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quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Iniciação ao estudo da doutrina espírita





Os flagelos naturais, a dor, as guerras

Este é o módulo 43 de uma série que esperamos sirva aos neófitos como iniciação ao estudo da doutrina espírita. Cada módulo compõe-se de duas partes: 1) questões para debate; 2) texto para leitura.
As respostas correspondentes às questões apresentadas encontram-se no final do texto sugerido para leitura. 

Questões para debate

1. Fundamentalmente considerada, que é a dor?
2. A lei do carma, ou lei de causa e efeito, atinge somente os indivíduos?
3. Como podemos explicar, ante a bondade de Deus, a existência dos flagelos naturais?
4. Podem ocorrer flagelos aos quais o homem nada pode opor, senão a sua submissão?
5. Por que Deus permite que ocorram as guerras?

Texto para leitura

A dor é uma lei de equilíbrio e educação
1. Tudo o que vive neste mundo – a natureza, os animais e os homens – sofre e, todavia, o amor é a lei do Universo e foi por amor que Deus formou os seres. Esse fato estabelece uma contradição, aparentemente horrível, que já perturbou muitos pensadores e os levou à dúvida e ao pessimismo.
2. O animal está sujeito à luta ardente pela vida. Entre as ervas do prado, as folhas e a ramaria dos bosques, nos ares, no seio das águas, por toda a parte desenrolam-se dramas ignorados.
3. Quanto à Humanidade, sua história não é mais que um longo martirológio. Através dos tempos, por cima dos séculos, rola a triste melopeia dos sofrimentos humanos. A dor segue-nos os passos, espreita-nos em todas as voltas do caminho, e, diante dessa esfinge que o fita com seu olhar estranho, o homem faz a eterna pergunta: Por que existe a dor?
4. Fundamentalmente considerada, ensina Léon Denis, “a dor é uma lei de equilíbrio e educação”. Neste sentido, os flagelos destruidores são permitidos por Deus para que a Humanidade possa “progredir mais depressa”. A palavra “flagelo” tem sido, aliás, interpretada geralmente como algo prejudicial, quando, na realidade, representa o meio pelo qual as transformações necessárias ao progresso humano se realizam mais rapidamente.

A Lei do Carma atinge pessoas e coletividades
5. Evidentemente, existem outros processos menos rigorosos para levar os homens ao progresso, e Deus os emprega todos os dias, visto que deu a cada um os meios de progredir pelo conhecimento do bem e do mal. O homem, porém, não aproveita esses meios, o que torna necessário seja atingido no seu orgulho e levado a sentir sua própria fraqueza.
6. Com o abatimento do orgulho, a Humanidade se transforma, como já se transformou noutras épocas, e cada transformação é assinalada por uma crise, que é para o gênero humano o que são, para as pessoas, as crises de crescimento. Essas crises tornam-se muitas vezes penosas, dolorosas, mas são sempre seguidas de uma fase de grande progresso material e moral.
7. Quando os flagelos naturais – os cataclismos, as enchentes, a fome generalizada, as epidemias, as pragas que assolam as plantações, a seca, os terremotos, os ciclones, os maremotos e as erupções vulcânicas – se abatem sobre a Humanidade, muitos se revoltam contra Deus e perdem, desse modo, oportunidades valiosas de compreensão do significado de tais acontecimentos.
8. Ignora o homem que a Lei do Carma ou de Causa e Efeito exerce sua influência inelutável sobre as pessoas, individualmente consideradas, e sobre os grupos sociais. Assim, quando uma família, uma nação ou determinada etnia busca algo que lhe traga maiores satisfações, esforça-se por melhorar suas condições de vida ou adota medidas que visem a acelerar seu desenvolvimento, sem prejudicar ou fazer mal a outrem, estará contribuindo para a evolução da Humanidade, e isso é muito bom. Ela receberá, então, novas e mais amplas oportunidades de trabalho e progresso, que conduzem os elementos que a constituem a níveis cada vez mais elevados.

Muitos flagelos são fruto apenas da imprevidência do homem
9. Se, porém, procede ao contrário, sofrerá, mais cedo ou mais tarde, a perda de tudo o que adquiriu injustamente, em circunstâncias mais ou menos trágicas e aflitivas, conforme o grau de malícia e crueldade que tenha caracterizado as suas ações. É assim que, mais tarde, em outras existências planetárias, são chamadas a expiações coletivas ou individuais, sob a forma de flagelos destruidores.
10. Cabe assinalar também que muitos flagelos resultam tão somente da imprevidência do homem, que os vai conjurando à medida que adquire conhecimento e experiência. Há, no entanto, entre os males que afligem a Humanidade alguns de caráter geral, previstos nos decretos da Providência, dos quais cada pessoa recebe, mais ou menos, o contragolpe. A esses nada pode o homem opor, a não ser sua submissão à vontade de Deus.
11. Na primeira linha dos flagelos destruidores, naturais e independentes do homem, devem ser colocadas a peste, a fome, as inundações e as intempéries fatais à produção agrícola. Enfrentando tais flagelos, o homem é impulsionado pela necessidade a buscar soluções para libertar-se do mal que o ataca. É por isso que a dor se torna um processo, um meio de equilíbrio e educação, como vimos anteriormente.
12. Até mesmo as guerras, que nada mais representam do que a “predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual”, acabam gerando a liberdade e o progresso da Humanidade. Essa é, aliás, a causa pela qual Deus permite que haja guerras e todas as suas funestas consequências, porque o homem, ao contato com a dor, se liberta, por um lado, do seu passado de erros e, por outro, burila as tendências más que ainda o fazem manter-se moralmente atrasado. Parece que um mundo diferente nasce sobre os escombros causados pela violência dos conflitos.

Respostas às questões propostas

1. Fundamentalmente considerada, que é a dor?
Diz Léon Denis que “a dor é uma lei de equilíbrio e educação”. Os flagelos, as doenças e tudo isso que provoca sofrimento no mundo em que vivemos representam meios pelos quais as transformações necessárias ao progresso humano se realizam mais rapidamente.
2. A lei do carma, ou lei de causa e efeito, atinge somente os indivíduos?
Não. A lei de causa e efeito atinge também os grupos sociais e as coletividades.
3. Como podemos explicar, ante a bondade de Deus, a existência dos flagelos naturais?
Muitos flagelos resultam tão somente da imprevidência do homem, que os vai conjurando à medida que adquire conhecimento e experiência. Mas existem, entre os males que afligem a Humanidade, alguns de caráter geral, previstos nos decretos da Providência, dos quais cada pessoa recebe, mais ou menos, o contragolpe, visto que sua ocorrência é um processo, um meio de equilíbrio e educação, uma necessidade do desenvolvimento espiritual.
4. Podem ocorrer flagelos aos quais o homem nada pode opor, senão a sua submissão?
Sim. Há flagelos que a ciência é capaz apenas de prever, mas não pode evitar, diante dos quais o habitante da Terra é absolutamente impotente.
5. Por que Deus permite que ocorram as guerras?
Muito embora as guerras nada mais representem do que a predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual, Deus permite que ocorram visto que o homem, ao contato com a dor e suas funestas consequências, liberta-se do seu passado de erros e burila as tendências más que ainda o fazem manter-se moralmente atrasado. O fato concreto é que um mundo diferente parece nascer sobre os escombros causados pelos conflitos.


Nota:
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