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quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018





A lição do discernimento

Irmão X

Finda a cena brutal, em que o povo pretendia apedrejar a mulher infeliz, na praça pública, Pedro, que seguia o Senhor, de perto, interpelou-o, zelosamente:
- Mestre, desculpando os erros das mulheres que fogem ao ministério do lar, não estaremos oferecendo apoio à devassidão? Abrir os braços no espetáculo deprimente que acabamos de ver não será proteger o pecado?
Jesus meditou, meditou... e respondeu:
- Simão, seremos sempre julgados pela medida com que julgarmos os nossos semelhantes.
- Sim - clamou o apóstolo, irritado -, compreendo a caridade que nos deve afastar dos juízos errôneos, mas porventura conseguiremos viver sem discernir? Uma pecadora, trazida ao apedrejamento, não perturbará a tranquilidade das famílias? Não representará um quadro de lama para as crianças e para os jovens? Não será uma excitação à prática do mal?
Ante as duas interrogações, o Messias observou, sereno:
- Quem poderá examinar agora o acontecimento, em toda a extensão dele? Sabemos, acaso, quantas lágrimas terá vertido essa desventurada mulher até a queda fatal no grande infortúnio? Quem terá dado a esse pobre coração feminino o primeiro impulso para o despenhadeiro? E quem sabe, Pedro, essa desditosa irmã terá sido arrastada à loucura, atendendo a desesperadoras necessidades?
O discípulo, contudo, no propósito de exalçar a justiça, acrescentou:
- De qualquer modo, a corrigenda é inadiável imperativo. Se ela nos merece compaixão e bondade, há então, noutros setores, o culpado ou os culpados que precisamos punir. Quem terá provocado a cena desagradável a que assistimos? Geralmente, as mulheres desse naipe são reservadas e fogem à multidão... Que motivos teriam trazido essa infeliz ao clamor da praça?
Jesus sorriu, complacente, e tornou:
- Quem sabe a pobrezinha andaria à procura de assistência?
O pescador de Cafarnaum acentuou, contrariado:
- O responsável devia expiar semelhante delito. Sou contra a desordem e na gritaria que presenciamos estou convencido de que o cárcere e os açoites deveriam funcionar...
Nesse ponto do entendimento, velha mendiga que ouvia a conversação, caminhando vagarosamente, quase junto deles, exclamou para Simão, surpreendido:
- Galileu bondoso, herdeiro da fé vitoriosa de nossos pais, graças sejam dadas a Deus, nosso poderoso Senhor! A mulher apedrejada é filha de minha irmã paralítica e cega. Moramos nas vizinhanças e vínhamos ao mercado em busca de alimento. Abeirávamo-nos daqui, quando fomos assaltadas por um rapaz que, depois de repelido por ela, em luta corpo a corpo, saiu a indicá-la ao povo para a lapidação, simplesmente porque minha infeliz sobrinha, digna de melhor sorte, não tem tido até hoje uma vida regular... Ambas estamos feridas e, com dificuldade, tornaremos para a casa... Se é possível, Galileu generoso, restabelece a verdade e faze a justiça!
- E onde está o miserável? - gritou Simão, enérgico, diante do Mestre, que o seguia, bondoso.
- Ali!... Ali!... - informou a velhinha, com o júbilo de uma criança reconduzida repentinamente à alegria. E apontou uma casa de peregrinos, para onde o apóstolo se dirigiu, acompanhado de Jesus que o observava, sereno.
Por trás de antiga porta, escondia-se um homem, trêmulo de vergonha.
Pedro avançou de punhos cerrados, mas, a breves segundos, estacou, pálido e abatido. O autor da cena triste era Efraim, filho de Jafar, pupilo de sua sogra e comensal de sua própria mesa.
Seguira o Messias com piedosa atitude, mas Pedro bem reconhecia agora que o irmão adotivo de sua mulher guardava intenção diferente.
Angustiado, em lágrimas de cólera e amargura, Simão adiantou-se para o Cristo, à maneira do menino necessitado de proteção, e bradou:
- Mestre, Mestre!... Que fazer?...
Jesus, porém, acolheu-o amorosamente nos braços e murmurou:
- Pedro, não julguemos para não sermos julgados. Aprendamos, contudo, a discernir.

Do livro Contos e Apólogos, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.




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terça-feira, 27 de fevereiro de 2018




Como um pássaro atento

CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@gmail.com
De Londrina-PR

Tantas vezes passamos sem perceber os dias. Vemos simplesmente sem ver, sem conhecer, sem assimilar, sem avistar nem o de perto muito menos o de longe. Amanhecemos sem dar-nos conta da noite para o descanso. E dormimos, mais uma vez, sem perceber mais um dia.
E o tempo está passando.
O tempo insiste diariamente em apresentar-nos os verdadeiros valores, os que são importantes para o coração, os que junto com tantos outros bem menos extraordinários serão decisivos para a nossa vida. Porém, precisamos querer ter olhos de quem quer ver e vontade de quem quer transformar-se.
As lições são abertas a todos. Iniciam logo de manhã ensinando que a gratidão é uma das nobres preces do dia. Passados alguns minutos, outra lição surge, a de respeitar o próximo, ainda um pouco difícil de ser como a si mesmo, mais outra, a de preservar o meio em que se encontra, em todos os seus aspectos. Também há a lição de como valorizar esta vida. E quanto já insistimos por ela.
Assim, o tempo nos mostra que cada minuto é passageiro, mas a cada minuto podemos construir uma vida mais feliz ou continuarmos com a insatisfação de hoje refletida no futuro.
Há ininterruptamente o que viver, ainda mais desejando viver de fato.

Visite o blog Conto, crônica, poesia… minha literatura: http://contoecronica.wordpress.com/



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segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018




Quem segue com Jesus

João de Deus

Quem no Evangelho vence a treva e o mal,
Na comunhão excelsa de Jesus,
É cristão que se eleva e se conduz
Na inspiração do Amor Universal.

Nega a si mesmo e aceita a própria cruz.
Tem a grande renúncia por sinal.
Guarda a beleza lúcida e imortal
Do "sal da Terra" que preserva a luz.

Quem respira no clima do Senhor,
Exemplifica o bem consolador
Que ajuda bons e maus, crentes e ateus;

Nunca se esquece do Divino Lar,
Vive para servir e para amar
Na jornada sublime para Deus.


Do livro Cartas do Coração, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.




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domingo, 25 de fevereiro de 2018




Nem tudo nos convém

Das inúmeras contribuições que Paulo de Tarso nos legou para a perfeita compreensão dos ensinamentos de Jesus e das leis estabelecidas pelo Criador, há uma frase inesquecível e, surpreendentemente, atual: “Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém”, à qual o Apóstolo dos Gentios acrescentou: “Todas as coisas me são lícitas, mas não me deixarei dominar por nenhuma”.
Não existe na doutrina espírita nada que se assemelhe a uma lista do que é ou do que não é permitido.
A posição espírita com relação ao nosso comportamento ao longo da vida é idêntica à sugerida por Paulo, que enfatiza o valor de um atributo inerente de forma especial aos seres humanos: o livre-arbítrio.
Livre-arbítrio implica, porém, responsabilidade e é fundamentado nesse princípio que responderemos ante a Lei por tudo o que houvermos feito, graças a decisões que livremente tomarmos, fato que não passou despercebido aos ensinamentos de Jesus.
A toda ação corresponde uma reação.
Todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão.
Não se colhem figos dos espinheiros.
Aquele que semeia pouco, pouco também ceifará.
A semeadura é livre, mas a colheita é compulsória.
Para bem compreender o trecho “nem tudo me convém” da frase dita por Paulo, é preciso, evidentemente, que a pessoa tenha real noção dos objetivos que a vida corpórea nos apresenta.
Por que nascemos?
Qual a finalidade de estarmos neste mundo tão complicado e injusto?
Findo nosso estágio na crosta terrena, que nos espera?
Poderemos ser felizes um dia?
Estas reflexões são excelentes para bem iniciarmos um novo ano, que todos, certamente sem exceção, desejamos que seja bem melhor do que 2017.
Para ajudar nas reflexões sugeridas, reproduzimos aqui uma carinhosa advertência feita por um vulto que deixou marcas luminosas em sua passagem pela Terra:

“Não pode a alma elevar-se às altas regiões espirituais, senão pelo devotamento ao próximo; somente nos arroubos da caridade encontra ela ventura e consolação. Sede bons, amparai os vossos irmãos, deixai de lado a horrenda chaga do egoísmo. Cumprido esse dever, abrir-se-vos-á o caminho da felicidade eterna. Ao demais, qual dentre vós ainda não sentiu o coração pulsar de júbilo, de íntima alegria, à narrativa de um ato de bela dedicação, de uma obra verdadeiramente caridosa? Se unicamente buscásseis a volúpia que uma ação boa proporciona, conservar-vos-íeis sempre na senda do progresso espiritual. Não vos faltam os exemplos; rara é apenas a boa vontade. Notai que a vossa história guarda piedosa lembrança de uma multidão de homens de bem. Não vos disse Jesus tudo o que concerne às virtudes da caridade e do amor? Por que desprezar os seus ensinamentos divinos? Por que fechar o ouvido às suas divinas palavras, o coração a todos os seus bondosos preceitos? Quisera eu que dispensassem mais interesse, mais fé às leituras evangélicas. Desprezam, porém, esse livro, consideram-no repositório de palavras ocas, uma carta fechada; deixam no esquecimento esse código admirável. Vossos males provêm todos do abandono voluntário a que votais esse resumo das leis divinas. Lede-lhe as páginas cintilantes do devotamento de Jesus, e meditai-as.” – S. Vicente de Paulo, Espírito. (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XIII, item 12.)




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sábado, 24 de fevereiro de 2018





A evolução do ser segundo Emmanuel

JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

— Boa noite, Emmanuel, que nos traz à reflexão nesta noite?
— Boa noite, irmão Machado. Continuando a expor nosso humilde conhecimento sobre o Cristo, reitero-lhe que “Jesus foi a manifestação do amor de Deus, a personificação de sua bondade infinita”1 aos habitantes da Terra. É Ele, Jesus Cristo, o Messias Divino que coordena a evolução anímica dos seres terrestres. Os fenômenos da Natureza,2 em nosso orbe, são manifestados segundo a sua augusta vontade e direção, o que lhe confirma a condição de Governador espiritual, Verbo da Vontade de Deus, com o qual se identifica e afirma aos fariseus incrédulos: “Eu e o Pai somos um”.3
— Concordo com sua afirmação, Emmanuel, sobre a evolução anímica4, coincidente, em parte, com as teorias darwinianas e de outros cientistas do passado e do presente, como, por exemplo, o Dr. Yuval N. Harari, em sua obra intitulada Sapiens: uma breve história da humanidade (L&PM). Mas, que você nos pode informar sobre o corpo espiritual, de modo simples ao entendimento do leitor?
— O corpo espiritual tem sua origem no fluido universal.5 Já o “princípio vital é o agente entre o corpo espiritual, fonte de energia e da vontade, e a matéria passiva”.  O princípio vital é a “força inerente aos corpos organizados, que mantém coesas as personalidades celulares”.6 
— Então, é o corpo espiritual que exerce a “ação criadora e plasmadora” sobre os elementos físicos, tendo como agente o princípio vital?
— Exatamente, Machado. A morte do corpo físico decorre do “enfraquecimento do princípio vital”, que leva à “ausência de tônus vital” e, consequentemente à “destruição orgânica”.
— Não posso negá-lo, irmão. Isso está na página 170 da obra citada na sexta nota de rodapé desta crônica.
— Pois é, Machado, conforme explico, na página seguinte:

O corpo espiritual não retém somente a prerrogativa de constituir a fonte da misteriosa força plástica da vida, a qual opera a oxidação orgânica; é também ele a sede das faculdades, dos sentimentos, da inteligência e, sobretudo, o santuário da memória, em que o ser encontra os elementos comprobatórios da sua identidade, através de todas as mutações e transformações da matéria. 7

— E por que os pesquisadores materialistas tudo atribuem ao cérebro humano?
— Machado, poderíamos dizer, na linguagem de hoje, que o cérebro é como um computador complexo, no qual se manifesta o espírito, efetuando “inimagináveis associações atômicas e moleculares, necessárias às exteriorizações inteligentes”. Mas é no corpo espiritual que fica gravada a memória, em todas as minúcias. Por trás das manifestações da matéria, está o comando da vontade e do livre-arbítrio do Espírito que, salvo nos casos patogênicos, é o soberano artífice do seu destino. Continuem lendo a obra intitulada Emmanuel, você e nosso leitor, para que entendam como são sábias as leis de evolução infinita, supervisionadas pelo Cristo, neste maravilhoso mundo azul.
— É, Emmanuel... parafraseando suas palavras, quando a humanidade terrestre já não mais duvidar da “soberana influência do espírito sobre a matéria”, teremos alcançado a era do espírito, que extinguirá os desastres morais e materiais do materialismo e proporcionará a todos a paz e a felicidade prometidas pelo Cristo aos justos.
— Exatamente, Machado, mas façamos pausa aqui, para descanso de nossos leitores.
Que o Senhor da Vida nos abençoe os esforços incessantes em prol do bem de todos os seres da Terra. Até nosso próximo encontro, se assim o desejar o Messias Divino, sob as vistas do Pai Eterno.

Referências:

1.   XAVIER, Chico. Emmanuel. Pelo Espírito Emmanuel. 27 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2008, cap. 2, p. 29.
2.   ______. A caminho da luz. Pelo Espirito Emmanuel. 22. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1996, cap. 1.
3.   In: João, 10: 30.
4.   ______. Emmanuel. Pelo Espírito Emmanuel. 27. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2008, cap. 17.
5.   KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. 93. ed. (histórica). Brasília: FEB, 2013, q. 65.
6.   XAVIER, Chico. Emmanuel. Pelo Espírito Emmanuel. 27 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2008., cap. 24, p. 169- 170. 
7.   Id., ibid., p. 171.




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sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018





Cristianismo e Espiritismo

Léon Denis

Parte 14

Continuamos o estudo do livro Cristianismo e Espiritismo, que estamos realizando com base na 6ª edição publicada pela Federação Espírita Brasileira, tradução de Leopoldo Cirne.
Esperamos que este estudo constitua para o leitor uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas correspondentes às questões apresentadas encontram-se no final do texto indicado para leitura. 

Questões preliminares

A. Como se processa a evolução do homem?
B. Como é a vida no plano espiritual das pessoas inclinadas à materialidade?
C. Por que, na condição de encarnado, o Espírito esquece suas existências passadas?

Texto para leitura

179. A evolução se efetua, alternadamente, no espaço e na superfície dos mundos, através de inúmeras etapas, ligadas entre si pela lei de causa e efeito. A vida presente é, para cada qual, a herança do passado e a gestação do futuro. É uma escola e um campo de trabalho; a vida no espaço que lhe sucede é a sua resultante. (P. 220)
180. Para as almas inclinadas à materialidade, a vida no espaço é uma vida de privações e misérias. Depois de um estágio de repouso no espaço, a alma renasce na condição humana, trazendo as reservas e aquisições das vidas pregressas. Desse modo se explicam as desigualdades morais e intelectuais que diferenciam os habitantes do nosso mundo. (PP. 220 e 221)
181. Cada ser humano, regressando a este mundo, perde a lembrança do passado; este, fixado no perispírito, desaparece momentaneamente sob o invólucro carnal. Há nisso uma necessidade física e uma necessidade moral, porque a recordação das vidas precedentes causaria, neste mundo, as mais graves perturbações. Os criminosos seriam reconhecidos, repudiados, desprezados e ficariam, eles próprios, aterrados e como que hipnotizados por suas recordações. (PP. 222 e 223)
182. O conhecimento do passado perpetuaria em nós não somente a sucessão dos fatos, como também os hábitos rotineiros, as opiniões acanhadas, as manias pueris, obstinadas, peculiares às diversas épocas e que estorvam o progresso. (P. 223)
183. O mal não é mais que um efeito de contraste; não tem existência própria. O mal é, para o bem, o que a sombra é para a luz, que só apreciamos depois de havermos sido dela privados. (P. 227)
184. Deus, em sua pura essência, dizem os Espíritos, é qual oceano de chamas. Deus não tem forma, mas pode revestir uma para aparecer às almas elevadas. É a recompensa concedida às grandes dedicações, mas a sua majestade é de tal ordem, que os Espíritos mais puros mal lhe podem suportar o brilho. (P. 233)
185. O ensino espírita pode satisfazer a todos, aos mais aprimorados Espíritos, como aos mais modestos, mas dirige-se principalmente aos que sofrem, aos que vergam ao peso de rude labor ou de dolorosas provações. (P. 236)
186. “A crença na imortalidade – disse Platão – é o laço de toda a sociedade; despedaçai esse laço e a sociedade se dissolverá.” (P. 238) (Continua na próxima edição.)

Respostas às questões preliminares

A. Como se processa a evolução do homem?
A evolução humana se efetua, alternadamente, no espaço e na superfície dos mundos, através de inúmeras etapas, ligadas entre si pela lei de causa e efeito. A vida presente é, para cada qual, a herança do passado e a gestação do futuro. É uma escola e um campo de trabalho; a vida no espaço que lhe sucede é a sua resultante. (Cristianismo e Espiritismo, cap. X, p. 220.)
B. Como é a vida no plano espiritual das pessoas inclinadas à materialidade?
Para essas almas, a vida no espaço é cheia de privações e misérias. Depois de um estágio de repouso no espaço, elas renascem na condição humana, trazendo as reservas e aquisições das vidas pregressas. É desse modo que se explicam as desigualdades morais e intelectuais que diferenciam os habitantes do nosso mundo. (Obra citada, cap. X, pp. 220 e 221.)
C. Por que, na condição de encarnado, o Espírito esquece suas existências passadas?
Há nisso uma necessidade física e uma necessidade moral, visto que a recordação das vidas precedentes causaria, neste mundo, as mais graves perturbações. Os criminosos seriam reconhecidos, repudiados, desprezados e ficariam, eles próprios, aterrados e como que hipnotizados por suas recordações. O conhecimento do passado perpetuaria em nós não somente a sucessão dos fatos, como também os hábitos rotineiros, as opiniões acanhadas, as manias pueris, obstinadas, peculiares às diversas épocas e que estorvam o progresso. (Obra citada, cap. X, pp. 222 e 223.)

Nota:
Para ver os três últimos textos, clique nos links abaixo:




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quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018




Simpatias e antipatias espirituais

Este é o módulo 68 de uma série que esperamos sirva aos neófitos como iniciação ao estudo da doutrina espírita. Cada módulo compõe-se de duas partes: 1) questões para debate; 2) texto para leitura.
As respostas correspondentes às questões apresentadas encontram-se no final do texto sugerido para leitura. 

Questões para debate

1. De que princípio decorre a afeição particular que une duas pessoas?
2. A afeição que une as pessoas na Terra continua a existir no mundo espiritual?
3. É correto afirmar que é da discórdia que nascem os nossos males?
4. A maldade é um estado permanente ou transitório dos homens?
5. Que é que pode quebrar o círculo vicioso do ódio?

Texto para leitura

A afeição que une dois seres persiste na vida espiritual
1. Como seres inteligentes da Criação, os Espíritos cultivam entre si a simpatia geral determinada por suas próprias semelhanças. Além dessa simpatia de caráter geral, há ainda as afeições particulares, tal como se dá entre os homens.
2. Essa afeição particular decorre do princípio de afinidade, que resulta de uma perfeita concordância de seus pendores e instintos.
3. Assim como há simpatias entre os Espíritos, há também entre eles antipatias, alimentadas pelo ódio, que geram inimizades e dissensões. Esse sentimento só existe, porém, entre os Espíritos impuros, que não conseguiram vencer ainda, em si mesmos, o orgulho e o egoísmo. Como exercem influência junto aos homens, acabam estimulando nestes os desentendimentos e as discórdias, muito comuns na existência humana. 
4. Desde que originada de verdadeira simpatia, a afeição que dois seres se consagram na Terra continua a existir no mundo espiritual. 

Da discórdia é que nascem todos os males humanos
5. Sabemos que os Espíritos a quem fizemos mal neste mundo poderão perdoar-nos, se já forem bons e de acordo com nosso próprio arrependimento. Se, porém, forem maus, poderão guardar ressentimento e perseguir-nos até mesmo em outras existências. 
6. Como ensinam os Espíritos superiores, é da discórdia que nascem todos os males humanos; da concórdia resulta a completa felicidade. É preciso, pois, que nos esforcemos por viver harmoniosamente com os nossos familiares, colegas e companheiros de trabalho.
7. Como um dos objetivos da encarnação é o de trabalharmos no sentido de nos melhorarmos interiormente e chegarmos à perfeição espiritual, compreendemos melhor a afirmação de Jesus quando nos disse: “Amai os vossos inimigos”, porquanto só há prejuízo para o Espírito que tenha inimigos por força do mal que haja praticado, uma vez que os inimigos são obstáculos em sua caminhada e essa inimizade gera infelicidade e atraso em seu progresso espiritual.

Só o amor pode quebrar o círculo vicioso do ódio
8. Admitindo-se, como ensina o Espiritismo, que a maldade não é um estado permanente dos homens, que ela decorre de uma imperfeição temporária e que, assim como a criança se corrige dos seus defeitos, o homem mau reconhecerá um dia os seus erros e se tornará bom, compreenderemos também que nossa meta maior é superar a maldade que existe em nós e nos outros. 
9. Ora, só a manifestação de amor de nossa parte pode quebrar o círculo vicioso do ódio, que continua a existir, muitas vezes, mesmo depois da morte física.
10. O período mais propício a esse esforço é, sem dúvida, quando estamos juntos dos nossos inimigos, convivendo com eles, na condição de encarnados ou desencarnados, pois é quando temos as melhores oportunidades de testemunhar nosso propósito de cultivar a concórdia para com todos e, dessa forma, substituir os laços de ódio que nos ligam pelos laços de amor que passarão a nos unir.

Respostas às questões propostas

1. De que princípio decorre a afeição particular que une duas pessoas?
Os Espíritos cultivam entre si a simpatia geral determinada por suas próprias semelhanças, mas há, além dessa simpatia de caráter geral, as afeições particulares, tal como se dá entre os homens. Essa afeição particular decorre do princípio de afinidade, que resulta de uma perfeita concordância de seus pendores e instintos.
2. A afeição que une as pessoas na Terra continua a existir no mundo espiritual?
Sim. Desde que originada de verdadeira simpatia, a afeição que dois seres se consagram na Terra continua a existir no mundo espiritual. 
3. É correto afirmar que é da discórdia que nascem os nossos males?
Segundo o Espiritismo, é da discórdia que nascem todos os males humanos, e da concórdia resulta a completa felicidade. É preciso, pois, que nos esforcemos por viver harmoniosamente com os nossos familiares, colegas e companheiros de trabalho.
4. A maldade é um estado permanente ou transitório dos homens?
A maldade não é um estado permanente dos homens. Ela decorre de uma imperfeição temporária. Assim como a criança se corrige dos seus defeitos, o homem mau reconhecerá um dia os seus erros e se tornará um indivíduo melhor.
5. Que é que pode quebrar o círculo vicioso do ódio?
Só a manifestação de amor de nossa parte pode quebrar o círculo vicioso do ódio, e o período mais propício a esse esforço é, sem dúvida, quando estamos juntos dos nossos inimigos, convivendo com eles, na condição de encarnados ou desencarnados, pois é quando temos as melhores oportunidades de testemunhar nosso propósito de cultivar a concórdia para com todos e, dessa forma, substituir os laços de ódio que nos ligam pelos laços de amor que passarão a nos unir.


Bibliografia:
O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, itens 298 e 301.   
O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, capítulo 12, itens 5 e 6.


Nota:
Eis os links que remetem aos 3 últimos textos:




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