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sábado, 8 de setembro de 2018




As ovelhas e os bodes...

JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Amigo leitor, lembra-se de minha promessa de explicar-lhe o sentido das palavras do Cristo expressas por Mateus, 25:31 a 46? Pois chegou a hora da verdade. As ovelhas são todas as pessoas de bom coração, que ouvem as palavras do Cristo e, sobretudo, praticam os seus ensinamentos. Os bodes são todos aqueles que nada fazem do que foi dito acima...
Vimos domingo, na televisão, idoso com dificuldade para subir a escada da porta de entrada de ônibus. Logo atrás, estava um jovem, completamente indiferente à sorte do senhor. Modesto vendedor de balas, porém, vendo a cena, apressou-se em ajudar o necessitado a entrar no coletivo.
Alguém que filmava a cena de um dos andares de edifício em frente, comovido com o gesto do baleiro, comprou-lhe todos os doces. Nesse dia, o vendedor ambulante pôde voltar mais cedo para sua casa. O almoço estava garantido para ele e esposa. Seu gesto de bondade atraíra outro, bom.
Também viralizou na internet nova cena: colado a moto quebrada, lia-se num papel a seguinte informação, com telefone para contato: “Destruí sua moto. Me liga”. O bilhete era do dono do ônibus que causara o acidente.
O autor do recado, o baleiro e seu generoso “cliente” são algumas das “boas ovelhas” citadas por Jesus simbolicamente.
No último domingo, um incêndio destruiu 90% das obras do Museu Nacional, situado na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro. Dentre os diversos comentários sobre a tragédia, destacamos o do Ministro da Secretaria do Governo: “Agora que aconteceu, tem muita viúva chorando [...], mas, na verdade, essas viúvas não amavam tanto assim o museu...”
Quem não amava o museu: o povo, que em média de 150 mil pessoas visitava, anualmente, o local, ou o governo, que somente em 2014 deixou de aplicar ali vinte milhões de reais?
Quem não amava o museu: as inúmeras famílias que lá iam com seus amigos, filhos e netos, estudantes, pesquisadores ou a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) que, desde 2004, não atendia aos apelos de providências do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN)?
Aquele rapaz indiferente à necessidade de ajuda ao próximo, tão perto dele, assim como os gestores de nossa economia que não preservam nossa cultura nem valorizam nossa educação estão na situação dos bodes citados por Jesus na parábola acima, narrada por Mateus.
E, se quem afirmou sobre a falência de nossa educação foi o Ministro... da Educação, também quem criticou a destruição do museu mais importante da América Latina e de nossa cultura foi nosso Ministro... da Cultura. Se isso ocorresse num país sério, muitas cabeças rolariam.
Será que o fogo queimou também o papel com o nome e o telefone do incendiário de parte da cultura mundial? Quem é o bode expiatório?    






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