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sábado, 23 de dezembro de 2017

Contos e crônicas






A reencarnação e o sentido da vida


JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

— Amigo Joteli, parabenizo-o pela sua seleção de doze crônicas minhas nas quais abordo o Espiritismo. Aprovo ipsis litteris sua crítica ao texto dessas crônicas em sua tese aprovada pelo egrégio Departamento de Pós-Graduação em Literatura da UnB no ano passado.
— É, Machado, já se vai um ano do término de minha aventura maravilhosa ali. Comecei pela especialização, em seguida, cursei o mestrado e, finalmente, o doutorado. Não digo isso por vaidade, nem para me exaltar orgulhosamente, mas para incentivar quem deseja conquistar um ideal a perseverar nesse propósito. Em todos esses cursos, você esteve presente. Obrigado, Bruxo!
— Relate-me como se deu sua saga pelo conhecimento literário, Jó.
— Comecei minha luta por esse objetivo ainda jovem. Não fui aluno de graduação da UnB; mas, com perseverança, após cerca de quinze anos de estudos, somente ali, sempre com muita humildade, cheguei ao que queria, graças a Deus. Antes de ingressar na literatura, cursei todas as matérias do curso de linguística aplicada da UnB. Fui aprovado, mas não selecionado para o mestrado desse curso. Então, percebi que minha realização estaria na literatura, em especial na divulgação do riquíssimo material literário espírita, ainda tão pouco conhecido nos meios acadêmicos.
— Desconhecido e discriminado, Joteli; quando somos jovens, e mesmo na idade madura, nem sempre respeitamos a opinião alheia na defesa de nossos pontos de vista. Principalmente, se caímos no erro de apenas analisar um dos lados da questão. Desse modo, o parecer de Eugênio Gomes sobre meu uso da Bíblia, para fins literários, exclusivamente, pode ser acrescido também do Espiritismo. 
Entretanto, quando se analisam todas as crônicas de minha abordagem à nova doutrina, percebe-se a passagem de uma crítica acerba, e mesmo extremada, a outra, mais tolerante e até com o reconhecimento de que “o Espiritismo se ocupa de altos problemas” (A semana, 29 dez. 1895).
Em texto anterior, defendo a liberdade religiosa, principalmente após a extinção da religião do Estado.

Desde que a porta fica assim aberta a todos, em que me hei de fundar para meter na cadeia o Espiritismo? Responder-me-ás que é uma burla; mas onde está o critério para distinguir entre o Evangelho lido pelo presidente Abalo, e o do meu vigário é mais velho, mas uma religião não é obrigada a ter cabelos brancos. Há religiões moças e robustas. Curar com água? Mas o já citado padre Kneipp não faz outra cousa, e o Código, se ele cá vier, deixá-lo-á curar em paz (A semana, 27 out. 1895).

E, então, ainda confundia fenômenos, por ela estudados, com a doutrina... A grande certeza proporcionada pelo Espiritismo é a de que nosso retorno à vida física tem sempre o objetivo de “expiação, melhoramento progressivo da humanidade” (questão 167 d’O Livro dos Espíritos – LE). Isso explica haver no mundo tanta desigualdade social.
— Realmente, amigo Bruxo, se a existência fosse única, inúmeros problemas decorrentes da sorte de pobres e ricos, sãos e aleijados, ignorantes e sábios, bons e maus, enfim, jamais encontrariam solução.
— Depois, a reencarnação não é para sempre, não é mesmo, Joteli?
 — Exatamente, Machado, na questão 168 do LE, lemos que “[...] Desde que se ache limpo de todas as impurezas, não tem mais [o espírito] necessidade das provas da vida material”. Na questão 170 dessa obra, somos esclarecidos de que, após sua última encarnação, o espírito se torna “[...] bem-aventurado; puro espírito”. É nisso que está o sentido da vida, ainda tão incompreendido e questionado por muitas pessoas.






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