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sábado, 18 de fevereiro de 2017

Contos e crônicas


Muitos enredos num mesmo ato

JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

— Amigo Machado, como diz o “filósofo” Roberto Carlos (RC): “só se vive uma vez”...
— Então não temos múltiplas vidas?...
— Não, meu caro Machado, nossa vida é única e eterna; mas necessitamos de diversas existências até que nos tornemos perfeitos. Por isso, disse o Espírito André Luiz: “Uma existência é um ato” (mensagem introdutória da obra Nosso Lar).
— Explique melhor, meu caro Joteli...
— Vou explicar-lhe com a narrativa de diversas etapas de minha existência atual. Vamos lá:
Primeiro enredo: Rua Aymoré, na Penha, Rio de Janeiro. O menino de cinco anos, irmão de outros quatro, brincava inocentemente na sala de sua casa. O pai sentado em cadeira, à direita do filho, na pequena sala com porta para o quintal minúsculo de seu modesto lar, conversa com a vizinha, sentada ao seu lado, que diz ao menino:
— Que menino bonito! Meu namorado!
Era eu... Abraça-me e beija-me as bochechas rosadas.
Essa cena repetia-se toda semana, até o dia em que minha família precisou mudar-se para próximo à igreja da Penha.
Segundo enredo: Última casa à esquerda de quem se dirige à ladeira da igreja da Penha por um dos morros que a antecedem. O futebol no campinho de terra cercado por matagal logo abaixo. As recomendações paternas para não brincarmos com os “moleques” do lugar. O nascimento dos nossos irmãos gêmeos, Jairo e Jaciel. Os bullyings. As brigas (e como brigávamos!) sem exageros de violência com os “moleques” e também entre irmãos. A doença do pai e sua desencarnação aos 53 anos. O curso no Senai/Light. O jornaleiro. A interrupção dos estudos para servir ao Exército. Os cursos militares. O início da frequência à Mocidade Espírita Irmão Isaac, em Rocha Miranda. A indicação para “presidir” a mocidade sem conclusão de “mandato”. A transferência para a “distante” cidade de Salvador-BA. Lá vou eu...
Terceiro enredo: As atividades no 19º Batalhão de Caçadores em Salvador. As amizades do quartel. A frequência ao Centro Espírita Caminho da Redenção e à Juventude Espírita Nina Arueira. Os problemas com a saúde. A transferência para o 4º Batalhão de Engenharia e Construção em Barreiras, BA. A solidão. O descobrimento do Centro Espírita Joanna de Ângelis e as “memoráveis palestras” que fiz e ouvi ali. O primeiro “encontro” com a futura esposa. O casamento e o nascimento da filha primogênita, Fabiane. A transferência para Brasília.
Quarto enredo: Os primeiros anos em Brasília. As atividades na 6ª Companhia de Comunicações. Os cursos intensivos para concluir o ensino médio. A transferência para o Comando Militar do Planalto. O nascimento de Cristiane e Daniel, últimos filhos do casal. Os cursos. O início das atividades de magistério nos colégios Compacto (1,5 ano) e Projeção (seis meses) e, por fim, no Centro Universitário de Brasília (UniCEUB) durante 22 anos. A frequência à Federação Espírita Brasileira. O aprendizado e ensino nessa “universidade da alma” (mais aprendizado que ensino).
Quinto enredo: A aprovação em três concursos públicos. A baixa do Exército após 22 anos de serviços na organização militar. Dois anos de magistério pela Secretaria de Educação do Distrito Federal e meu pedido de exoneração... Os cursos superiores no UniCEUB (três) e na UnB (mais três). A demissão do UniCEUB após dois pedidos meus à nova coordenadora do curso de Língua Portuguesa. A aposentadoria. Os cursos de redação na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). Os netos. As atividades voluntárias. O blog, as palestras, os artigos, as revisões...
— Só isso, Joteli?
— Em linhas gerais...
Como diz o Espírito André Luiz: “Uma existência, um ato”. E eu completo: Entretanto, quantos enredos há nesse ato! Espero ainda não tê-lo terminado, pois creio ter iniciado o sexto enredo...
Leitor amigo, que minha gratidão se fixe nesta página e recolha sua tolerância e simpatia.
Reencontros e despedidas, esperanças e renovação, amor e trabalho, humildade e caridade são elementos de nossa realização espiritual de eterna evolução. Mas quantas existências necessitamos ainda até que nos tornemos perfeitos...
A vida é única, as existências são múltiplas, mas só temos um caminho: evoluir para a perfeição.






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