Vale a pena conhecer o futuro?
JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
“Vinde,
vós que desejais crer. Os Espíritos celestes acorrem a vos anunciar grandes
coisas.” – Santo Agostinho (KARDEC, Allan. O
Evangelho segundo o Espiritismo, cap. 27, it. 23.)
No último domingo, 10 de fevereiro de
2019, corri mais uma vez no Parque da Cidade, em Brasília. Dessa vez, estava
acompanhado de um grande amigo.
Ao término da corrida, convidei-o a
tomar água de coco e nos sentamos em frente ao quiosque do local conhecido
outrora como Pedalinho, para conversarmos e bebermos o precioso líquido
repositor de sais minerais e potássio em nosso organismo. Ele, então, disse-me
que, há alguns meses, consultou um astrólogo para ver se este era capaz de
revelar-lhe seu passado e seu futuro. Isso seria feito com base na leitura de
seu “mapa astral”.
— O profissional, disse-me o amigo
Cunegundes, não só me revelou muita coisa ocorrida em meu passado, como também
desvendou-me o futuro. Fiquei tão perplexo com o que me disse sobre ocorrências
das quais eu já nem lembrava, e outras acontecidas, de fato, que não mais
duvidei dos astros e do astrólogo. Ante meus olhos perplexos, o profissional
anteviu meu futuro brilhante. Ficarei
rico! muito rico! riquíssimo! Conhecerei o mundo e nada me faltará, pois o
Senhor é meu Pastor...
— E que você conversou com o tal
astrólogo, meu amigo, antes do desvendar de seu planejamento reencarnatório
brilhante? Perguntei-lhe.
— Apenas lhe disse meu nome...
— Não acredito. Você deve ter marcado a
consulta com antecedência... Hoje em dia, basta colocar o nome de alguém no
Google e...
— Não seja cético, Jó, tudo o que me
foi falado pelo astrólogo aconteceu em nosso primeiro encontro.
— Pois, meu caro, como sei que você é
estudioso do Espiritismo, respondi-lhe, vou preveni-lo de que, se você reler as
obras de Allan Kardec sobre revelações, acontecimentos futuros, deparar-se-á
com diversos alertas do codificador e dos Espíritos superiores sobre o perigo
de nossa credulidade em tais previsões.
— Deixe de ser bobo, meu caro, já li O Livro dos Médiuns dez vezes, e nada há
ali contra as revelações sobre nosso futuro.
— Pois bem, Cunegundes, não conheço
tanto quanto você essa obra, mas como estou certo de que Kardec nos alerta
sobre o assunto nas obras espíritas que publicou, vou pesquisar... Se for
verdade o que você me diz, também vou consultar esse astrólogo... Talvez eu
também fique rico... e nunca procurei
saber disso. O que sei é que “pra ter fon-fon,
trabalhei, trabalhei”, como diria o falecido cantor Wilson Simonal num de seus
sucessos musicais. E continuo pobre, mas feliz...
— Com os conhecimentos que tenho, meu
pobre amigo Jó, posso garantir-lhe que o
futuro me pertence... Quanto a você, creio que lhe cabe o ditado: “Quem nasceu
para minhoca nunca chega a gavião”. Adeus!
— Adeus, meu sábio amigo!
Responder-lhe-ei na próxima crônica.
Horas
depois, reli, n’O Livro dos Espíritos, questão 868, a
pergunta de Kardec se o futuro pode ser
revelado ao homem. Como resposta, li a informação de que “Em princípio, o
futuro lhe é oculto e somente em casos raros e excepcionais Deus permite que
seja revelado”.
Já na questão 869, li o seguinte: “Com
que objetivo o futuro é oculto ao homem?”
Resposta: “Se o homem conhecesse o
futuro, negligenciaria o presente e não agiria com a mesma liberdade, porque
seria dominado pela ideia de que, se uma coisa tem que acontecer, não adianta
ocupar-se dela, ou então tentaria impedia que acontecesse. Deus não quis que
assim fosse, a fim de que cada um concorra para a realização das coisas, até
daquelas a que desejaria opor-se. Assim é que, muitas vezes e sem desconfiares,
tu mesmo preparas os acontecimentos que sobrevirão no curso da tua vida.”
Não satisfeito com essa informação,
consultei também O Livro dos Médiuns. Eis o que li, no seu capítulo
26, item 289, número 7, da segunda parte da obra, quando Kardec questiona se os
Espíritos podem revelar-nos o futuro:
“Se o homem conhecesse o futuro, não
cuidaria do presente. Esse é um ponto sobre o qual sempre insistis, com vistas
à obtenção de uma resposta precisa. Trata-se de grande erro, pois a
manifestação dos Espíritos não é um meio de adivinhação. Se fizerdes questão
absoluta de uma resposta, ela vos será dada por um Espírito leviano, conforme
temos dito a todo instante.”
Ainda não me dei por contente e
consultei Obras Póstumas, também de
Kardec, e li as orientações e advertências contidas no capítulo Segunda vista,
subtítulo Conhecimento do futuro. Previsões. Uma frase merece reflexão ali: “O
vidente, aquele que de fato merece esse nome, o vidente sério, e não o
charlatão que simula essa faculdade, o vidente verdadeiro, em suma, não diz o
que o vulgo denomina buena-dicha; ele
apenas prevê as consequências do presente; nada mais e já é muito”.
Como fiquei satisfeito com o que li,
dada a importância do assunto que, afinal, trata de nosso porvir, recomendo ao queridíssimo
amigo Cunegundes a leitura completa das informações em: 1) O Livro dos Espíritos, livro terceiro, subtítulo: Conhecimento do
futuro, questões 868 a 872; 2) O Livro
dos Médiuns, segunda parte, capítulo 26, questão 289, números 7 a 12, além
de todo o capítulo citado acima de Obras
Póstumas.
Por certo, se consultar outras obras
editadas pelo sábio Allan Kardec, novas luzes surgirão sobre o assunto, que se
encerra, a nosso modesto modo de ver, em Obras
Póstumas. Eu, entretanto, desde cedo, estudando a Doutrina Espírita,
Consolador Prometido por Jesus, aprendi sobre esse assunto que a garantia de um
futuro feliz para todo o ser humano está em muito trabalho e boas companhias
espirituais e encarnadas. Tudo o mais é ilusão e decepção no futuro.
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