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domingo, 12 de março de 2017

Reflexões à luz do Espiritismo


Jamais percamos a esperança, mas façamos também a nossa parte

Nos últimos meses, um assunto que não sai do noticiário comum é a crise econômica e política que vem acometendo o país há algum tempo, fruto exclusivo da crise moral sem precedentes que tem abalado a nação e o povo brasileiro.
Ante um cenário tão desfavorável, cujo desfecho é difícil de imaginar, só nos resta a esperança, essa virtude tão importante na vida dos homens, que compõe, ao lado da fé e da caridade, as chamadas virtudes teologais.
Com efeito, Paulo de Tarso escreveu:
“Por ora subsistem a fé, a esperança e a caridade. Porém, a maior delas é a caridade.” (1ª. Epístola aos Coríntios, 13:13.)
Filha dileta da fé, a esperança está para a sua mãe como a luz reflexa dos planetas do nosso sistema está para a luz do Sol. “A esperança – acrescenta Emmanuel – é como o luar que se constitui dos bálsamos da crença. A fé é a divina claridade da certeza.” (O Consolador, 257.)
Muitas pessoas não se esquecem das inúmeras vezes em que deram seu voto a indivíduos que, logo que assumiram o poder, se esqueceram das promessas de campanha e passaram a fazer exatamente o oposto do que prometiam.
Tal fato provoca nas pessoas assim enganadas o sentimento de desesperança, que é o oposto da virtude apregoada pelo Apóstolo dos gentios.
Aprendemos com os ensinamentos espíritas que o esforço individual estabelece a necessária e natural diferenciação entre as criaturas. Todavia, assegura o Espiritismo, a distribuição das oportunidades é sempre a mesma para todos.
Sem discriminação de ninguém, todos recebem, ao longo das existências sucessivas, possibilidades idênticas de crescimento mental e elevação ao campo superior da vida. Ocorre, no entanto, que, apesar disso, muitos, ao longo da vida, se afastam da luz e da fé. Enquanto dispõem de saúde e do tesouro das possibilidades humanas, valem-se de ironia e sarcasmo toda vez que alguém os conclama ao divino concerto. Mais tarde, porém, ao apagar das luzes terrestres, inabilitados à movimentação no campo da fantasia, costumam revoltar-se contra Deus e contra a vida, precipitando-se em abismos de desespero.
Invigilantes, deixam-se absorver pelas preocupações imediatistas da esfera inferior, transformando esperanças em ambições criminosas, expressões de confiança em fanatismo cego, aspirações transcendentais em interesses mesquinhos.
Em vão se faz ouvir a palavra delicada do Senhor no santuário interno, quando obcecados pelas ilusões do plano físico perdem eles a faculdade de escutar. É que entre as coisas que pensam e as advertências contidas nas lições do Evangelho erguem-se fronteiras espessas de egoísmo cristalizado e de viciosa aflição. E assim, a pouco e pouco, o homem que chegou à Terra rico de ideais humanos e realizações transitórias, passa à condição de mendigo de luz e paz, na velhice e na morte.
Qualquer semelhança com os personagens e autores da crise moral, política e econômica que acomete o Brasil não é mera coincidência. E é muito bom que todos saibam que estão cavando para si mesmos um abismo de dor, de decepção e de remorso que exigirá um longo processo de expiação e reparação, como estabelece a Justiça Divina, a que ninguém, rico ou pobre, fraco ou poderoso, doutor ou analfabeto, consegue escapar.
“A esperança é a luz do cristão” – afirmou Emmanuel pelas mãos de Chico Xavier e, em seguida, completou:
“Nem todos conseguem, por enquanto, o voo sublime da fé, mas a força da esperança é tesouro comum. Nem todos podem oferecer, quando querem, o pão do corpo e a lição espiritual, mas ninguém na Terra está impedido de espalhar os benefícios da esperança.” (Vinha de Luz, cap. 75.)
É exatamente isso que propomos ao escrever estas linhas.
Jamais percamos a esperança e, naquilo que nos diz respeito, façamos a nossa parte, para que este País volte aos trilhos e ao rumo correto, como as pessoas de bem tanto desejam.




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