Como entender tragédias como a que
atingiu a Chapecoense
Um avião que levava
a delegação da Chapecoense para Medellín, na Colômbia, caiu na madrugada da
última terça-feira (dia 29 de novembro) a poucos quilômetros da cidade
colombiana.
Encerradas as
operações de busca e resgate, o Diretor Geral da Unidade Nacional para Gestão
de Risco e Desastres colombiana, Carlos Iván Márquez Pérez, divulgou o
resultado final do acidente: 6 feridos e 71 mortos.
Publicamos no mesmo
dia numa rede social a seguinte nota que suscitou manifestações de leitores de
vários lugares de nosso país e também do exterior:
“O mundo do esporte
está de luto em face do lamentável acidente que vitimou o time da Chapecoense,
todos os componentes da delegação do mesmo clube, cerca de 21 jornalistas
esportivos e quase toda a tripulação. (...)
Como apreciador do
futebol e admirador do simpático clube de Chapecó, não poderíamos deixar de
registrar aqui as nossas condolências às famílias enlutadas e enviar as nossas
vibrações a todos aqueles que partiram para o plano espiritual, onde, com toda
a certeza, em breve tempo retomarão as atividades que interromperam,
momentaneamente, quando vieram para darem cumprimento à sua atual programação reencarnatória.
Morrem os corpos, as
almas sobrevivem!
Este é o consolo de
todos os que, como nós, acreditam que a morte não é o fim da vida, mas apenas o
final de uma etapa, dentre as muitas que tivemos e teremos ao longo dos
milênios.
Que Deus proteja e
ampare a todos os que foram diretamente ou indiretamente atingidos pelo triste
acontecimento.”
A repercussão e a
perplexidade pertinentes à tragédia atingiram, como todos sabem, o mundo todo,
e não apenas os que apreciam futebol. Acidentes ocorrem todos os dias e,
obviamente, todos os dias morrem pessoas. O que causa um choque maior em
episódios como o da Chapecoense é a forma como se dão, o número grande de
vítimas e as circunstâncias que os envolvem.
Ainda está na
memória dos brasileiros, e sobretudo na
memória das pessoas direta e indiretamente atingidas, a triste tragédia
ocorrida na cidade de Santa Maria (RS), na madrugada do dia 27 de janeiro de
2013, em que um incêndio na boate Kiss ocasionou a morte de 242 pessoas, quase
todas jovens como os atletas do simpático time de Chapecó.
Publicamos naquele
mesmo dia em nosso blog o texto abaixo reproduzido:
O incêndio em Santa Maria
Somente no final da
tarde é que soubemos, por meio de nossa esposa, o que havia acontecido na
madrugada deste domingo na aprazível cidade gaúcha de Santa Maria, terra de
nosso amigo e irmão Teltz Cardoso Farias.
Diante de
acontecimentos assim, o que nos cabe fazer é somente orar por todas as pessoas
atingidas por essa provação tão dura, não só pelos irmãos e irmãs que partiram
para a vida espiritual, mas igualmente pelos familiares e amigos que aqui
prosseguem em sua marcha.
Sabemos que a perda
de um ente querido sempre foi, e certamente continuará sendo, um dos momentos
mais tristes em nossa passagem pela experiência reencarnatória. Se, porém, algo
possa servir de consolo, recordemos uma velha lição que nos vem desde Jesus, ou
seja, que a morte não é o capítulo final de uma vida, porque esta prossegue
sempre, ninguém morre, somos realmente imortais.
Os episódios de
Santa Maria nos levaram a recordar, de modo automático, o incêndio do edifício
Joelma, ocorrido no dia 1º de fevereiro de 1974 na capital paulista.
Aqueles momentos
tristes, que a televisão mostrou ao vivo para vários Estados brasileiros,
também comoveram, como a tragédia de Santa Maria, o País inteiro.
Chico Xavier, no
livro Diálogo dos Vivos, publicado no
início de 1974, disse que, tão logo a notícia do incêndio lhe chegou pelo
rádio, ele e mais três amigos se reuniram solicitando auxílio dos Benfeitores
Espirituais para as vítimas do aflitivo acidente. Emmanuel, o Benfeitor
Espiritual sempre atento, ali compareceu e escreveu uma linda prece, que abaixo
transcrevemos, esperando que estas palavras sirvam de consolo aos nossos irmãos
de Santa Maria:
“Senhor Jesus
Auxilia-nos, perante
os companheiros impelidos à desencarnação violenta, por força das provas
redentoras.
Sabemos que nós
mesmos, antes do berço terrestre, suplicamos das Leis Divinas as medidas que
nos atendam às exigências do refazimento espiritual. Entretanto, Senhor, tão
encharcados de lágrimas se nos revelam, por vezes, os caminhos do mundo, que
nada mais conseguimos realizar, nesses instantes, senão pedir-te socorro para
atravessá-los de ânimo firme.
Resguarda em tua
assistência compassiva todos os nossos irmãos surpreendidos pela morte, em
plena floração de trabalho e de esperança e acende-lhes nos corações, aturdidos
de espanto e retalhados de sofrimento, a luz divina da imortalidade oculta
neles próprios, a fim de que a mente se lhes distancie do quadro de agonia ou
desespero, transferindo-se para a visão da vida imperecível.
Não ignoramos que
colocas o lenitivo da misericórdia sobre todos os processos da justiça, mas
tocados pela dor dos corações que ficam na Terra – tantos deles tateando a
lousa ou investigando o silêncio, entre o pranto e o vazio – aqui estamos a
rogar-te alívio e proteção para cada um!...
Dá-lhes a saber, em
qualquer recanto de fé ou pensamento a que se acolham, que é preciso nos
levantemos de nossas próprias inquietações e perplexidades, a cada dia, para
continuar e recomeçar, sustentar e valorizar as lutas de nossa evolução e
aperfeiçoamento, no uso da Vida Maior que a todos nos aguarda, nos planos da
União Sem Adeus.
E, enquanto o buril
da provação esculpe na pedra de nossas dificuldades, conquanto as nossas
lágrimas, novas formas de equilíbrio e rearmonização, embelezamento e
progresso, engrandece em teu amor aqueles que entrelaçam providências no amparo
aos companheiros ilhados na angústia. Agradecemos, ainda, a compreensão e a
bondade que nos concedes em todos os irmãos nossos que estendem os braços,
cooperando na extinção das chamas da morte; que oferecem o próprio sangue aos
que desfalecem de exaustão; que umedecem com o bálsamo de leite e da água pura
os lábios e as gargantas ressequidas que emergem do tumulto de cinza e sombra;
que socorrem os feridos e mutilados para que se restaurem; e os que pronunciam
palavras de entendimento e paz, amor e esperança, extinguindo a violência no
nascedouro!...
Senhor Jesus!...
Confiamos em ti e,
ao entregarmo-nos em Tuas mãos, ensina-nos a reconhecer que fazes o melhor ou
permites se faça constantemente o melhor em nós e por nós, hoje e sempre”. (Emmanuel)
*
Os acontecimentos do
edifício Joelma suscitaram, além da oração acima, dois sonetos recebidos por
Francisco Cândido Xavier, de autoria dos poetas Cyro Costa e Cornélio Pires.
Em ambos os poemas
os autores lembraram que, apesar do sofrimento, da angústia, das cinzas aqui em
nosso plano, os Benfeitores e amigos espirituais recebiam com hinos de vitória
aqueles que dessa forma regressavam à verdadeira pátria, que a todos nos
aguarda.
Eis como Cornélio
Pires se referiu ao assunto:
Incêndio em São Paulo
Céu de São Paulo...
O dia recomeça...
O povo bom na rua
lida e passa...
Nisso, aparece um
rolo de fumaça
E o fogo para cima
se arremessa.
A morte inesperada
age possessa,
E enquanto ruge,
espanca ou despedaça,
A Terra unida ao Céu
a que se enlaça
É salvação e amor,
servindo à pressa...
A cidade magoada e
enternecida
É socorro chorando a
despedida,
Trazendo o coração
triste e deserto...
Mas vejo, em prece,
além do povo aflito,
Braços de amor que
chegam do Infinito
E caminhos de luz no
céu aberto...
Fazemos nossas as
palavras que compõem a linda prece que Emmanuel dirigiu, naquela oportunidade,
às vítimas do edifício Joelma, convictos como estamos de que a morte não é o
fim da vida, mas apenas o final de uma etapa, dentre as muitas que tivemos e
teremos ao longo dos milênios.(*)
(*) Este texto foi também publicado na
seção “O Espiritismo responde” da revista O
Consolador deste domingo. Eis o link: http://www.oconsolador.com.br/ano10/494/oespiritismoresponde.html
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