Matar-se não
soluciona os problemas
No Brasil e também nos Estados Unidos,
é entre os jovens que tem sido registrada, nos dias em que vivemos, a maior
expansão no número de suicídios. A principal revista semanal de nosso país
dedicou em sua edição de 20 de junho uma extensa reportagem sobre o tema.
Segundo a matéria, a decisão de pôr fim à própria vida já é a quarta causa mais
frequente de morte entre os jovens.
É evidente que ocorrências suicidas
são acontecimentos antigos em nosso mundo. Mas atingiam, em maior número,
indivíduos adultos, um dado que, como vemos, tem sofrido significativa mudança.
Várias obras espíritas têm tratado do
assunto, que foi igualmente objeto de estudo por parte de Allan Kardec, como
mostramos oportunamente neste blog.
No livro Astronautas do Além, fruto de uma parceria entre Chico Xavier e J.
Herculano Pires, o tema foi focalizado no capítulo 3, que teve origem em um
bilhete escrito por um amigo de Cornélio Pires, o qual solicitou a opinião do
conhecido poeta a respeito do suicídio.
Na reunião pública em que Cornélio
atendeu ao pedido do amigo, feita a prece inicial, caiu para estudo a questão
943 d’O Livro dos Espíritos: - De
onde vem o desgosto pela vida que, sem motivos plausíveis, se apodera de alguns
indivíduos? “Efeito da ociosidade, da
falta de fé e geralmente do fastio”, responderam os Espíritos.
Cornélio Pires, respondendo à consulta,
escreveu então, pelas mãos de Chico Xavier, o poema Suicídio, formado por oito quadras, nas quais diz que não devemos
pensar em suicídio nem mesmo por brincadeira, porquanto um ato desses resulta
na dor de uma vida inteira. Em seguida, narrou de forma sintética o drama de
seis suicidas e as respectivas consequências. Quim afogou-se num poço e
renasceu atolado no enfisema. Dilermanda matou-se com um tiro e agora não fala,
não vê, não anda. Dona Cesária da Estiva pôs fogo nas próprias vestes e retornou
num corpo que é chaga viva. Maricota da Trindade suicidou-se ingerindo
formicida e voltou, morrendo de um câncer aos quatro meses de idade. Columbano
enforcou-se e hoje é paraplégico. Dona Lília Dagele queimou-se com gasolina e
agora sofre sarna que lembra fogo na pele.
Após o relato, Cornélio fechou o poema
com um admirável conselho:
Tolera com paciência
Qualquer problema ou pesar;
Não adianta morrer,
Adianta é se melhorar.
No comentário que escreveu acerca da
mesma questão e seus efeitos, Herculano Pires lembra-nos que não é Deus quem
castiga o suicida, pois é o próprio indivíduo que castiga a si mesmo, incurso
pelo seu procedimento nas consequências da lei de causa e efeito.
Ninguém – diz Herculano – é levado na
corrente da vida pela força exclusiva das circunstâncias. Além de deter em si a
faculdade do livre-arbítrio, para poder controlar-se e dirigir-se, o homem está
sempre amparado pelas forças espirituais que governam o fluxo das coisas. Daí a
recomendação de Jesus: “Orai e vigiai”.
“A vida material – acrescenta
Herculano – é um exercício para o desenvolvimento dos poderes do Espírito. Quem
abandona o exercício por vontade própria está renunciando ao seu
desenvolvimento e sofre as consequências naturais dessa opção negativa.” “Nova
oportunidade lhe será concedida, mas já então ao peso do fracasso anterior.”
Tolerar as dificuldades e os pesares,
eis, portanto, uma sábia atitude, porque buscar a morte não soluciona problema
algum, apenas o agrava.
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