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domingo, 23 de outubro de 2016

Reflexões à luz do Espiritismo



Aos olhos de Deus, somos todos importantes

A expansão da logoterapia nos dias que correm é mais um dado que mostra não estar muito distante o momento em que se dará na Terra a aliança entre a Ciência e a Religião, um fato antevisto por Allan Kardec, que escreveu em 1864 que são chegados os tempos em que a Ciência, deixando de ser exclusivamente materialista e levando também em conta o elemento espiritual, e a Religião, deixando de ignorar as leis orgânicas e imutáveis da matéria, como duas forças que são, apoiando-se uma na outra e marchando combinadas, prestar-se-ão mútuo concurso.(1)
Sistema teórico-prático de psicologia criado pelo médico psiquiatra vienense Viktor Frankl, a logoterapia tornou-se mundialmente conhecida a partir do livro Em Busca de Sentido (Um Psicólogo no Campo de Concentração), em que Frankl expôs suas experiências nas prisões nazistas e lançou as bases do seu pensamento. De acordo com Allport, "trata–se do movimento psicológico mais importante de nossos dias".
Embora desenvolvida quando Frankl se encontrava preso em um campo de concentração, ela só foi divulgada em 1949. Ignorada por boa parte dos psicólogos brasileiros, trata-se, no entanto, de uma das três escolas da psicoterapia reconhecidas cientificamente que se caracteriza por imprimir ideias mais humanistas à psicologia, ideias essas que combinam, pela primeira vez na psicologia, espiritualidade, religião e psicoterapia.
Segundo alguns estudiosos, a logoterapia, diferentemente da escola freudiana, baseia sua atuação não no inconsciente do indivíduo, mas na possibilidade de sua transcendência espiritual e do encontro de um sentido para a vida.
Essa necessidade de se encontrar um sentido para a vida constitui a base da filosofia e da metodologia terapêutica propostas por Viktor Frankl. E ela tem-se mostrado eficiente na cura das chamadas neuroses coletivas, como a solidão, a agressividade e a depressão.
As ideias de Frankl estão mais próximas dos ensinamentos espíritas do que se pode imaginar, uma vez que o Espiritismo define com clareza qual o sentido de nossa presença na Terra – ou, como queiram, o sentido da vida –, assunto tratado na questão 132 d´O Livro dos Espíritos, adiante transcrita:

Qual o objetivo da encarnação dos Espíritos?
“Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns, é expiação; para outros, missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudes da existência corporal: nisso é que está a expiação. Visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação. Para executá-la é que, em cada mundo, toma o Espírito um instrumento, de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. É assim que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta.” (L.E., 132)

Comentando o ensinamento, Allan Kardec explica que a ação do homem é necessária à marcha do Universo. Deus, porém, na sua sabedoria, quis que nessa mesma ação encontrássemos um meio de progredir e de nos aproximar dele.
Assim é que, por uma admirável lei da Providência, tudo se encadeia, tudo é solidário na Natureza e ninguém pode alegar que sua presença e seu papel no mundo não têm importância ante as vistas do Criador, visto que, aos olhos do Pai, somos todos importantes.

(1) O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. I, item 8.



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