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sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Iniciação aos clássicos espíritas




Memórias do Padre Germano

Amalia Domingo Soler

Parte 8

Continuamos o estudo metódico e sequencial do livro Memórias do Padre Germano, com base na 21ª edição publicada pela Federação Espírita Brasileira. 
Esperamos que este estudo constitua para o leitor uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte compõe-se de:
1) questões preliminares;
2) texto para leitura.
As respostas correspondentes às questões apresentadas encontram-se no final do texto indicado para leitura. 

Questões preliminares

A. Quem foi Clotilde?
B. Padre Germano acreditava na doutrina da graça?
C. Com que idade Padre Germano foi expulso da própria casa?
D. Como se deu o ingresso de Germano no convento?
E. Que é que Padre Germano falou sobre a Igreja em seu primeiro sermão como sacerdote?

Texto para leitura

86. Um ano depois, a esposa do magnata que tentara contratá-lo também morreu, sem que Germano lhe desse oportunidade de confessar seu amor por ele. “Amai-me em espírito” – disse-lhe o Padre –; ajudai-me com o vosso amor a suportar as misérias e provações da vida.” (P. 189)
87. “Clotilde!” é o título do cap. 19, em que Padre Germano confessa que menos de um mês transcorrido, desde que pronunciara seus votos, já estava convencido do seu erro: “A Religião é a vida, sim, mas as religiões causam a morte”. (P. 191)
88. Clotilde, filha do duque de S. Lázaro, fora entregue pelo próprio pai aos Penitentes Negros, e Padre Germano empenhou todas as suas forças para salvá-la, depois de três meses de luta, na qual ele teve de entrar na sombria fortaleza daquela organização para restituir a vida à pobre moça, injustamente acusada de delação por seu pai. (PP. 193 a 198)
89. Dias depois, o Geral da Ordem dos Penitentes, acompanhado de vinte confrades, penetrou na igreja do Padre Germano para reclamar a jovem. O pároco não se intimidou e desmascarou os planos da organização, que, após sacrificar o próprio duque como traidor da pátria, pretendia livrar-se de Clotilde, tomando-lhe antes a herança. (PP. 200 e 201)
90. Palavras duras foram então dirigidas por Germano ao poderoso chefe dos Penitentes, a quem ele conhecia desde criança e que, apesar de chefiar uma organização da Igreja, duvidava da existência da imortalidade e do próprio Deus. (PP. 201 e 202)
91. Padre Germano doutrinou-o então, afirmando sua convicção em Deus, na imortalidade e na reencarnação, fato que exerceu sobre o visitante um efeito inesperado. “Esse homem tremeu um dia, teve medo do futuro, sua conversão é certa”, anotou o pároco em suas memórias, referindo-se ao Geral dos Penitentes. Estava salva Clotilde! (PP. 202 a 205)
92. No cap. 20, Padre Germano recorda algumas cenas de sua infância, lembrando, porém, ser um erro acreditar que o homem é salvo pela graça ou pelo sangue do Cristo, visto que cada ser se engrandece por si mesmo. (P. 208)
93. Antes de ingressar no convento, Germano vivia num casebre miserável, na companhia de sua mãe. Uma noite, gritando e golpeando os poucos móveis que ali havia, chegou seu pai. Apresentados um ao outro por sua mãe, ele repeliu com um gesto brusco o menino, que contava apenas cinco anos. Dias depois, dizendo que com cinco anos Germano já tinha condições de cuidar de si mesmo, o pai arrastou-o para a rua, sob os protestos da esposa. Cerca de dois anos o menino viveu entre pobres pescadores, enquanto seus pais, abandonando o povoado, desapareceram para sempre. (PP. 209 e 210)
94. Um ano depois de se encontrar só no mundo, um grupo de Penitentes Negros estabeleceu-se na velha abadia que cercava o monte, aonde o menino Germano costumava ir, a mando dos pescadores, levando peixes para o mosteiro. (P. 210)
95. Germano já tinha, à época, notória aversão pelos frades e fugia deles; mas um dia, errando o caminho, penetrou um grande salão rodeado de estantes pejadas de livros, pergaminhos e papiros, onde dois monges liam. Acercando-se do monge mais velho, o menino lhe disse: “Quero ler como vós; quereis ensinar-me?” (P. 211)
96. O velho monge encarou o rapazinho, enquanto seu companheiro lhe dizia: “É este o menino enjeitado, do qual já vos tenho falado mais de uma vez”. A partir daquele dia Germano passou a viver na abadia, onde a vida era muito triste, de uma monotonia insuportável, só amenizada com a presença dos pais de Sultão, Leão e Zoa, visto que os demais habitantes do convento nunca lhe dirigiram qualquer palavra de conforto. (P. 211)
97. Naqueles tempos o saber residia nos conventos e Germano queria ser sábio a todo o transe; por isso, consumiu a sua infância e a sua juventude lendo todos os livros que havia na biblioteca da abadia, chegando a decorá-los. Aos dezesseis anos, um discurso em que refutava todos os silogismos teológicos valeu-lhe severíssima reprimenda de seus superiores. O fato repetiu-se no ano seguinte, quando Germano teve, de acordo com o regulamento do ensino, que pronunciar um novo discurso, que lhe proporcionou um ano de reclusão a pão e água. (P. 212)
98. Poucos dias antes de celebrar, pela primeira vez, o sacrifício da missa, o mesmo monge que o acolheu na abadia chamou-o à sua cela para aconselhar-lhe prudência, visto que, se não refreasse os ímpetos do seu caráter, pouco viveria. (P. 212)
99. “Serei – respondeu-lhe Germano – fiel à Igreja sem trair meus sentimentos.” O monge, que revelou ser um grande amigo, advertiu-o: “Recorda-te de que, agindo desse modo, tua vida será como o caminho do Calvário, além de ser estéril teu sacrifício”. (P. 212)
100. Na hora de iniciar o sermão, perante uma multidão imensa, parecia que línguas de fogo lhe caíam sobre a cabeça e Germano acabou falando por mais de três horas. Quando falou sobre o que eram os sacerdotes, todos os monges se puseram de pé, ameaçadores, mas o pároco não se intimidou e, entre outras coisas, disse que o sacerdote “é um homem como outro qualquer, às vezes mais vicioso que a generalidade dos homens”. (P. 214)
101. Criticando acerbamente o celibato sacerdotal e o instituto da confissão, Germano asseverou que seria “um dos enviados da nova religião, porque – não o duvideis – a nossa Igreja sucumbirá, cairá... ao peso enorme dos seus vícios”. (PP. 215 e 216)
102. No momento em que lembrou as palavras de Jesus sobre as criancinhas, algumas crianças adormecidas no colo de suas mães despertaram e voltaram-se para ele, e uma delas em especial lhe atraiu a atenção: uma menina de três anos que lhe estendeu naquele momento as mãozinhas. Era a menina pálida dos cabelos negros, que dez anos depois, na adolescência, confessaria seu amor impossível pelo Padre. (PP. 216 e 217)
103. Quando o sermão terminou, a multidão tomou de assalto a escada do púlpito para abraçá-lo, e até os Penitentes Negros deixaram de fitá-lo com rancor. (P. 217) (Continua na próxima edição.)

Respostas às questões preliminares

A. Quem foi Clotilde?
Clotilde era filha do duque de S. Lázaro. Entregue pelo próprio pai aos Penitentes Negros, poderosa organização da Igreja, Padre Germano empenhou todas as suas forças para salvá-la, o que conseguiu após três meses de luta, na qual teve de entrar na sombria fortaleza da citada organização para restituir a vida à pobre moça, injustamente acusada de delação pelo pai. Depois de sacrificar o próprio duque como traidor da pátria, a organização pretendia livrar-se de Clotilde, tomando-lhe antes a herança. (Memórias do Padre Germano, pp. 193 a 201.)
B. Padre Germano acreditava na doutrina da graça?
Não. Ele afirmava ser um erro acreditar que o homem é salvo pela graça ou pelo sangue do Cristo, porque cada ser se engrandece por si mesmo. (Obra citada, pág. 208.)
C. Com que idade Padre Germano foi expulso da própria casa?
Germano contava, então, cinco anos de idade. Antes da expulsão, o menino vivia num casebre miserável, na companhia de sua mãe. Uma noite, gritando e golpeando os poucos móveis que ali havia, chegou seu pai. Apresentados um ao outro por sua mãe, o pai repeliu com um gesto brusco o menino. Dias depois, dizendo que com cinco anos Germano já tinha condições de cuidar de si mesmo, o pai arrastou-o para a rua, sob os protestos da esposa. Depois, seus pais desapareceram. (Obra citada, pp. 209 e 210.)
D. Como se deu o ingresso de Germano no convento?
O menino tinha, à época, notória aversão pelos frades e fugia deles, mas um dia, errando o caminho, penetrou um grande salão rodeado de estantes pejadas de livros, pergaminhos e papiros, onde dois monges liam. Acercando-se do monge mais velho, o menino lhe disse: “Quero ler como vós; quereis ensinar-me?” O velho monge encarou o rapazinho, enquanto seu companheiro lhe dizia: “É este o menino enjeitado, do qual já vos tenho falado mais de uma vez”. A partir daquele dia Germano passou a viver na abadia. (Obra citada, pág. 211.)
E. Que é que Padre Germano falou sobre a Igreja em seu primeiro sermão como sacerdote?
Primeiro, referindo-se aos sacerdotes, disse que eles eram homens como os outros homens, e às vezes mais viciosos que a generalidade das pessoas. Criticou em seguida, acerbamente, o celibato sacerdotal e o instituto da confissão e, por fim, previu que a Igreja sucumbiria, ao peso enorme dos seus vícios. Quando o sermão terminou, a multidão tomou de assalto a escada do púlpito para abraçá-lo, e até os Penitentes Negros deixaram de fitá-lo com rancor. (Obra citada, pp. 214 a 217.)

Nota:
Links que remetem aos 3 textos anteriores:




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