Nas
questões de saúde, a fé do enfermo é essencial. Por que será?
Que a fé do enfermo
é essencial à eficácia da ação magnética curadora, todos nós que militamos nas
lides espíritas sabemos. O estado de confiança que advém da fé é realmente
indispensável.
Por que isso se dá? O
que os instrutores desencarnados dizem sobre o assunto?
André Luiz reportou-se
a isso em seu livro Nos Domínios da
Mediunidade, cap. 17, quando reparou que no serviço do passe alguns
enfermos não obtinham a mais leve melhoria, visto que as irradiações magnéticas
não lhes penetravam o veículo orgânico.
Consultado a
respeito, o Assistente Aulus explicou: “Falta-lhes o estado de confiança”. A fé
é, nesses casos, indispensável, completou o instrutor. “Em fotografia
precisamos da chapa impressionável para deter a imagem, tanto quanto em
eletricidade carecemos do fio sensível para a transmissão da luz. No terreno
das vantagens espirituais, é imprescindível que o candidato apresente uma certa
tensão favorável. Essa tensão decorre da fé.”
Aulus referia-se,
evidentemente, à fé, não como crença cega, mas como atitude de segurança
íntima, reverente e submissa, diante das Leis Divinas, em cuja sabedoria e amor
procuramos arrimo.
Fechando a
explicação, ele arrematou: “Sem recolhimento e respeito na receptividade, não
conseguimos fixar os recursos imponderáveis que funcionam em nosso favor,
porque o escárnio e a dureza de coração podem ser comparados a espessas camadas
de gelo sobre o templo da alma.” (Nos
Domínios da Mediunidade, cap. 17, pp. 166 a 168.)
A relevância da fé
em casos semelhantes é destacada por Allan Kardec no livro A Gênese, cap. XV, quando examinou a cura, feita por Jesus, de uma
mulher que por doze anos sofria de uma hemorragia e, sem lograr nenhum alívio,
muito sofrera nas mãos dos médicos. Ao tocar nas vestes de Jesus, o fluxo
sanguíneo cessou de repente e ela sentiu em seu corpo que estava curada daquela
enfermidade.
Naquele momento,
sentindo que saíra de si uma virtude, Jesus, voltando-se no meio da multidão,
indagou: “Quem me tocou as vestes?” A mulher, que sabia o que se passara em si,
tomada de medo e pavor, lançou-se a seus pés e lhe declarou toda a verdade.
Jesus então lhe disse: “Minha filha, tua fé te salvou; vai em paz e fica curada
da tua enfermidade”.
É de notar – afirma
Kardec – que o efeito não foi provocado por nenhum ato da vontade de Jesus; não
houve naquele caso magnetização nem imposição das mãos. Bastou a irradiação
fluídica normal, a ele pertinente, para realizar a cura.
Mas, por que a
irradiação se dirigiu para aquela mulher e não para outras pessoas, uma vez que
Jesus não pensava nela e tinha a cercá-lo a multidão?
Explica Kardec:
“É bem simples a
razão. Considerado como matéria terapêutica, o fluido tem que atingir a matéria
orgânica, a fim de repará-la; pode então ser dirigido sobre o mal pela vontade
do curador, ou atraído pelo desejo ardente, pela confiança, numa palavra: pela
fé do doente. Com relação à corrente fluídica, o primeiro age como uma bomba
calcante e o segundo como uma bomba aspirante. Algumas vezes, é necessária a
simultaneidade das duas ações; doutras, basta uma só. O segundo caso foi o que
ocorreu na circunstância de que tratamos. Razão, pois, tinha Jesus para dizer:
Tua fé te salvou”. (A Gênese, cap. XV,
itens 10 e 11.)
Vê-se pelas
informações acima que a participação da fé em processos como os descritos é
muito mais importante do que, a princípio, poderíamos imaginar.
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