Falar e
ouvir
Emmanuel
Não esqueçamos em tempo
algum o poder criativo da palavra.
O que falas é dito com
toda a força daquilo que és. Por isso, o problema não se limita unicamente a
falar, mas a falar para o bem, evitando tudo o que se faça inconveniente ao
equilíbrio ou à segurança do próximo.
Precioso é o ministério
daqueles que suprimem a penúria material, e sublime será sempre o apostolado
daqueles que ensinam, dissolvendo o nevoeiro da ignorância; entretanto, não
menos valioso é o trabalho daqueles outros que facilitam a estrada dos
semelhantes.
Qualquer de nós sabe
remover um perigo na via pública ou extirpar a planta venenosa no chão
doméstico, atentos à nossa responsabilidade na vida comunitária.
Como não auxiliar o
companheiro de experiência, calando o apontamento capaz de amargar-lhe a
existência, tão sequiosa de paz quanto a nossa?
Para isso não é
necessário cultivar indisposições com aqueles amigos outros que ainda falam
desconhecendo, muita vez, as realidades do espírito. Basta instalar o filtro da
compreensão na acústica da alma.
Tudo o que nos
traumatize os sentimentos é justo arredar do nosso intercâmbio com os demais,
porquanto a regra áurea deve ser chamada a legislar no assunto, a fim de que
não venhamos a falar a outrem aquilo que não desejamos que outrem nos fale.
Observemos, sobretudo,
na condição de criaturas terrestres, o equipamento de que a Sabedoria Divina
nos revestiu para controle dos recursos verbais: dois olhos, dois ouvidos;
todavia, tão somente uma boca e, assim mesmo, antes que a palavra se prefigure
nos lábios, temos os impulsos do coração a se projetarem para o cérebro e, no
cérebro, esses mesmos impulsos se transformam em pensamentos, suscetíveis de
sofrer rigorosa seleção, qual acontece aos alimentos em casa.
Examinemos todas as
ideias que nos surjam à cabeça, e, assim como sabemos evitar as batatas deterioradas,
toda vez que as ideias não edifiquem, desliguemos as tomadas da atenção, a fim
de que nos decidamos a empregar esquecimento e distância com elas.
Do livro Alma e coração, obra mediúnica
psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
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