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domingo, 20 de maio de 2018




Obsessão: mal de remédio fácil, mas cura difícil

A obsessão é uma das causas que mais têm levado pessoas à procura de ajuda nos centros espíritas. Personalidades de destaque nas lides espíritas, como Benedita Fernandes, a Dama da Caridade, chegaram ao Espiritismo pela via da dor motivada pela obsessão.
Trata-se de um fenômeno mencionado com frequência nas páginas do Evangelho, havendo Jesus atuado em inúmeros casos, enfatizando sempre, no final, a importância da mudança de comportamento por parte das pessoas por ele curadas. “Vai e não peques mais, para que não te aconteça coisa pior” – eis uma frase repetida pelo Mestre inúmeras vezes ao longo do seu messianato.
Na obra de Allan Kardec, especialmente nas edições da Revista Espírita, são muitos os casos relatados.
Na Revista Espírita de 1863, que vem sendo estudada sequencialmente neste periódico, Allan Kardec conta-nos, entre outros, o caso verificado com a mulher de um marinheiro radicado em Boulogne-sur-Mer (França), a qual se encontrava nos últimos quinze anos sob o domínio de uma triste subjugação. Quase todas as noites, despertada por volta da meia-noite, a mulher era atirada fora do leito, por vezes seminua, e obrigada a sair de casa e a correr pelo campo. Após marchar por duas ou três horas, somente ao parar ela tomava consciência de seu ato, e nem mesmo orar conseguia, visto que, ao tentar fazê-lo, suas ideias se misturavam a coisas bizarras e até sujas.
Comentando o fato, Kardec lembra-nos que em certos casos de perturbação a causa pode ser puramente material, mas há outros em que a intervenção de uma inteligência oculta é evidente, uma vez que, combatendo essa inteligência, detém-se o mal, ao passo que atacando apenas a suposta causa material nada se consegue.
Algumas pessoas – diz o Codificador – atribuem essa ação aos demônios. O Espiritismo a atribui aos Espíritos, que são às vezes tão malvados quanto os supostos demônios, mas a quem o futuro não está fechado e que se melhorarão à medida que neles se desenvolver o senso moral, na sucessão das existências corpóreas.
Em determinada região do nosso país verificou-se anos atrás um fato quase idêntico ao relatado por Kardec. Uma jovem que cursava o último ano da faculdade de Direito passou por perturbação semelhante. Durante a madrugada, ela era despertada e obrigada por uma força incoercível a sair de casa, nas condições em que se encontrasse, muitas vezes seminua. Assim guiada, era conduzida até à zona de meretrício da cidade, quando então despertava e enfrentava situações vexatórias.
O Espiritismo oferece-nos orientações precisas que podem ajudar-nos a vencer a obsessão. Os meios e os recursos que ele nos indica, se efetivamente adotados, são bastante eficazes. Mas, tal como aconteceu no caso a que nos reportamos, tais meios e recursos são muitas vezes, por puro preconceito, rejeitados, inviabilizando a cura, fato que levou J. Herculano Pires a escrever, em uma de suas obras:

“A obsessão é um mal de cura difícil, mas de remédio fácil. Se os doentes aceitassem o remédio, a cura se processaria com maior rapidez. Em geral os casos de obsessão demandam longo e paciente tratamento, porque os doentes não tomam o remédio.” (Diálogo dos Vivos, cap. 31)




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