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domingo, 8 de abril de 2018





O que pode tornar feliz uma pessoa

Em sua edição de 14 de fevereiro deste ano a revista VEJA publicou uma matéria especial sobre o tema felicidade, cujo mérito foi apresentar ao leitor um resumo a respeito dos estudos e das pesquisas científicas que vêm esmiuçando a forma como o organismo e o meio social, juntos, predispõem as pessoas a ser felizes.
Metade da propensão do ser humano à felicidade, dizem os pesquisadores, é determinada pela genética; a outra metade depende de fatores externos. Alguns destes dependem de aspectos sobre os quais não temos controle total – casamento, filhos, trabalho e dinheiro. O restante relaciona-se com a forma como encaramos o que a vida nos apresenta.
Pesquisa conduzida pela Universidade Harvard há quase oitenta anos sinaliza que o fator em comum entre os indivíduos felizes é a qualidade de suas relações – familiares, amorosas ou de amizade. Os que nutrem relacionamentos satisfatórios apresentam níveis mais baixos de estresse.
Outras pesquisas mostram que ter um propósito na vida é um componente fundamental. Quando temos em vista uma meta, um objetivo, fica mais fácil sobreviver ao tédio e às situações desagradáveis do dia a dia. Nesse sentido, as pessoas que têm fé levariam vantagem.
A matéria destaca duas informações importantes que têm, cada qual a seu modo, relação com o que aprendemos no Espiritismo. A primeira: com a difusão das ideias cristãs, ganhou força no mundo a doutrina de que a felicidade duradoura não pertence a este mundo. A segunda: o pai da psicanálise, Sigmund Freud, considerava a felicidade um estado fugidio, inalcançável plenamente, devido ao conflito entre os desejos do ser humano e as imposições sociais.
Como o Espiritismo trata a questão?
Antes de responder, recordemos uma passagem contida no livro O Gigante Deitado – Vida e obra de Jerônimo Mendonça, escrito por Jane Martins Vilela, atual diretora responsável do jornal O Imortal:

“Em Brasília, numa entrevista para a televisão houve permissão para perguntas dos telespectadores. Uma senhora perguntou-lhe:
- Jerônimo, acho você um exemplo para todos nós. Sei que é muito culto e que poderia fazer perguntas difíceis, mas quero apenas perguntar o que é a felicidade para você.
Ele meditou breves segundos e respondeu alegre:
- Para mim, senhora, que estou nesta cama há 25 anos, seria por um minuto apenas deitar-me de bruços.” (Obra citada, p. 149.)

Para os que ignoram quem foi Jerônimo, lembremos que ele fora nas últimas décadas de sua vida tetraplégico e cego.
Em mensagem transmitida em Paris, intitulada A felicidade não é deste mundo, o Espírito de François-Nicolas-Madeleine, que fora na Terra o cardeal Morlot, abordou com precisão o tema, explicando por que as pessoas procuram, às vezes inutilmente, ser felizes e não o conseguem. (Cf. O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. V, item 20.)
Vê-se que, embora a felicidade duradoura não seja frequente no nosso planeta, há determinados momentos na vida em que a gente se sente muito feliz, tal como Jerônimo Mendonça declarou na entrevista acima reproduzida. Assim se dá quando nasce um filho, quando casamos, quando passamos num concurso, quando ingressamos na Universidade, quando recebemos nosso diploma de formatura, quando nosso time é campeão... Mas são momentos que passam e, muitas vezes, seguidos de períodos de aflição e de tristeza, de modo que, na visão do Espiritismo, a felicidade duradoura não é, efetivamente, apanágio do orbe em que vivemos.
A explicação desse fato que intriga a todos pode, consoante evidentemente os ensinos espíritas, ser deduzida das questões abaixo constantes d´O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec:

920. Pode o homem gozar de completa felicidade na Terra?
“Não, por isso que a vida lhe foi dada como prova ou expiação. Dele, porém, depende a suavização de seus males e o ser tão feliz quanto possível na Terra.”
921. Concebe-se que o homem será feliz na Terra, quando a Humanidade estiver transformada. Mas, enquanto isso se não verifica, poderá conseguir uma felicidade relativa?
“O homem é quase sempre o obreiro da sua própria infelicidade. Praticando a lei de Deus, a muitos males se forrará e proporcionará a si mesmo felicidade tão grande quanto o comporte a sua existência grosseira.”
922. A felicidade terrestre é relativa à posição de cada um. O que basta para a felicidade de um, constitui a desgraça de outro. Haverá, contudo, alguma soma de felicidade comum a todos os homens?
“Com relação à vida material, é a posse do necessário. Com relação à vida moral, a consciência tranquila e a fé no futuro.”




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