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quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Iniciação ao estudo da doutrina espírita





Os flagelos naturais, a dor, as guerras

Este é o módulo 43 de uma série que esperamos sirva aos neófitos como iniciação ao estudo da doutrina espírita. Cada módulo compõe-se de duas partes: 1) questões para debate; 2) texto para leitura.
As respostas correspondentes às questões apresentadas encontram-se no final do texto sugerido para leitura. 

Questões para debate

1. Fundamentalmente considerada, que é a dor?
2. A lei do carma, ou lei de causa e efeito, atinge somente os indivíduos?
3. Como podemos explicar, ante a bondade de Deus, a existência dos flagelos naturais?
4. Podem ocorrer flagelos aos quais o homem nada pode opor, senão a sua submissão?
5. Por que Deus permite que ocorram as guerras?

Texto para leitura

A dor é uma lei de equilíbrio e educação
1. Tudo o que vive neste mundo – a natureza, os animais e os homens – sofre e, todavia, o amor é a lei do Universo e foi por amor que Deus formou os seres. Esse fato estabelece uma contradição, aparentemente horrível, que já perturbou muitos pensadores e os levou à dúvida e ao pessimismo.
2. O animal está sujeito à luta ardente pela vida. Entre as ervas do prado, as folhas e a ramaria dos bosques, nos ares, no seio das águas, por toda a parte desenrolam-se dramas ignorados.
3. Quanto à Humanidade, sua história não é mais que um longo martirológio. Através dos tempos, por cima dos séculos, rola a triste melopeia dos sofrimentos humanos. A dor segue-nos os passos, espreita-nos em todas as voltas do caminho, e, diante dessa esfinge que o fita com seu olhar estranho, o homem faz a eterna pergunta: Por que existe a dor?
4. Fundamentalmente considerada, ensina Léon Denis, “a dor é uma lei de equilíbrio e educação”. Neste sentido, os flagelos destruidores são permitidos por Deus para que a Humanidade possa “progredir mais depressa”. A palavra “flagelo” tem sido, aliás, interpretada geralmente como algo prejudicial, quando, na realidade, representa o meio pelo qual as transformações necessárias ao progresso humano se realizam mais rapidamente.

A Lei do Carma atinge pessoas e coletividades
5. Evidentemente, existem outros processos menos rigorosos para levar os homens ao progresso, e Deus os emprega todos os dias, visto que deu a cada um os meios de progredir pelo conhecimento do bem e do mal. O homem, porém, não aproveita esses meios, o que torna necessário seja atingido no seu orgulho e levado a sentir sua própria fraqueza.
6. Com o abatimento do orgulho, a Humanidade se transforma, como já se transformou noutras épocas, e cada transformação é assinalada por uma crise, que é para o gênero humano o que são, para as pessoas, as crises de crescimento. Essas crises tornam-se muitas vezes penosas, dolorosas, mas são sempre seguidas de uma fase de grande progresso material e moral.
7. Quando os flagelos naturais – os cataclismos, as enchentes, a fome generalizada, as epidemias, as pragas que assolam as plantações, a seca, os terremotos, os ciclones, os maremotos e as erupções vulcânicas – se abatem sobre a Humanidade, muitos se revoltam contra Deus e perdem, desse modo, oportunidades valiosas de compreensão do significado de tais acontecimentos.
8. Ignora o homem que a Lei do Carma ou de Causa e Efeito exerce sua influência inelutável sobre as pessoas, individualmente consideradas, e sobre os grupos sociais. Assim, quando uma família, uma nação ou determinada etnia busca algo que lhe traga maiores satisfações, esforça-se por melhorar suas condições de vida ou adota medidas que visem a acelerar seu desenvolvimento, sem prejudicar ou fazer mal a outrem, estará contribuindo para a evolução da Humanidade, e isso é muito bom. Ela receberá, então, novas e mais amplas oportunidades de trabalho e progresso, que conduzem os elementos que a constituem a níveis cada vez mais elevados.

Muitos flagelos são fruto apenas da imprevidência do homem
9. Se, porém, procede ao contrário, sofrerá, mais cedo ou mais tarde, a perda de tudo o que adquiriu injustamente, em circunstâncias mais ou menos trágicas e aflitivas, conforme o grau de malícia e crueldade que tenha caracterizado as suas ações. É assim que, mais tarde, em outras existências planetárias, são chamadas a expiações coletivas ou individuais, sob a forma de flagelos destruidores.
10. Cabe assinalar também que muitos flagelos resultam tão somente da imprevidência do homem, que os vai conjurando à medida que adquire conhecimento e experiência. Há, no entanto, entre os males que afligem a Humanidade alguns de caráter geral, previstos nos decretos da Providência, dos quais cada pessoa recebe, mais ou menos, o contragolpe. A esses nada pode o homem opor, a não ser sua submissão à vontade de Deus.
11. Na primeira linha dos flagelos destruidores, naturais e independentes do homem, devem ser colocadas a peste, a fome, as inundações e as intempéries fatais à produção agrícola. Enfrentando tais flagelos, o homem é impulsionado pela necessidade a buscar soluções para libertar-se do mal que o ataca. É por isso que a dor se torna um processo, um meio de equilíbrio e educação, como vimos anteriormente.
12. Até mesmo as guerras, que nada mais representam do que a “predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual”, acabam gerando a liberdade e o progresso da Humanidade. Essa é, aliás, a causa pela qual Deus permite que haja guerras e todas as suas funestas consequências, porque o homem, ao contato com a dor, se liberta, por um lado, do seu passado de erros e, por outro, burila as tendências más que ainda o fazem manter-se moralmente atrasado. Parece que um mundo diferente nasce sobre os escombros causados pela violência dos conflitos.

Respostas às questões propostas

1. Fundamentalmente considerada, que é a dor?
Diz Léon Denis que “a dor é uma lei de equilíbrio e educação”. Os flagelos, as doenças e tudo isso que provoca sofrimento no mundo em que vivemos representam meios pelos quais as transformações necessárias ao progresso humano se realizam mais rapidamente.
2. A lei do carma, ou lei de causa e efeito, atinge somente os indivíduos?
Não. A lei de causa e efeito atinge também os grupos sociais e as coletividades.
3. Como podemos explicar, ante a bondade de Deus, a existência dos flagelos naturais?
Muitos flagelos resultam tão somente da imprevidência do homem, que os vai conjurando à medida que adquire conhecimento e experiência. Mas existem, entre os males que afligem a Humanidade, alguns de caráter geral, previstos nos decretos da Providência, dos quais cada pessoa recebe, mais ou menos, o contragolpe, visto que sua ocorrência é um processo, um meio de equilíbrio e educação, uma necessidade do desenvolvimento espiritual.
4. Podem ocorrer flagelos aos quais o homem nada pode opor, senão a sua submissão?
Sim. Há flagelos que a ciência é capaz apenas de prever, mas não pode evitar, diante dos quais o habitante da Terra é absolutamente impotente.
5. Por que Deus permite que ocorram as guerras?
Muito embora as guerras nada mais representem do que a predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual, Deus permite que ocorram visto que o homem, ao contato com a dor e suas funestas consequências, liberta-se do seu passado de erros e burila as tendências más que ainda o fazem manter-se moralmente atrasado. O fato concreto é que um mundo diferente parece nascer sobre os escombros causados pelos conflitos.


Nota:
Eis os links que remetem aos 3 últimos  textos:





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quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Pílulas gramaticais (272)





O verbo parecer [do lat. vulg. parescere, incoativo de parere, 'aparecer'] tem vários significados.
Quando significa ser semelhante, igual ou análogo, dar ares de, assemelhar-se, o verbo parecer presta-se a dois tipos de construção, ambos corretos.
Exemplos:
1. Os meninos pareciam estar assustados. Os meninos parecia estarem assustados.
2. As estrelas parecem brilhar. As estrelas parece brilharem.
3. Tu pareces estar doente. Tu parece estares doente.
No primeiro caso, na frase “Os meninos pareciam estar assustados”, o sujeito da oração é “Os meninos”. Na frase seguinte – “Os meninos parecia estarem assustados” – o sujeito da oração é a frase “estarem assustados”.

*

Sobrancelhas (ê) é assim que se escreve. Não existe sombrancelhas.
Sobrancelhas significa: nome que se dá aos pelos dispostos em forma de semicírculo na pele da margem superior de cada órbita; supercílios, sobrolho. A palavra é também usada no singular: sobrancelha.




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terça-feira, 29 de agosto de 2017

Contos e crônicas





Uma joaninha com asas de borboleta

CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@gmail.com
De Londrina-PR

Se alguém começasse a ouvir o sonho de uma joaninha de um dos muitos campos de flores de uma cidade bem do interior de um país da América do sul, ou daria uma sincera gargalhada ou nem esperaria a história terminar ou, quem sabe, ouviria sem muito considerá-la. Mas como se fala, sonho não tem medida e o que puder ser sonhado já é um sonho, embora entre sonhar e realizar exista uma distância às vezes.
E aquela tarde estava completamente linda naquele campo de flores e cores. Tudo estava com mais brilho. Os seres voadores enchiam de movimento colorido sobre as tulipas, margaridas, rosas e outras tantas senhoritas da natureza. E se exibiam com graça aproveitando o bem-estar da energia pura, calmante, refazedora.
Porém, num galho de uma árvore antiga à lateral do campo, estava uma joaninha vermelha com pintinhas pretas. Estava sozinha, não tinha nenhuma amiga joaninha, ou melhor, não tinha nenhum amigo. Ela ficava quietinha observando, às vezes, chorava baixinho, mas como não tinha amigos, não havia nenhuma criatura com quem pudesse conversar, desabafar.
E mesmo naquela magnífica e reluzente tarde, a joaninha não conseguiu perceber nem um pouquinho toda a alegria no campo. E os seus olhinhos se encheram ainda mais de lágrimas quando ela viu bem de perto o gracioso voo de uma borboleta grande, colorida, livre. A borboleta voou para o campo. E a joaninha chorou tanto que, sem força, dormiu no galho da árvore.
Durante esse soninho, ela sonhou que era o que sempre desejou ser: uma linda borboleta colorida. Voava por todos os lados, via tudo o que queria lá de cima, sorria e era feliz, mas se machucou ao tentar entrar entre as flores e querer observar os detalhes de cada uma. Não era possível, pois era uma borboleta grande e seus ares deveriam ser maiores para as suas asas. Uma folha apenas não era suficiente para protegê-la do sol forte ou da chuva gelada. Não conseguia caminhar pela suavidade das flores nem sentir toda a sua delicadeza. Também não tinha o brilho refletido tão lindamente em suas asas... de borboleta como nas asas de joaninha.
Ainda no sonho, outra joaninha passou por perto da borboleta e simplesmente falou:
‒ Sou muito feliz... sou uma joaninha cheia de oportunidades... sou quem agora devo ser...
E a borboleta no sonho ficou muito pensativa até que despertou joaninha. Continuava uma tarde linda. Ela abriu bem os olhinhos e começou a ver tudo muito diferente.
Em seu coraçãozinho, uma alegria nunca sentida chegou de mansinho e se fortaleceu. Também sentiu uma gratidão por estar viva e ser ela mesma. Compreendeu que cada um é o que deve ser e todos possuem as suas qualidades.
Viu uma linda e grande borboleta passar à sua frente, mas se sentiu muito feliz em ser a joaninha pequenina e vermelha com pintinhas pretas naquele lindo campo que agora tanto queria conhecer.

Visite o blog Conto, crônica, poesia… minha literatura: http://contoecronica.wordpress.com/





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segunda-feira, 28 de agosto de 2017

As mais lindas canções que ouvi (257)



Onde a dor não tem razão

Paulinho da Viola e Elton Medeiros

Canto
Pra dizer que no meu coração
Já não mais se agitam as ondas de uma paixão.
Ele não é mais abrigo de amores perdidos,
É um lago mais tranquilo
Onde a dor não tem razão.
Nele a semente de um novo amor nasceu,
Livre de todo rancor, em flor se abriu.
Venho reabrir as janelas da vida
E cantar como jamais cantei
Esta felicidade ainda...

Quem esperou, como eu, por um novo carinho,
E viveu tão sozinho,
Tem que agradecer.
Quando consegue do peito tirar um espinho
É que a velha esperança
Já não pode morrer...





Você pode ouvir a canção acima clicando nos links indicados:
Paulinho da Viola:
Teresa Cristina e Grupo Semente:
Velha Guarda da Portela, Monarco & Vanessa da Mata:
Elton Medeiros:



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domingo, 27 de agosto de 2017

Reflexões à luz do Espiritismo



Com Jesus um espinho tem mil flores!

Alguém nos pergunta se existe diferença entre fé e crença e em que livros podemos ler algo a respeito.
O termo “fé” tem várias acepções. No sentido comum, significa a confiança do indivíduo em si mesmo, pois os que disso são dotados são capazes de realizações que pareceriam impossíveis àqueles que de si duvidam. Dá-se também o nome de fé à crença nos dogmas dessa ou daquela religião, casos em que recebe adjetivação específica: fé cristã, fé judaica, fé católica etc.
Há, no entanto, enorme diferença entre crença e fé.
No livro O Consolador, obra mediúnica psicografada por Chico Xavier, Emmanuel diz que crer diz respeito à crença. Diferentemente da simples crença, a fé desperta, porém, todos os instintos nobres que encaminham o homem para o bem e, como tal, é a base da regeneração.
Idêntico ensinamento encontramos no cap. VII, 2ª Parte, do livro O Céu e o Inferno, de Allan Kardec, no qual o guia da médium que serviu de intermediária no caso Xumene diz que a crença é o primeiro passo; a fé vem em seguida e, por último, a transformação, mas para isso é preciso que muitos tenham de revigorar-se no mundo espiritual. 
É possível comunicar a fé a alguém por meio de imposição?
Não. Segundo Kardec, a fé não se impõe nem se prescreve, mas pode ser adquirida, não existindo ninguém que esteja impedido de possuí-la. Para crer é preciso, porém, compreender, porquanto – adverte o Codificador – a fé cega já não tem lugar em nosso mundo.
A importância da fé em nossa vida foi destacada, entre outros, por Jesus de Nazaré. “Tudo é possível àquele que tem fé”, disse Jesus, consoante lemos em Marcos, 9:23.
Sobre a fé, Emmanuel apresenta-nos também, na obra a que nos reportamos linhas acima, as considerações seguintes:

– Poder-se-á definir o que é ter fé?
Ter fé é guardar no coração a luminosa certeza em Deus, certeza que ultrapassou o âmbito da crença religiosa, fazendo o coração repousar numa energia constante de realização divina da personalidade.
Conseguir a fé é alcançar a possibilidade de não mais dizer “eu creio”, mas afirmar “eu sei”, com todos os valores da razão tocados pela luz do sentimento. Essa fé não pode estagnar em nenhuma circunstância da vida e sabe trabalhar sempre, intensificando a amplitude de sua iluminação, pela dor ou pela responsabilidade, pelo esforço e pelo dever cumprido.
Traduzindo a certeza na assistência de Deus, ela exprime a confiança que sabe enfrentar todas as lutas e problemas, com a luz divina no coração, e significa a humildade redentora que edifica no íntimo do espírito a disposição sincera do discípulo, relativamente ao “faça-se no escravo a vontade do Senhor”. (O Consolador, pergunta 354.)
A esperança e a fé devem ser interpretadas como uma só virtude?
A esperança é a filha dileta da fé. Ambas estão uma para outra, como a luz reflexa dos planetas está para a luz central e positiva do Sol. A esperança é como o luar que se constitui dos bálsamos da crença. A fé é a divina claridade da certeza. (O Consolador, pergunta 257.)

Concluindo, pensamos que nada pode exprimir melhor a importância da fé do que este lindo poema escrito por Cármen Cinira (Espírito), uma das pérolas literárias que compõem o Parnaso de Além-Túmulo, obra psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier:

O viajor e a Fé

Cármen Cinira

— “Donde vens, viajor triste e cansado?”
— “Venho da terra estéril da ilusão.”
— “Que trazes?”
— “A miséria do pecado,
De alma ferida e morto o coração.
Ah! quem me dera a bênção da esperança,
Quem me dera consolo à desventura!”

Mas a fé generosa, humilde e mansa,
Deu-lhe o braço e falou-lhe com doçura:
— “Vem ao Mestre que ampara os pobrezinhos,
Que esclarece e conforta os sofredores!...
Pois com o mundo uma flor tem mil espinhos,
Mas com Jesus um espinho tem mil flores!”






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sábado, 26 de agosto de 2017

Contos e crônicas





O amor em ação combate até depressão


JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

No sábado passado, 19 de agosto de 2017, estivemos novamente no Guillon Ribeiro, núcleo da Federação Espírita Brasileira situado em Santo Antônio do Descoberto, Goiás. Ali são desenvolvidas diversas atividades de assistência social no período matutino.
Um dos vários grupos é o nosso. Como de hábito, já em Goiás, com outros dois ou três voluntários, visitamos cinco famílias dentre as mais sofridas.
A primeira foi a do rapaz de trinta anos que, desde seu nascimento, jaz em seu grabato semicego, mudo e com movimento corporal apenas da cintura para cima. Cuida dele a devotada mãe. A segunda visita foi a senhora com um inchaço no rosto e outro nas pernas. Em seguida foi a vez da jovem paralítica de quatorze anos, também muda, alheia ao que se passa ao redor de sua cama. Também é cuidada, amorosamente, pela mãe e padrasto. A quarta família visitada foi a de dois idosos. Ele, esquelético e sempre adormecido, jaz encolhido, em seu catre, entre a vida e a morte, enrolado em fino cobertor. Acompanha-o a esposa, que se move em cadeira de rodas, triste e chorosa. Comove a cena, embora os cuidados prestados a ambos pela filha e genro. A última visita foi à casa do rapaz de trinta anos de idade, paralítico e em estado de coma há cerca de quinze anos. Seu pai, idoso, aposentou-se poucos anos atrás e sofre de hanseníase, mas está sempre alegre e bem-disposto, quando nos recebe.
Todas essas famílias têm benefícios do Núcleo Guillon Ribeiro, como cestas básicas, roupas e medicamentos, qual ocorre com dezenas de outras casas do local. Nossas visitas, aos sábados, são realizadas para levar-lhes mensagem, palavra amiga, preces e passes. Tudo isso com muito respeito à crença de todos eles e sem imposições.
Neste tempo de incredulidade e depressão, em que o número de suicídios, no mundo, tem atingido níveis epidêmicos, mais do que nunca, a benefício próprio, é preciso nosso engajamento em atividades sociais como essa.
Então, amigos, vocês que pensam ter problemas, saiam de casa, ao menos uma vez por semana e vejam que isso é nada, ante tanta dor ainda existente no mundo. Visitem os enfermos, deem-lhes uma palavra amiga, de esperança, de fé em Deus. Levem, também, pão e agasalho aos necessitados. Doem alegria, otimismo onde e a quem puderem, porque, conforme nos diz Jesus, o Reino de Deus não é de quem apenas promete e aconselha muito, muito menos dos indiferentes, mas dos que, socorrendo as misérias do mundo, passarão à sua direita, como consta no Evangelho:

Então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita:  Vinde, benditos do meu Pai, possuí por herança o Reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e me fostes ver [...]. (Mateus, 25:34-40)

— E que fazer para combater minha depressão?
— Faz o seguinte: procura a FEB, sábado, 7h da manhã, na quadra 603 da av. L2 Norte e diz que é voluntário para o trabalho em Santo Antônio do Descoberto. A saída é às 7h10 e o retorno, às 13h30. Com isso, e umas boas caminhadas, não há depressão que aguente.
Ah, você prefere colaborar aqui mesmo, no Plano Piloto. Então procure o Núcleo da FEB na 909 Norte, mesma entrada do Grupo Espírita Irmão Estêvão. Porque, como diz Allan Kardec, “Fora da caridade, não há salvação!”






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sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Iniciação aos clássicos espíritas





Memórias do Padre Germano

Amalia Domingo Soler

Parte 1

Damos início hoje ao estudo do livro Memórias do Padre Germano, que vamos realizar com base na 21ª edição publicada pela Federação Espírita Brasileira.
Esperamos que este estudo constitua para o leitor uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte compõe-se de:
1) questões preliminares;
2) texto para leitura.
As respostas correspondentes às questões apresentadas encontram-se no final do texto indicado para leitura. 

Questões preliminares

A. Como foi escrito o livro Memórias do Padre Germano?
B. Pode o criminoso, em seu remorso, ver o Espírito de sua vítima?
C. Que avaliação Germano fazia dos sacrifícios impostos aos sacerdotes católicos?

Texto para leitura

1. Amalia Domingo Soler diz, no seu prefácio, que as Memórias do Padre Germano começaram a ser publicadas em 29 de abril de 1880 no jornal espírita “A Luz do Porvir”, e só depois foram reunidas em livro. Perseguido por seus superiores hierárquicos, Padre Germano viveu desterrado em obscura aldeia, palco de grande parte das histórias aqui relatadas, onde realizou um trabalho notável que engrandeceria qualquer pessoa que pretenda tornar-se cristã na verdadeira acepção do termo. (PP. 11 a 13)
2. O Espírito do Padre Germano valeu-se, para ditar suas memórias, de um médium falante inconsciente, auxiliado por alguém que fosse capaz de registrar, sentir, compreender e apreciar o que ele dissesse. Essa a tarefa que coube a Amalia Domingo Soler, um dos maiores vultos do Espiritismo na Espanha, que trabalhou com o médium e o Padre Germano na redação destas Memórias até 10 de janeiro de 1884. (P. 12) (N.R.: Nesta obra, a partir da pág. 367, foi incluído pela Editora da FEB um apêndice intitulado “Recordações”, ditado pelo Espírito do Padre Germano ao médium Chico Xavier e publicado inicialmente no “Reformador”, em fevereiro e março de 1932.)
3. O cap. 1, intitulado “Remorso”, focaliza o caso do juiz que relatou ao Padre Germano, em confissão, ter matado um homem, vítima de misterioso crime do qual uma pessoa acabara de confessar-se culpada perante o Tribunal. Tendo sido nomeado juiz daquela causa, ele não podia, evidentemente, condenar o réu confesso. Como proceder então? O conselho do Padre ao juiz foi claro: já que o réu gozava perfeito equilíbrio das faculdades mentais, ele não deveria ter remorso em condená-lo, visto que provavelmente a confissão fora provocada por remorso de um outro crime. (PP. 16 a 18)
4. Dito e feito. Ao ouvir o homem que se dizia culpado, Padre Germano teve confirmada a sua suspeita. “Padre – disse-lhe então o infeliz –, como é triste a existência do criminoso! Dez anos há que matei uma pobre moça e há tantos sua sombra me persegue! Ainda agora, aqui está ela entre nós dois!” Pouco depois, ao subir ao patíbulo, ele acrescentou: “Lá está ela no lugar do carrasco... Padre, rogai a Deus para que não mais a veja após a morte, se é que os mortos se veem na eternidade...” (P. 18)
5. Para sossego do juiz homicida, Padre Germano repetiu-lhe quanto dissera o outro Caim. Um ano depois, o juiz entrava para um manicômio, do qual não mais sairia. (P. 19)
6. No cap. 2, intitulado “As Três Confissões”, Padre Germano deixa evidente sua ojeriza pelo confessionário e informa ter sido educado no mais rigoroso ascetismo, no seio de uma comunidade religiosa, sem haver conhecido sua mãe. “Serás ministro de Deus e fugirás da mulher, porque Satanás dela se vale para perder o homem”, eis o que lhe inculcaram desde cedo. Só mais tarde, porém, é que compreenderia que o sacrifício do sacerdote católico é contrário às leis naturais. (PP. 20 e 21)
7. Uma experiência marcante em sua vida, quando ele contava 35 anos, é também relatada neste capítulo: foi quando conheceu uma jovem entre 12 e 14 anos, que lhe confessou amá-lo. A menina pálida dos cabelos negros ficou-lhe gravada na mente, e durante muito tempo os jasmins que trazia na fronte perturbaram com seu perfume o seu sono e as suas orações, até que, oito anos mais tarde, um apressado cavaleiro chegou à sua aldeia pedindo-lhe fosse atender sua esposa, então moribunda, que queria, antes de morrer, confessar-se. (PP. 22 e 23)
8. A jovem Duquesa, vencida por uma febre insidiosa, era a mesma menina pálida de cabelos negros, que lhe reiterou o mesmo amor confessado oito anos antes. Dois dias depois ela expirou, rogando-lhe: “Quero que me enterrem aqui nesta aldeia e neste cemitério, para estar junto de vós, morta, já que o não pude estar em vida”. (PP. 23 e 24) (Continua na próxima edição.)

Respostas às questões preliminares

A. Como foi escrito o livro Memórias do Padre Germano?
Padre Germano valeu-se, para ditar suas memórias, de um médium falante inconsciente, auxiliado por alguém que fosse capaz de registrar, sentir, compreender e apreciar o que ele dissesse. Essa foi a tarefa que coube a Amalia Domingo Soler, um dos maiores vultos do Espiritismo na Espanha, que trabalhou com o médium e o Padre Germano na redação das Memórias até 10 de janeiro de 1884. (Memórias do Padre Germano, pág. 12.)
B. Pode o criminoso, em seu remorso, ver o Espírito de sua vítima?
Sim. Foi o que lhe confessou um homem que havia matado uma moça. “Padre – disse-lhe então o infeliz –, como é triste a existência do criminoso! Dez anos há que matei uma pobre moça e há tantos sua sombra me persegue! Ainda agora, aqui está ela entre nós dois!” Pouco depois, ao subir ao patíbulo, ele acrescentou: “Lá está ela no lugar do carrasco... Padre, rogai a Deus para que não mais a veja após a morte, se é que os mortos se veem na eternidade...” (Obra citada, pág. 18.)
C. Que avaliação Germano fazia dos sacrifícios impostos aos sacerdotes católicos?
Além de sua evidente ojeriza pelo confessionário, Padre Germano entendia que o sacrifício do sacerdote católico é contrário às leis naturais. (Obra citada, pp. 20 e 21.)




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