Uma estrela que
desejava reaver as asas de vaga-lume
CÍNTHIA
CORTEGOSO
cinthiacortegoso@gmail.com
De
Londrina-PR
Talvez a menina sentisse o céu mais perto do que
realmente era. Talvez identificasse melhor algumas estrelinhas e as
compreendesse apenas pelo olhar, pois o que não faltava à pequena Maria era
sensibilidade. Talvez desejasse mesmo era ser uma estrelinha para enxergar os
lugares lá de cima e avistar todas as crianças, os animais, os campos − os de
flores e os simplesmente verdes − já que Maria amava isso tudo.
E se quisesse encontrar a menina durante o momento
da lua, bastaria olhar no quintal do fundo da casa que ela estaria sentadinha
no banquinho branco de madeira, presente do avô. Às vezes, Lile, sua
cachorrinha de pelos curtos e cor caramelo, ficava deitada por perto. No
entanto, a cada barulho diferente, o animalzinho ia verificar e por isso não ficava
perto de Maria o tempo todo, porém ela sabia que a menina estava lá e isso
bastava. A menina olhava para o céu e Lile também.
Maria desvendava as imagens percebidas no alto e as
estrelas − os vaga-lumes do céu − piscavam, e Maria, na verdade, adoraria ser
uma delas. Quase nada a encantava tanto como esse brilho, apenas algo a
encantava muito ainda, o olhar bondoso das pessoas, disso Maria gostava.
E como se fosse um código da intensidade revezada
pelo brilho das estrelas, como se fosse uma sinfonia, a menina compreendia a
mensagem a ela passada. E numa dessas noites, Maria recebeu uma informação que
mais a felicitou do que lhe trouxe susto: ela se transformaria em um vaga-lume.
Sim, há estrelinhas na Terra que voltam logo ao
infinito do céu para ajudarem a conduzir com amor os corações que ainda não
conseguem, sozinhos, se guiar.
Como consultar as matérias deste
blog? Se você não conhece a estrutura deste blog, clique neste link: https://goo.gl/ZCUsF8, e verá como utilizá-lo
e os vários recursos que ele nos propicia.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário