Memórias do
Padre Germano
Amalia Domingo Soler
Parte 8
Continuamos o estudo metódico e sequencial do livro Memórias do Padre Germano, com base na
21ª edição publicada pela Federação Espírita Brasileira.
Esperamos que este estudo constitua para o
leitor uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte compõe-se de:
1) questões preliminares;
2) texto para leitura.
As respostas correspondentes às questões apresentadas
encontram-se no final do texto indicado para leitura.
Questões preliminares
A. Quem foi Clotilde?
B. Padre Germano acreditava na doutrina da graça?
C. Com que idade Padre Germano foi expulso da própria casa?
D. Como se deu o ingresso de Germano no convento?
E. Que é que Padre Germano falou sobre a Igreja em seu
primeiro sermão como sacerdote?
Texto para
leitura
86. Um ano depois, a esposa do magnata que tentara
contratá-lo também morreu, sem que Germano lhe desse oportunidade de confessar
seu amor por ele. “Amai-me em espírito” – disse-lhe o Padre –; ajudai-me com o
vosso amor a suportar as misérias e provações da vida.” (P. 189)
87. “Clotilde!” é o título do cap. 19, em que Padre Germano
confessa que menos de um mês transcorrido, desde que pronunciara seus votos, já
estava convencido do seu erro: “A Religião é a vida, sim, mas as religiões
causam a morte”. (P. 191)
88. Clotilde, filha do duque de S. Lázaro, fora entregue
pelo próprio pai aos Penitentes Negros, e Padre Germano empenhou todas as suas
forças para salvá-la, depois de três meses de luta, na qual ele teve de entrar
na sombria fortaleza daquela organização para restituir a vida à pobre moça,
injustamente acusada de delação por seu pai. (PP. 193 a 198)
89. Dias depois, o Geral da Ordem dos Penitentes,
acompanhado de vinte confrades, penetrou na igreja do Padre Germano para
reclamar a jovem. O pároco não se intimidou e desmascarou os planos da
organização, que, após sacrificar o próprio duque como traidor da pátria,
pretendia livrar-se de Clotilde, tomando-lhe antes a herança. (PP. 200 e 201)
90. Palavras duras foram então dirigidas por Germano ao
poderoso chefe dos Penitentes, a quem ele conhecia desde criança e que, apesar
de chefiar uma organização da Igreja, duvidava da existência da imortalidade e
do próprio Deus. (PP. 201 e 202)
91. Padre Germano doutrinou-o então, afirmando sua
convicção em Deus, na imortalidade e na reencarnação, fato que exerceu sobre o
visitante um efeito inesperado. “Esse homem tremeu um dia, teve medo do futuro,
sua conversão é certa”, anotou o pároco em suas memórias, referindo-se ao Geral
dos Penitentes. Estava salva Clotilde! (PP. 202 a 205)
92. No cap. 20, Padre Germano recorda algumas cenas de sua
infância, lembrando, porém, ser um erro acreditar que o homem é salvo pela
graça ou pelo sangue do Cristo, visto que cada ser se engrandece por si mesmo.
(P. 208)
93. Antes de ingressar no convento, Germano vivia num
casebre miserável, na companhia de sua mãe. Uma noite, gritando e golpeando os
poucos móveis que ali havia, chegou seu pai. Apresentados um ao outro por sua
mãe, ele repeliu com um gesto brusco o menino, que contava apenas cinco anos. Dias
depois, dizendo que com cinco anos Germano já tinha condições de cuidar de si
mesmo, o pai arrastou-o para a rua, sob os protestos da esposa. Cerca de dois
anos o menino viveu entre pobres pescadores, enquanto seus pais, abandonando o
povoado, desapareceram para sempre. (PP. 209 e 210)
94. Um ano depois de se encontrar só no mundo, um grupo de
Penitentes Negros estabeleceu-se na velha abadia que cercava o monte, aonde o
menino Germano costumava ir, a mando dos pescadores, levando peixes para o
mosteiro. (P. 210)
95. Germano já tinha, à época, notória aversão pelos frades
e fugia deles; mas um dia, errando o caminho, penetrou um grande salão rodeado
de estantes pejadas de livros, pergaminhos e papiros, onde dois monges liam.
Acercando-se do monge mais velho, o menino lhe disse: “Quero ler como vós;
quereis ensinar-me?” (P. 211)
96. O velho monge encarou o rapazinho, enquanto seu
companheiro lhe dizia: “É este o menino enjeitado, do qual já vos tenho falado
mais de uma vez”. A partir daquele dia Germano passou a viver na abadia, onde a
vida era muito triste, de uma monotonia insuportável, só amenizada com a
presença dos pais de Sultão, Leão e Zoa, visto que os demais habitantes do
convento nunca lhe dirigiram qualquer palavra de conforto. (P. 211)
97. Naqueles tempos o saber residia nos conventos e Germano
queria ser sábio a todo o transe; por isso, consumiu a sua infância e a sua
juventude lendo todos os livros que havia na biblioteca da abadia, chegando a
decorá-los. Aos dezesseis anos, um discurso em que refutava todos os silogismos
teológicos valeu-lhe severíssima reprimenda de seus superiores. O fato
repetiu-se no ano seguinte, quando Germano teve, de acordo com o regulamento do
ensino, que pronunciar um novo discurso, que lhe proporcionou um ano de
reclusão a pão e água. (P. 212)
98. Poucos dias antes de celebrar, pela primeira vez, o
sacrifício da missa, o mesmo monge que o acolheu na abadia chamou-o à sua cela
para aconselhar-lhe prudência, visto que, se não refreasse os ímpetos do seu
caráter, pouco viveria. (P. 212)
99. “Serei – respondeu-lhe Germano – fiel à Igreja sem
trair meus sentimentos.” O monge, que revelou ser um grande amigo, advertiu-o:
“Recorda-te de que, agindo desse modo, tua vida será como o caminho do
Calvário, além de ser estéril teu sacrifício”. (P. 212)
100. Na hora de iniciar o sermão, perante uma multidão
imensa, parecia que línguas de fogo lhe caíam sobre a cabeça e Germano acabou
falando por mais de três horas. Quando falou sobre o que eram os sacerdotes,
todos os monges se puseram de pé, ameaçadores, mas o pároco não se intimidou e,
entre outras coisas, disse que o sacerdote “é um homem como outro qualquer, às
vezes mais vicioso que a generalidade dos homens”. (P. 214)
101. Criticando acerbamente o celibato sacerdotal e o
instituto da confissão, Germano asseverou que seria “um dos enviados da nova
religião, porque – não o duvideis – a nossa Igreja sucumbirá, cairá... ao peso
enorme dos seus vícios”. (PP. 215 e 216)
102. No momento em que lembrou as palavras de Jesus sobre
as criancinhas, algumas crianças adormecidas no colo de suas mães despertaram e
voltaram-se para ele, e uma delas em especial lhe atraiu a atenção: uma menina
de três anos que lhe estendeu naquele momento as mãozinhas. Era a menina pálida
dos cabelos negros, que dez anos depois, na adolescência, confessaria seu amor
impossível pelo Padre. (PP. 216 e 217)
103. Quando o sermão terminou, a multidão tomou de assalto
a escada do púlpito para abraçá-lo, e até os Penitentes Negros deixaram de
fitá-lo com rancor. (P. 217) (Continua na próxima edição.)
Respostas às
questões preliminares
A. Quem foi
Clotilde?
Clotilde era filha do duque de S. Lázaro. Entregue pelo
próprio pai aos Penitentes Negros, poderosa organização da Igreja, Padre
Germano empenhou todas as suas forças para salvá-la, o que conseguiu após três
meses de luta, na qual teve de entrar na sombria fortaleza da citada organização
para restituir a vida à pobre moça, injustamente acusada de delação pelo pai.
Depois de sacrificar o próprio duque como traidor da pátria, a organização
pretendia livrar-se de Clotilde, tomando-lhe antes a herança. (Memórias do Padre Germano, pp. 193 a
201.)
B. Padre
Germano acreditava na doutrina da graça?
Não. Ele afirmava ser um erro acreditar que o homem é salvo
pela graça ou pelo sangue do Cristo, porque cada ser se engrandece por si
mesmo. (Obra citada, pág. 208.)
C. Com que
idade Padre Germano foi expulso da própria casa?
Germano contava, então, cinco anos de idade. Antes da
expulsão, o menino vivia num casebre miserável, na companhia de sua mãe. Uma
noite, gritando e golpeando os poucos móveis que ali havia, chegou seu pai.
Apresentados um ao outro por sua mãe, o pai repeliu com um gesto brusco o
menino. Dias depois, dizendo que com cinco anos Germano já tinha condições de
cuidar de si mesmo, o pai arrastou-o para a rua, sob os protestos da esposa.
Depois, seus pais desapareceram. (Obra citada, pp. 209 e 210.)
D. Como se deu
o ingresso de Germano no convento?
O menino tinha, à época, notória aversão pelos frades e
fugia deles, mas um dia, errando o caminho, penetrou um grande salão rodeado de
estantes pejadas de livros, pergaminhos e papiros, onde dois monges liam.
Acercando-se do monge mais velho, o menino lhe disse: “Quero ler como vós;
quereis ensinar-me?” O velho monge encarou o rapazinho, enquanto seu
companheiro lhe dizia: “É este o menino enjeitado, do qual já vos tenho falado
mais de uma vez”. A partir daquele dia Germano passou a viver na abadia. (Obra
citada, pág. 211.)
E. Que é que
Padre Germano falou sobre a Igreja em seu primeiro sermão como sacerdote?
Primeiro, referindo-se aos sacerdotes, disse que eles eram
homens como os outros homens, e às vezes mais viciosos que a generalidade das
pessoas. Criticou em seguida, acerbamente, o celibato sacerdotal e o instituto
da confissão e, por fim, previu que a Igreja sucumbiria, ao peso enorme dos
seus vícios. Quando o sermão terminou, a multidão tomou de assalto a escada do
púlpito para abraçá-lo, e até os Penitentes Negros deixaram de fitá-lo com
rancor. (Obra citada, pp. 214 a 217.)
Nota:
Links que remetem aos 3 textos anteriores:
Parte 5 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2017/09/iniciacao-aos-classicos-espiritas_22.html
Parte 6 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2017/09/iniciacao-aos-classicos-espiritas_29.html
Parte 7 – https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2017/10/iniciacao-aos-classicos-espiritas.html
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