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domingo, 25 de setembro de 2016

Reflexões à luz do Espiritismo



O futuro não está sujeito ao acaso nem a uma cega fatalidade

É correto o pensamento de que o futuro a Deus pertence?
Sim, é isso que deduzimos dos ensinamentos espíritas.
Somos os construtores do nosso próprio destino, isto é, nossa caminhada rumo à meta para a qual fomos criados depende de nossos esforços, de nossa dedicação, do empenho com que a ela nos dirigimos. Mas ignoramos, quando estamos encarnados, o que nos acontecerá na atual existência e nas próximas, visto que o conhecimento do futuro não está ao nosso alcance.
A doutrina espírita trata com clareza essa questão.
Vejamos o que, a respeito do assunto, está consignado em O Livro dos Espíritos, que é, como se sabe, a principal obra da doutrina espírita:
Pode o futuro ser revelado ao homem?
“Em princípio, o futuro lhe é oculto e só em casos raros e excepcionais permite Deus que seja revelado.” (L.E., 868)
Com que fim o futuro se conserva oculto ao homem? 
“Se o homem conhecesse o futuro, negligenciaria do presente e não obraria com a liberdade com que o faz, porque o dominaria a ideia de que, se uma coisa tem que acontecer, inútil será ocupar-se com ela, ou então procuraria obstar a que acontecesse. Não quis Deus que assim fosse, a fim de que cada um concorra para a realização das coisas, até daquelas a que desejaria opor-se. Assim é que tu mesmo preparas muitas vezes os acontecimentos que hão de sobrevir no curso da tua existência.” (L.E., 869)
Mas, se convém que o futuro permaneça oculto, por que permite Deus que ele seja revelado algumas vezes?
“Permite-o, quando o conhecimento prévio do futuro facilite a execução de uma coisa, em vez de a estorvar, obrigando o homem a agir diversamente do modo por que agiria, se lhe não fosse feita a revelação. Não raro, também é uma prova. A perspectiva de um acontecimento pode sugerir pensamentos mais ou menos bons. Se um homem vem a saber, por exemplo, que vai receber uma herança, com que não conta, pode dar-se que a revelação desse fato desperte nele o sentimento da cobiça, pela perspectiva de se lhe tornarem possíveis maiores gozos terrenos, pela ânsia de possuir mais depressa a herança, desejando talvez, para que tal se dê, a morte daquele de quem herdará. Ou, então, essa perspectiva lhe inspirará bons sentimentos e pensamentos generosos. Se a predição não se cumpre, aí está outra prova, consistente na maneira por que suportará a decepção. Nem por isso, entretanto, lhe caberá menos o mérito ou o demérito dos pensamentos bons ou maus que a crença na ocorrência daquele fato lhe fez nascer no intimo.” (L.E., 870)
A restrição ao conhecimento do futuro, claramente explicada nas questões precedentes, é reafirmada por Emmanuel no livro O Consolador, obra psicografada por Chico Xavier, na qual o conhecido instrutor espiritual diz:
“Os Espíritos de nossa esfera não podem devassar o futuro, considerando essa atividade uma característica dos atributos do Criador Supremo, que é Deus. Temos de considerar, todavia, que as existências humanas estão subordinadas a um mapa de provas gerais, onde a personalidade deve movimentar-se com o seu esforço para a iluminação do porvir, e, dentro desse roteiro, os mentores espirituais mais elevados podem organizar os fatos premonitórios, quando convenham as demonstrações de que o homem não se resume a um conglomerado de elementos químicos, de conformidade com a definição do materialismo dissolvente”. (O Consolador, pergunta 144.)
Segundo o que Allan Kardec ensina no cap. XVI, itens 7 a 10, do livro A Gênese, a extensão das faculdades perceptivas dos Espíritos depende da efetiva elevação deles. Essa faculdade é inerente ao seu estado de espiritualização ou desmaterialização. Quer isto dizer que a espiritualização produz um efeito que se pode comparar, se bem muito imperfeitamente, ao da visão de conjunto que tem o homem colocado sobre a montanha, capaz de ver de forma mais ampla do que aquele que esteja na planície.
No mesmo livro e capítulo Allan Kardec transmite-nos, nos itens 12 a 15, duas informações muito importantes para que possamos compreender melhor a questão em análise:
1ª. As mais das vezes, os acontecimentos vulgares da vida privada são consequência da maneira de proceder de cada um, de modo que se pode dizer que cada um é o artífice do seu próprio futuro, futuro que jamais se encontra sujeito a uma cega fatalidade.
2ª. Os acontecimentos que envolvem interesses gerais da Humanidade têm a regulá-los a Providência. Quando uma coisa está nos desígnios de Deus, ela se cumpre a despeito de tudo, ou por um meio, ou por outro. Os homens concorrem para que ela se execute; nenhum, porém, é indispensável, pois, do contrário, Deus estaria à mercê de suas criaturas. Se faltar aquele a quem incumba a missão de a executar, outro será dela encarregado. Não há missão fatal; o homem tem sempre a liberdade de cumprir ou não a que lhe foi confiada e que ele voluntariamente aceitou.
Em face do exposto, não é difícil compreender que o futuro a Deus pertence, embora exerçamos na sua construção um papel importante, fruto das ações ou omissões que marcarem a nossa caminhada rumo à perfeição.



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