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terça-feira, 2 de maio de 2017

Contos e crônicas





O grande passo para a felicidade

CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@gmail.com
De Londrina-PR


Há um quadrinho, com uma foto de quando eu era criança, pendurado hoje no meu quarto. Estou sorridente, leve, feliz com toda simplicidade daquele momento. Tudo o que sou, tudo o que, com enorme esforço, dor, aprendizado, erros e acertos, pude conquistar também está naquele olhar singelo que sorri tão facilmente. E amo aquele serzinho, amo olhar os olhinhos vivos.
E quando nos amamos, a vida passa a ter mais luz, ânimo, sentido. Tantas boas atitudes pensamos ter com o próximo, no entanto, conosco, precisamos agir primeiramente com as mais nobres ações, pois, assim, se podemos senti-las compreendemo-las e se podemos valorizá-las somos mais completos. Como posso amparar o próximo se encontro-me em desamparo e fraqueza?
Então, se desejo respeitar outrem, antes, preciso respeitar-me; se desejo amparar preciso estar amparada; se desejo ser paciente com alguém necessito ter antes paciência comigo; se desejo amar outros corações certamente necessito amar-me. Quando se realiza o amor-próprio, todos os valores para doar ao outro, seguramente, também serão realizados.
Ouvem-se repetidas vezes queixas sobre o sofrimento que o outro causou a alguém. Entretanto, este só se magoou porque assim permitiu. O que o outro faz é sua responsabilidade, porém, o que fazemos requer nossa absoluta observação. E se vivermos sob as ações alheias o que será de nossas próprias ações, o que será de nossa vida?
Quanto há a conhecer, a progredir, a vivenciar. A cada dia tantas coisas a serem observadas, palavras bondosas a serem proferidas, sorrisos, ajudas, gestos fraternos, criação de felizes atitudes a si e ao universo. E se apenas esperarmos a ação do outro a fim de desenvolvermos nossa própria realização, sem dúvida, muito remoto será o acontecimento dos objetivos pequeninos ou notáveis. Somos seres individuais pertencentes a uma família universal e que precisam ter força, determinação, busca por conhecimento e muito amor para a continuação dos dias.
Cada um é exclusivamente tudo o que conquistou ao longo dos tempos e cada um será o seu próprio grande companheiro até a eternidade. Então, não se deve atribuir a nenhum outro ser os méritos ou deméritos adquiridos, pode-se, sim, ter o aprendizado das ações vividas e das analisadas. Cada um é o seu tudo por enquanto, o que já caminhou e o que tem a caminhar.
Por si, torna-se imprescindível o amor-próprio, energia singular, pois a partir do que se pode sentir é ainda o que se pode doar realmente. E que haja mais bondade ao longo da vida. Quando tivermos de aclarar os pareceres da existência que estejamos certos de que seremos inteiramente responsáveis por toda reação em nossos dias.
E sinceramente sentir por si amor, respeito, paciência e carinho torna a vida mais brilhante e com sentido, já que essa atitude é um grande passo para a felicidade. Relacionar-se com outras pessoas é necessário e natural, no entanto, entregar a própria vida nas mãos dessas pessoas, decerto, é viver frustração, desânimo e longínquo atraso para o progresso.
Acabo de observar mais uma vez os olhinhos vivos do retrato. E sei que devo amá-los ainda mais, pois se tanto desejo a felicidade, o amor-próprio é o primeiro sentimento a despertar para a compreensão dos seguintes a serem vividos.


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