A conversão do político
JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
Amigo Jó, estive refletindo na
entrevista dada por famoso político em nosso tempo. Indagado sobre suas crenças
antes de tornar-se espírita, ele respondeu o seguinte: “— Nasci e criei-me, até
os dezoito anos, no seio de uma família tradicionalmente católica [...].”
Em seguida, diz que, indo do Ceará para
o Rio de Janeiro, objetivando morar e estudar, na escola carioca, entrou em
conflito com a fé católica. Os argumentos de seus colegas ateus, aos quais
tentara converter, pareciam-lhe superiores à fé sem raciocínio até então
desposada.
Sua rebeldia contra a antiga crença
tornar-se-ia maior ao enviuvar, após quatro anos de casado com esposa católica,
a quem muito amava. Ele teria, então, de criar sozinho seus dois filhinhos, um
de três e outro de um ano de idade.
Como já clinicava, nessa época,
recebeu, certo dia, um exemplar da Bíblia, como presente de um colega. Resolveu
ler toda a obra e sentiu-se consolado com o que leu, mas ainda tinha
necessidade de uma fé “firmada na razão e na consciência”.
Passado mais algum tempo, outro colega
presenteou-o com O Livro dos Espíritos.
Ao terminar o trabalho no consultório, seu deslocamento de bonde do centro da
cidade para sua casa, na Tijuca, costumava demorar uma hora. Então, contra
todos os preconceitos que o Espiritismo desfrutava em sua época, resolveu ler o
livro. E... eureca! Parecia-lhe que nada do que lera lhe era desconhecido e que
“era espírita inconsciente”.
Entretanto, o que o convenceria
definitivamente sobre as “verdades do Espiritismo” seriam as curas mediúnicas
extraordinárias obtidas, mais tarde, e os resultados positivos de todas as suas
pesquisas sobre o assunto. Havia, no Rio, um médium receitista homeopata
chamado João Gonçalves do Nascimento, a quem nosso amigo recorrera, “em
desespero de causa”. Entretanto, como ainda tinha suas dúvidas sobre as curas
provenientes da mediunidade, combinou com colega, tanto quanto ele desconhecido
do médium, para consultar este.
A descrição da doença do político, pelo
espírito, foi tão precisa quanto os efeitos do remédio sobre seu organismo, que
nenhum médico anterior conseguira curar ao longo de cinco anos de tratamento.
Já com a receita espiritual, após um ano de medicação, ficou curado.
Depois desse acontecimento, quem fora
diagnosticada com tuberculose, por “importantes médicos”, foi a segunda esposa
do político doutor. Novamente, este tomou as devidas cautelas, para não ser
reconhecido, e voltou a consultar o médium Nascimento. A resposta do espírito,
pelo médium, foi surpreendente. Após dizer que os médicos estavam enganados ao
diagnosticarem tuberculose, sem que ninguém lhe houvesse dito nada a respeito,
esclareceu o seguinte: “[...] Esta doente não tem tubérculo algum. Seu
sofrimento é puramente uterino e, se for convenientemente tratada, será
curada”.
Feito o tratamento “espírita”, em
poucos meses, os sintomas de febre, suor e todos os sinais parecidos aos da
tuberculose cessaram, e a doente ficou curada. Conclui nosso político:
Como
resistir à evidência dos fatos?
Depois
deles, comecei as investigações experimentais sobre os vários pontos de
doutrina e posso afirmar, daqui, que tenho verificado quanto é permitido ao
homem alcançar, em certeza, a perfeita exatidão de todos os princípios
fundamentais do Espiritismo.
E conclui o notável político, que viria
a ser conhecido como “médico dos pobres”, após abandonar a política e
dedicar-se inteiramente à Doutrina Espírita e à ajuda humanitária a todos os
enfermos do corpo e da alma: “O Espiritismo é para mim uma ciência, cujos
postulados são demonstrados tão perfeitamente como se demonstra o peso de um
corpo” (Bezerra de Menezes).
(Quer saber mais? Leia a obra Bezerra, ontem e hoje. 4. ed. Brasília:
FEB, 2013.)
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