Quando nos assiste o
direito de matar...
Um leitor perguntou-nos certa vez qual é – considerando-se a tese de
que somos todos irmãos – o entendimento espírita acerca do fato de se matar um
pernilongo. Tal atitude é correta? Que diz a Cosmoética espírita sobre isso?
O leitor mencionou um único inseto – o pernilongo – mas poderia ter
mencionado outros seres viventes que nós humanos costumeiramente procuramos
erradicar de nossas casas, como a formiga, a barata, o rato, o Aedes aegypti etc.
O tema destruição é tratado no cap. VI d´O Livro dos Espíritos, a principal obra espírita, publicada
inicialmente por Allan Kardec no dia 18/4/1857. Fazem parte desse capítulo as
questões adiante reproduzidas:
731. Por que, ao lado dos
meios de conservação, colocou a Natureza os agentes de destruição? “É o remédio ao lado do mal. Já dissemos: para manter o equilíbrio e
servir de contrapeso.”
732. Será idêntica, em
todos os mundos, a necessidade de destruição? “Guarda
proporções com o estado mais ou menos material dos mundos. Cessa, quando o
físico e o moral se acham mais depurados. Muito diversas são as condições de
existência nos mundos mais adiantados do que o vosso.”
733. Entre os homens da
Terra existirá sempre a necessidade da destruição? “Essa necessidade se enfraquece no homem, à medida que o Espírito
sobrepuja a matéria. Assim é que, como podeis observar, o horror à destruição
cresce com o desenvolvimento intelectual e moral.”
734. Em seu estado atual,
tem o homem direito ilimitado de destruição sobre os animais? “Tal direito se acha regulado pela necessidade, que ele tem, de prover
ao seu sustento e à sua segurança. O abuso jamais constituiu direito.”
735. Que se deve pensar da
destruição, quando ultrapassa os limites que as necessidades e a segurança
traçam? Da caça, por exemplo, quando não objetiva senão o prazer de destruir
sem utilidade? “Predominância da bestialidade sobre a natureza
espiritual. Toda destruição que excede os limites da necessidade é uma violação
da lei de Deus. Os animais só destroem para satisfação de suas necessidades;
enquanto que o homem, dotado de livre-arbítrio, destrói sem necessidade. Terá
que prestar contas do abuso da liberdade que lhe foi concedida, pois isso
significa que cede aos maus instintos.”
Prover ao seu sustento e garantir a sua segurança – eis os dois únicos
casos em que assiste ao homem o direito de matar um ser vivente pertencente ao
reino animal.
Ora, é exatamente essa a situação mencionada na pergunta do leitor,
visto que o combate aos insetos capazes de transmitir doença aos seres humanos
enquadra-se perfeitamente na questão 734 d´O
Livro dos Espíritos.
Sobre o pernilongo, especificamente, é bom que o leitor tome
conhecimento de uma reportagem publicada pela BBC Brasil sobre a descoberta
feita pela bióloga Constância Ayres, da Fiocruz Pernambuco, segundo a qual o
mosquito Culex quinquefasciatus,
conhecido como muriçoca ou pernilongo doméstico, pode também transmitir o vírus
que causa microcefalia e malformações em bebês. A matéria é complementada por
uma entrevista à BBC Brasil em que a bióloga fala sobre sua pesquisa e as implicações
de sua descoberta. Eis o link que
leva à matéria publicada: http://www.bbc.com/portuguese/brasil-36871848
Informações como essa mostram que podemos e devemos, sim, tomar as
medidas saneadoras necessárias para evitar que tais insetos, ao saírem do seu
habitat, sejam veículos de doenças perfeitamente evitáveis e que, como ninguém
ignora, podem assumir a forma de uma epidemia, com consequências desastrosas
para as pessoas por ela atingidas.
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