As crianças e seus
amigos imaginários
Tema central do
filme O Amigo Oculto, estrelado por
Robert De Niro, as crianças realmente se entretêm com amigos imaginários?
No filme, De Niro
vive o personagem David Callaway, que havia enviuvado recentemente e vivia,
naquele momento, somente com sua filha Emily, de 9 anos. Emily tinha um amigo
imaginário chamado Charlie, com quem costumava brincar de esconde-esconde.
Conforme depoimento
de diversos psicólogos, as crianças se entretêm realmente com os chamados
amigos imaginários, e o percentual dos casos apurados em todo o mundo revela
que o fato é mais comum do que se pensa, ou seja, não é uma ou outra criança
que diz conversar com amigos que ninguém vê. Seu número seria muito grande.
A questão que se
impõe é, portanto, outra: – Os amigos supostamente imaginários são fruto da
imaginação infantil ou seres reais que os adultos não veem, mas que as crianças
veem e com elas conversam, como fazem os amiguinhos encarnados?
A vidência
mediúnica, que Allan Kardec estudou em minúcias nos itens 100 e 190 de O Livro dos Médiuns, é assunto pacífico
no campo da fenomenologia espírita.
Essa faculdade, que
depende da organização física do médium, permite a este ver os Espíritos em
estado de vigília, ou seja, estando o sensitivo perfeitamente acordado. Como os
fenômenos mediúnicos não ocorrem à revelia das autoridades espirituais
superiores, é claro que há Espíritos que se deixam ver e há outros que não são
vistos, o que não significa que estejamos sós, porquanto os desencarnados
habitualmente nos rodeiam.
A existência da
mediunidade de vidência, informam os Espíritos, foi a primeira de todas as
faculdades dadas ao homem para se corresponder com o mundo invisível. Em todos
os tempos e em todos os povos, as crenças religiosas se estabeleceram sobre
revelações de visionários ou médiuns videntes. Na Revista Espírita de 1866, págs. 120 a 123, Allan Kardec trata do
assunto.
Um fato de vidência
numa criança de quatro anos, verificado em Caen, levou Kardec a reconhecer que
a mediunidade de vidência não apenas parecia, mas era, efetivamente, muito
comum nas crianças, e isso, segundo o Codificador, não deixava de ser
providencial. “Ao sair da vida espiritual, diz Kardec, os guias da criança acabam
de a conduzir ao porto de desembarque para o mundo terreno, como vêm buscá-la
em seu retorno. A elas se mostram nos primeiros tempos, para que não haja
transição muito brusca; depois se apagam pouco a pouco, à medida que a criança
cresce e pode agir em virtude de seu livre-arbítrio.” (Cf. Revista Espírita de 1866, pp. 286 e 287.)
Ninguém, pois, se
assuste quando vir que seu filho anda a conversar com “amigos” que ele diz ver
e que, no entanto, não vemos.
Até os sete anos de
idade, o Espírito da criança encontra-se em fase de adaptação para a nova
existência e ainda não existe uma integração perfeita entre ele e a matéria
orgânica, fato que lhe permite emancipar-se e, eventualmente, ver vultos
desencarnados que lhe fazem companhia, o que nos permite deduzir que os amigos
imaginários das nossas crianças só o são na aparência. Eles não são
imaginários, mas apenas invisíveis.
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