Sob a luz do céu segue o caminho da vida
CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@gmail.com
De Londrina-PR
Quando
criança, Cecília era uma menina radiante, espuletinha, dificilmente chorava, só
mesmo quando alguma coisa a machucava como o dia em que tentou pular a cerca de
madeira entre uma casa e outra e acabou cortando a perna, o que resultou em
alguns pontos. Ou ainda, quando sua melhor amiga mudou-se para outra cidade e,
por isso, como Cecília chorou.
Ela não
tinha irmãos e seus pais eram bem mais velhos do que os pais dos seus amigos e
colegas de escola. Mas a menina ‒ que hoje já era jovenzinha ‒ amava seus pais
do jeito que eram. E amava ouvir as histórias de antigamente que eles contavam.
Numa
noite clara de primavera, cujo céu parecia um jardim de estrelas, os pais e a
filha estavam na varanda, sentados, apreciando o belo céu no ritmo das
histórias de antigamente. Numa dessas, o nome Lucila fora mencionado e os pais,
nesta hora, olharam-se surpresos. Tentaram continuar, mas Cecília percebeu a
surpresa e lhes perguntou:
‒ Quem é
Lucila?
Os dois,
de surpresos, passaram a assustados. Não deram resposta.
‒ Quem é
Lucila? ‒ a filha insistiu.
‒ Meu
bem... ‒ a mãe tentou começar uma explicação. ‒ Lucila era uma jovem que morava
perto de onde morávamos na cidade do interior.
O pai
não falou nada.
‒ E o
que aconteceu com ela? ‒ a filha perguntou.
‒ Ah,
naquela época só me lembro de que ela era uma adolescente e sua família passava
muita necessidade.
Algo
parecia faltar para a explicação. Então, o pai começou a contar outra história
que recordara, algum acontecimento engraçado da época em que era menino. Mesmo
assim, uma tensão pairou sobre a varanda. Cecília ficou mais um pouco e foi
para seu quarto, adorava ler à noite.
Os pais
se entreolharam com sentimento de preocupação. Ficaram os dois mais um pouco
olhando o céu, mas com o pensamento perdido no tempo. Com passos calmos,
Cecília voltou à varanda e sentou-se onde antes estava. Os dois a observaram e
lhe sorriram com os olhos ansiosos.
‒ Oi,
filha ‒ a mãe falou querendo uma resposta.
‒ Oi,
mãe ‒ queria saber alguma coisa.
O pai
observou o andamento sem falar nada. Algo incomodava os três; a filha
interessou-se pelo nome.
A luz da
lua parecia clarear ainda mais os olhos daquela família. Cecília aguardava mais
algum comentário sobre Lucila. Os pais vasculhavam com rapidez a mente para
logo iniciarem outro assunto, mas outros assuntos não eram interessantes o
suficiente para aquele momento.
‒ Quem
era a mãe de Lucila? ‒ a filha perguntou.
Os pais
tentaram ganhar tempo para uma resposta.
‒ A
mãe... de Lucila era a dona Anna.
O homem
se surpreendeu com a resposta que não deixou de ser verdadeira.
‒ Anna?
E o pai?
‒ O pai?
‒ a mãe ficou surpresa.
‒ Sim.
‒ O
pai... se não me engano, era Constantine.
‒
Constantine e Anna ‒ Cecília repetiu.
E em
meio às surpresas da noite, as horas passaram rápido, quase meia-noite.
‒
Preciso dormir ‒ o pai falou olhando o relógio de bolso.
Ele se
levantou e foi para dentro.
Apenas
as duas ficaram.
Cecília
olhou para a mãe e sorriu. A mãe foi recíproca.
‒ Mãe,
amo você.
A filha
aproximou a cadeira e esticou o braço para pegar a mão já enrugada da mãe. As
duas ficaram de mãos enlaçadas olhando a lua.
Cecília
acariciou a mão materna. E as duas continuaram olhando para a imensidão do céu.
‒ Um dia
posso conhecer quem me gerou e amá-la também, mas meus grandes amores hoje são
você e papai.
As mãos
ficaram enlaçadas e os olhos, marejados olhando o horizonte, brilhavam com a
luz da lua e o brilho das estrelas.
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