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sábado, 13 de outubro de 2018




No princípio era o verbo

JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Amigo leitor, a partir de hoje, voltaremos a conversar com Emmanuel a respeito da Boa-Nova. Ei-lo, que chega.
— Boa noite, Machado. Em que te posso ser útil?
— Boa noite, Emmanuel. Poderíamos retornar àquela nossa entrevista sobre o Cristo e suas mensagens?
— Naturalmente. Responder-te-ei, todavia, de acordo com os conhecimentos obtidos na esfera espiritual em que estive antes de meu ingresso em nova etapa de aprendizagem... Nada te direi que já não tenha dito...
— Pois bem, diz-me, então, em que sentido podemos entender a afirmação de João, no capítulo I do seu Evangelho: “No princípio, era o Verbo. E o Verbo estava com Deus, e Verbo era Deus”.
— Deus é Amor e Vida, e a mais perfeita expressão do Verbo para o orbe terrestre era e é Jesus, identificado com a Sua Misericórdia e Sabedoria, desde a organização primordial do planeta.
Visível ou oculto, o Verbo é o traço da Luz Divina em todas as coisas e em todos os seres nas mais variadas condições do processo de aperfeiçoamento.
Nenhuma expressão fornece imagem mais justa do poder d’Aquele a quem todos os espíritos da Terra rendem culto do que a de João, no seu Evangelho: “No princípio era o Verbo...”.
Jesus, cuja perfeição se perde na noite imperscrutável das eras, personificando a sabedoria e o amor, tem orientado todo o desenvolvimento da Humanidade, enviando os seus iluminados mensageiros, em todos os tempos, aos agrupamentos humanos e, assim como presidiu à formação do orbe, dirigindo, como Divino Inspirador, a quantos colaboraram na tarefa da elaboração geológica do planeta e da disseminação da vida em todos os laboratórios da natureza, desde que o homem conquistou a racionalidade, vem fornecendo-lhe a ideia da sua Divina origem, o tesouro das concepções de Deus e da imortalidade do espírito, revelando-lhe, em cada época, aquilo que a sua compreensão pode abranger.
— Muito bem, Emmanuel. Vejo que estás bastante lúcido. Mas como entender o verbo emitido pelos nossos amigos encarnados?
— Meu caro Machado, é preciso que aprendamos a sentir com amor, a fim de que venhamos a pensar com justiça e a falar para o bem. E, se o próprio Testamento Divino assegura que “no princípio era o verbo”, depois do Amor e da Justiça do Criador, apareceu a expressão verbal como fermento vivo da Criação. Em todos os avisos da caridade, não nos esqueçamos da boa palavra que socorre e ilumina sempre.
Para usá-la com segurança, não é preciso que assumamos posição compulsória de santidade, transformando a frase em látego de chamas sobre os enganos que ainda entenebrecem o roteiro do próximo. Basta que nossa diligência no bem se faça incessante.
À frente do comentário calunioso, lembra alguma virtude da criatura visada pela chuva injustificável de lodo e lama.
Perante as anotações do desânimo, fala acerca das esperanças do Céu que ainda não apagou o Sol com que nos clareia o caminho.
Diante da delinquência, recorda a Misericórdia celestial que a todos nos provê de recursos para o pagamento das próprias faltas.
Ante a irritação e a crítica, não pronuncies o venenoso apontamento que dilacera a distância, mas sim procura algum fato ou alguma lição em que a pessoa reprovada encontre alívio e consolo.
Sobretudo, auxilia aos ausentes que não podem cogitar da própria defesa.
Lembra-te de que todo aquele que hoje desaprova os outros contigo, amanhã te desaprovará também diante dos outros
— Que língua! Se eu conseguir jamais esquecer a última frase de tua recomendação, amigo, já terei feito muito para honrar o Verbo do Princípio, que a todos ama e a todos destina a verdadeira felicidade da vida superior. Muito obrigado. Até nosso próximo encontro.
— Eu que te agradeço, bondoso amigo. Adeus.


Fonte consultada: XAVIER, Francisco Cândido. O Evangelho de Emmanuel: comentários ao evangelho segundo João.  Coordenação de Saulo César Ribeiro da Silva. 1. ed. Brasília: FEB, 2015, p. 27- 29.








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