O Natal do Senhor
Segundo o calendário
oficial, Jesus nasceu há 2018 anos. Mas – perguntamos – quando Jesus nasceu para nós? E
que significa seu nascimento na intimidade de nossas vidas?
Jesus disse que nos
amássemos como ele nos amou. E disse que esse era seu jugo e também o seu
fardo. Jugo suave, porque amor; fardo leve, porque caridade. Caridade significa
amor de irmão, o que implica olharmos para nosso lado e enxergar irmãos nos
companheiros do caminho – tornar-nos o próximo daqueles que se aproximam de
nós.
O que o amor opera
em nossos corações é a chave que pode abrir os grilhões que nos prendem às
coisas materiais, à materialidade do mundo. Quando Jesus enunciou a palavra
amor, exemplificando-a no trato conosco, o mundo sofreu um abalo. E seu
nascimento significa o abalo em nossas convicções que faz com que procuremos
realmente nos modificar para melhor.
Se Jesus já nasceu
em nossos corações, então podemos saber que demos o primeiro passo para a
salvação – passo esse de que só nossa consciência é testemunha e que só diz
respeito a nós e a Deus. Mas... que significa realmente salvar-se?
Quando Jesus iniciou
suas pregações, ele repetiu, docemente, as palavras do Batista: “arrependam-se,
façam penitência, e convertam-se, porque o Reino dos Céus está próximo de
vocês”, o que implica dizer que o Reino de Deus, onde a lei de justiça, amor e
caridade é plenamente exercida, está a um passo de nós, porque, se nos
arrependermos, se repararmos o mal que fizemos e se convertermos nossa face
para o Criador, então o Reino será edificado nos nossos corações e nos
libertaremos.
Jesus, ao proferir a
palavra amor, iniciou uma revolução. Mas ele não foi nem é um revolucionário
vulgar, como muitos o veem. Nem sequer é um revolucionário, porque não veio
destruir a lei. Ele foi o exemplo puro da lei de Deus, o agente de
transformação de nossos corações para melhor.
Jesus desperta em
nós o que temos de melhor. E, apesar de nossos erros, todos temos o que a
humanidade tem de melhor – o amor, em uns latente, em outros quase sufocado
entre os espinhos do egoísmo, em outros ainda desabrochando em atos
humanitários, em pequena ou larga escala segundo a estatura de cada um.
Ele nos conhece a
todos nós por nossos predicados e quer que cada um de nós desperte a semente
adormecida do amor em nossos corações.
A cada Natal, quando
as atenções das pessoas se voltam inteiramente para Papai Noel, geralmente
esquecemos o verdadeiro aniversariante.
Não esquecemos as
compras (se podemos comprar), tampouco a ceia (se podemos cear), mas
invariavelmente esquecemos Jesus ou, o que é pior, se nos lembramos dele, nem
sempre agimos de acordo com o que seu nome faz lembrar, que é a observância da
lei do amor.
Quantas vezes a
reunião familiar, mesmo nas festas de Natal, é permeada de azedume, de
hipocrisia, de malquerença? Quantas vezes, em um momento que deveria ser a
celebração do amor, somos arrastados pelos excessos e pelos prazeres menos
dignos?
Jesus fez seu
primeiro “milagre” numa festa de casamento. Usamos aqui o vocábulo milagre por
mera concessão aos cristãos não-espíritas, porque milagres – ensina o
Espiritismo – não existem.
Pelo relato dos
evangelistas, parecia que o Mestre gostava de ambientes festivos, porque
alegres, mas revestidos de uma alegria pura, sem a mácula dos interesses
mundanos. Acreditamos, por isso, que Jesus quer que festejemos, sim, e parece
que não quer ser tão somente lembrado, mas que lembremos sua exortação final
aos discípulos amados: “amem-se como eu os amei”.
Recordemos suas
lições nesta semana em que se celebra mais um Natal e mostremos aos nossos
filhos e aos nossos netos que o aniversariante a ser reverenciado não é o
velhinho simpático, de vestes vermelhas, que encanta as criancinhas, mas sim o
Amigo de todas as horas que recebeu do Pai a missão de conduzir a humanidade
terrena ao porto da paz e da felicidade.
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