Como as crianças e os povos
antigos
CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@gmail.com
De Londrina-PR
De
maneira rara, algo é feito exclusivamente por única pessoa, há sempre uma
matéria-prima cuidada por alguém e antes outras pessoas cooperaram para que um
produto chegasse à sua confecção. Um exemplo tão belo é o do pão. Para esse
nobre alimento chegar à nossa mesa, houve várias fases e muitas mãos
diferentes. A sociedade, em sua primeira e mais importante definição, significa
agrupamento de seres que convivem em colaboração mútua. E a vida torna-se
melhor quando a cooperação é realizada e também recebida, pois ninguém conhece
tanto a ponto de não ter o que mais aprender e ninguém nada conhece a ponto de
não poder ensinar.
Pequeninas
ações exemplificam esse ensinamento. Quantas vezes um amparo no braço evitou um
tombo, ou uma palavra amorosa consolou o coração, uma atenção amenizou a dor,
um prato de comida matou a fome, um olhar de compaixão e carinho evitou uma
trágica passagem, uma explicação clareou o caminho, um favor trouxe a alegria
de volta, um compartilhamento iluminou o triste olhar, um simples afago anulou
a amargura, uma prece amparou o desamparado. Quantas incontáveis atitudes
trazem luz para a escuridão que nos apavora. Ainda como a prece feita por
muitos corações que potencializa e agiliza a vibração e com maior energia
atinge o seu nobre objetivo.
Os povos
antigos já viviam em cooperação, pois compreendiam que um só elemento não
consolidará nenhuma grande realização, esses povos se davam as mãos para que
houvesse crescimento. Muito do que era feito antigamente deveria voltar, pois a
humanidade deixou um pouco de lado os grandes valores como o sentimento mais
humanizado e consolador, já que grandes valores serão em todo o tempo. O
espírito necessita do alimento próprio para seu restabelecimento, manutenção e
progresso. Mais do que é real e bem menos do que é supérfluo, materialmente
humano.
E se é
tão visível a necessidade de que os povos voltem a dar-se as mãos, é tão
natural que nossos braços estejam estendidos para que as mãos possam
alcançar-se. Quando se observa com certa atenção o que move hoje o andamento do
Planeta, entre os países, é muito difícil de aceitar, pois se verifica bem mais
egoísmo que há desde milênios, a cooperação. E mais difícil ainda é quando
recordamos a frase do Mestre, Amai-vos uns aos outros assim como eu vos amei, pois
se somos irmãos deveríamos ajudar-nos à conquista coletiva do progresso.
No
entanto, como tudo tende a encontrar a luz, também a nossa fraca fé há de
fortalecer-se, o nosso cego egoísmo há de reduzir-se para que a cooperação
possa cirandar-se e, como as mais puras crianças brincando no quintal, voltemos
a sorrir com simplicidade e olhos brilhantes porque as crianças e os povos
antigos possuem a sabedoria de estarem em grupos e, assim, desenvolverem-se
saudavelmente.
O
pronome nós é mais resistente e destemido que o frágil e solitário eu. A terra
preparada por várias mãos é também uma terra que recebe mais atenção e calor e
o seu preparo em menos tempo faz com que as sementes cresçam mais rápido para
alimentar os famintos filhos. E como o grande exemplo das crianças e dos
antigos povos, sejam hoje as mãos dadas, a cooperação e o amor as sementes
lançadas no terreno para a colheita de um aperfeiçoamento mais feliz para os
espíritos deste plano a caminho da eternidade.
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