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sábado, 4 de agosto de 2018




O sonho de Jó

JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

I have a dream, também, como teve seu sonho o inolvidável pacifista assassinado Martin Luther King Jr. No seu devaneio, predominavam os ideais de união entre negros e brancos e de uma sociedade livre. No meu, sobressai o desejo de um mundo equânime, espiritualizado e espirituoso.
Aliás, não era outro o desejo de Allan Kardec senão o da união de todas as religiões em torno de três pontos: a imortalidade da alma, as leis morais e os planos divinos para a nossa perfectibilidade (terceira parte d’O Livro dos Espíritos). Seu objetivo não foi fundar uma nova religião, até porque o Espiritismo não é uma religião tradicional, com sacerdotes, paramentos, dogmas, rituais e cobrança de dízimos. Se a crença espírita é hoje reconhecida como religião, é graças à intolerância e perseguição a ela movidas pela Igreja.
O Espiritismo, ou Doutrina Espírita, propunha-se a ser uma Filosofia de consequências morais, com base nos ensinamentos de Jesus Cristo, nosso Senhor e Mestre. Ela não é uma teoria meramente humana, e sim a revelação dos Espíritos, coordenados pelo Espírito Verdade, o Verbo do Cristo.
O Espiritismo jamais pretendeu substituir qualquer religião, mas sim subsidiá-la com base no desvelar de fenômenos naturais tidos, até então, na Terra, como fatos miraculosos e sobrenaturais. Para alcançarmos o objetivo da perfeição, meta cristã, os emissários divinos recomendam-nos o cultivo do amor e da instrução, as asas simbólicas da evolução espiritual.
Ao amor, associa-se a compaixão por nosso próximo. Em consequência, esforçamo-nos em exercitar o perdão das ofensas, a indulgência e a benevolência com todos. É o PIB da caridade, que não é um produto interno bruto e, sim, um produto interno bom!
Por conhecimento, entendemos tudo aquilo que nos faça perceber o tamanho de nossa ignorância e nos torne mais humildes, sem que nos acomodemos nessa insipiência. Seremos sábios quando praticarmos o bem que aprendemos e ensinamos.
Este é o plano de Deus para cada um de seus filhos, que Jesus nos lembrou, quando disse: “— Sede perfeitos, como é Perfeito vosso Pai Celestial” (Mateus, 5: 48). Esta é, pois, uma jornada infinita de cada um de nós, filhos de Deus, o Absoluto, eternamente presente em nossa consciência.
Quando houvermos alcançado a perfeição do Cristo, modelo para nossas vidas, guia espiritual da humanidade, ainda que jamais sejamos puros como o Pai, mas plenamente identificados com Este, poderemos dizer, como Aquele: “— Eu e o Pai somos um” (João, 10: 30).
O materialismo propõe-nos culto ao corpo e submissão às paixões animalizadas de existência efêmera. O espiritualismo dá-nos opção pelo amor ao próximo, como a nós mesmos, e a Deus, nosso Pai, Espírito Perfeito que nos criou para o perfeccionismo na eternidade da vida.
Por saber disso, mais do que acreditar nisso, eu permaneço firme no meu sonho de um mundo justo, espiritualizado e espirituoso... mas não ébrio.






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