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terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Contos e crônicas





Como as crianças e os povos antigos

CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@gmail.com
De Londrina-PR

De maneira rara, algo é feito exclusivamente por única pessoa, há sempre uma matéria-prima cuidada por alguém e antes outras pessoas cooperaram para que um produto chegasse à sua confecção. Um exemplo tão belo é o do pão. Para esse nobre alimento chegar à nossa mesa, houve várias fases e muitas mãos diferentes. A sociedade, em sua primeira e mais importante definição, significa agrupamento de seres que convivem em colaboração mútua. E a vida torna-se melhor quando a cooperação é realizada e também recebida, pois ninguém conhece tanto a ponto de não ter o que mais aprender e ninguém nada conhece a ponto de não poder ensinar. 
Pequeninas ações exemplificam esse ensinamento. Quantas vezes um amparo no braço evitou um tombo, ou uma palavra amorosa consolou o coração, uma atenção amenizou a dor, um prato de comida matou a fome, um olhar de compaixão e carinho evitou uma trágica passagem, uma explicação clareou o caminho, um favor trouxe a alegria de volta, um compartilhamento iluminou o triste olhar, um simples afago anulou a amargura, uma prece amparou o desamparado. Quantas incontáveis atitudes trazem luz para a escuridão que nos apavora. Ainda como a prece feita por muitos corações que potencializa e agiliza a vibração e com maior energia atinge o seu nobre objetivo.
Os povos antigos já viviam em cooperação, pois compreendiam que um só elemento não consolidará nenhuma grande realização, esses povos se davam as mãos para que houvesse crescimento. Muito do que era feito antigamente deveria voltar, pois a humanidade deixou um pouco de lado os grandes valores como o sentimento mais humanizado e consolador, já que grandes valores serão em todo o tempo. O espírito necessita do alimento próprio para seu restabelecimento, manutenção e progresso. Mais do que é real e bem menos do que é supérfluo, materialmente humano.
E se é tão visível a necessidade de que os povos voltem a dar-se as mãos, é tão natural que nossos braços estejam estendidos para que as mãos possam alcançar-se. Quando se observa com certa atenção o que move hoje o andamento do Planeta, entre os países, é muito difícil de aceitar, pois se verifica bem mais egoísmo que há desde milênios, a cooperação. E mais difícil ainda é quando recordamos a frase do Mestre, Amai-vos uns aos outros assim como eu vos amei, pois se somos irmãos deveríamos ajudar-nos à conquista coletiva do progresso. 
No entanto, como tudo tende a encontrar a luz, também a nossa fraca fé há de fortalecer-se, o nosso cego egoísmo há de reduzir-se para que a cooperação possa cirandar-se e, como as mais puras crianças brincando no quintal, voltemos a sorrir com simplicidade e olhos brilhantes porque as crianças e os povos antigos possuem a sabedoria de estarem em grupos e, assim, desenvolverem-se saudavelmente.
O pronome nós é mais resistente e destemido que o frágil e solitário eu. A terra preparada por várias mãos é também uma terra que recebe mais atenção e calor e o seu preparo em menos tempo faz com que as sementes cresçam mais rápido para alimentar os famintos filhos. E como o grande exemplo das crianças e dos antigos povos, sejam hoje as mãos dadas, a cooperação e o amor as sementes lançadas no terreno para a colheita de um aperfeiçoamento mais feliz para os espíritos deste plano a caminho da eternidade.

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