrente fluídica, o primeiro age como uma bomba calcante e o segundo como uma bomba aspirante. Algumas vezes, é necessária a simultaneidade das duas ações; doutras, basta uma só. O segundo caso foi o que ocorreu na circunstância de que tratamos. Razão, pois, tinha Jesus para dizer: Tua fé te salvou”. (A Gênese, cap. XV, itens 10 e 11.)

Vê-se pelas informações acima que a participação da fé em processos como os descritos é muito mais importante do que, a princípio, poderíamos imaginar.


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