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sábado, 15 de abril de 2017

Contos e crônicas


Reescrita machadiana de sua primeira crônica “espírita”

JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Sabe, Joteli, muitas vezes, imaginamos saber o que não sabemos. Por isso mesmo, parafraseio novamente o que Hamlet, personagem shakespeariano, afirmou: Há mais coisas no céu e na terra, Joteli, do que são sonhadas em sua filosofia.
Eu, quando encarnado no Brasil, fui crítico mordaz dos praticantes da Doutrina Espírita, embora soubesse diferenciar bem o que era Espiritismo de magia negra, cartomancia e outras manifestações “macabras” e supersticiosas. Basta que se leiam meus contos e romances.
Meu grande equívoco foi ironizar a Doutrina dos Espíritos em minhas crônicas, do que me penitencio agora. Desse modo, vou desconstruir cada uma de minhas doze crônicas com abordagem espírita, reescrevendo-as com a visão de Espírito imortal que todos somos e fazendo uma ponte entre o passado e o presente.
Brinquemos de faz de conta. Faz de conta que, em 16 de junho de 1878, após viagem, em espírito, ao futuro, rasguei essa crônica e a substituí por esta:
A ciência ufana-se de contar entre seus sábios a figura impoluta do magnetizador o Sr. Locatelli, homem probo e sábio que, após ter estudado, durante oito anos, as obras básicas publicadas pelo missionário do Cristo, Allan Kardec, fundou, na Rua do Espírito Santo, o Centro Espírita Delfos, em homenagem à cidade grega da antiguidade. Segundo fui informado, a ideia era homenagear a pitonisa do Templo de Delfos, consultada pelos sábios, a qual os aconselhara individualmente: “Homem, conhece-te a ti mesmo”, frase repetida pelo grande filósofo grego Sócrates, iniciador das verdades que o Espiritismo ressuscitou e ampliou.
Foram muitos os fenômenos mediúnicos de materialização, de pneumatografia e de voz direta observados, no Centro Espírita Delfos, por grande número de clérigos durante sua inauguração em São Cristóvão. Também, considerável número de renomados cientistas veio de longe para estudar os fenômenos. Estiveram presentes pesquisadores americanos, russos, italianos e até franceses, entre muitos outros renomados cientistas.
Tal foi a importância do evento, que o delegado local enviou para lá um efetivo policial considerável, com o objetivo de proteger dirigentes e público presente. Uma centúria de agentes da lei foi deslocada para o local, com o objetivo de garantir a segurança de todos. O local de inauguração, como não podia deixar de ser, foi o Maracanã.
Soube mesmo que o Fla-Flu previsto para domingo, dia da inauguração do centro, foi transferido para uma quarta-feira. Os cariocas aplaudiram a iniciativa, pois afinal é muito mais importante “ganhar a nossa alma” do que vencer uma partida de futebol, ainda que esta seja decisiva, como o foi aquela, dias após.
O melhor de tudo é que, se a polícia os defende neste mundo, os bons Espíritos, enviados por Jesus, os protegem no outro. 
E, neste espaço, convido a leitora amiga e o amigo leitor para uma reflexão paulina que começa a ser mais bem entendida em nosso tempo e nos permite vislumbrar o espaço poético da realidade espiritual: “Semeia-se corpo animal, ressuscita-se corpo espiritual”.
E eu creio perfeitamente nisso, amigo Joteli. Deixemos falar e materializar-se os Espíritos, porque, se eles não o fizerem, até as pedras falarão.
...Se conosce la verità
la verità voi renderà liberi.






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