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domingo, 31 de março de 2019





A importância do Evangelho na questão da vigilância

No cap. 16 do livro Nos Domínios da Mediunidade, o instrutor Aulus atribui à invigilância a causa principal que leva muitos médiuns a recuarem da jornada iniciada. Segundo ele, livre para decidir quanto ao próprio destino, o médium prefere, muitas vezes, estagiar com companhias indesejáveis, dando ouvidos a elementos corruptores que o visitam pelas brechas da invigilância, e, em face disso, tropeça e se estira na preguiça, na cupidez, na sexualidade delinquente ou no personalismo destruidor, com o que se torna joguete dos adversários do bem que lhe vampirizam as forças e aniquilam suas melhores possibilidades.
O fato descrito acomete, como sabemos, não somente os médiuns, mas os trabalhadores em geral, o que explica por que tantas pessoas começam e logo abandonam o trabalho que poderia ajudá-las a evolver espiritualmente.
Vigiar e orar, eis uma proposta antiga, proferida por Jesus, que a doutrina espírita acolheu e nos indica como medida valiosa para o nosso próprio futuro.
A respeito da prece, é interessante lembrar que os imortais e o próprio Allan Kardec nos recomendam seja ela feita diariamente, de manhã e de noite, podendo também, pelo menos uma vez por semana, consagrar-se a ela um tempo maior, acrescentando-lhe a leitura de algumas passagens do Evangelho. Kardec sugeriu essa ideia em um artigo que podemos ler na pág. 234 da Revue Spirite de 1864, conforme tradução feita por Júlio Abreu Filho, publicada pela EDICEL.
A recomendação de Kardec foi, com certeza, o embrião de uma prática adotada pelos espiritistas conhecida pelo nome de Culto Evangélico no Lar ou, simplesmente, Evangelho no Lar.
As preces diárias e o Culto Evangélico no Lar feito pelo menos uma vez por semana apresentam-se como fatores importantes para que a necessária vigilância do que pensamos e do que fazemos seja observada.
Muito já se escreveu e se falou sobre os efeitos positivos que decorrem dessa prática. Antes mesmo do advento das obras de Chico Xavier, o Culto Evangélico no Lar já era bem difundido no meio espírita. Como Dr. Bezerra de Menezes disse certa vez em conhecida mensagem, nossos mortos queridos, em grande número de casos, estão invisíveis, mas não ausentes; estão desencarnados, mas não libertos. E são eles os principais beneficiários das preces que fazemos e do Culto Evangélico no Lar que realizamos na intimidade de nossa família.
Dissemos principais beneficiários, mas não os únicos, visto que os resultados da prática do Evangelho no Lar alcançam a todos que nele vivem e, como alguns talvez ignorem, estendem-se além das paredes de nossa casa.
Joanna de Ângelis a isso se refere na mensagem intitulada “Jesus contigo”, constante do cap. 59 da obra Messe de Amor, psicografada por Divaldo P. Franco, a saber:

“Dedica uma das sete noites da semana ao Culto Evangélico no Lar, a fim de que Jesus possa pernoitar em tua casa.
Prepara a mesa, coloca água pura, abre o Evangelho, distende a mensagem da fé, enlaça a família e ora. Jesus virá em visita.
Quando o Lar se converte em santuário, o crime se recolhe ao museu. Quando a família ora, Jesus se demora em casa. Quando os corações se unem nos liames da fé, o equilíbrio oferta bênçãos de consolo e a saúde derrama vinho de paz para todos. 
Jesus no Lar é vida para o Lar.
Não aguardes que o mundo te leve a certeza do bem invariável.
Distende, da tua casa cristã, a luz do Evangelho para o mundo atormentado.
Quando uma família ora em casa, reunida nas blandícias do Evangelho, toda a rua recebe o benefício da comunhão com o Alto. 
Se alguém, num edifício de apartamentos, alça aos Céus a prece da comunhão em família, todo o edifício se beneficia, qual lâmpada ignorada, acesa na ventania.
Não te afastes da linha direcional do Evangelho entre os teus familiares. Continua orando fiel, estudando com os teus filhos – e com aqueles a quem amas – as diretrizes do Mestre e, quanto possível, debate os problemas que te afligem à luz clara da mensagem da Boa Nova e examina as dificuldades que te perturbam ante a inspiração consoladora do Cristo.
Não demandes a rua, nessa noite, senão para os inevitáveis deveres que não possas adiar.
Demora-te no Lar para que o Divino Hóspede aí também se possa demorar.
E quando as luzes se apagarem à hora do repouso, ora mais uma vez, comungando com Ele, como Ele procura fazer, a fim de que, ligado a ti, possas, em casa, uma vez por semana em sete noites, ter Jesus contigo”.






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sábado, 30 de março de 2019




A lição do trabalho

JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

[...] se alguém nos perguntar qual o melhor recurso para restabelecer ou preservar o equilíbrio, físico ou psíquico, responderemos, sem hesitar: trabalhe e trabalhe! Não perca a bênção das horas, tesouro de valor inestimável que o Senhor nos concede para edificação de nossas almas. /Revele interesse pelas tarefas que lhe foram confiadas; realize pequenos serviços no lar; escreva aos amigos; consagre-se à leitura nobre; estude as obras espíritas; consulte o Evangelho./ Integre-se no serviço do bem, movimentando as pernas na visita ao enfermo; os braços no labor da fraternidade; os lábios na exaltação do otimismo e da tolerância; a mente no cultivo da prece e da meditação; o coração na prática do amor e da caridade. (SIMONETTI, Richard. Para Viver a Grande Mensagem. Rio de Janeiro: FEB. Cap.: Profilaxia da indolência).

Tempo atrás, dissemos aqui que, aos sábados, um grupo de voluntários da Federação Espírita Brasileira (FEB) desloca-se de sua sede, em Brasília, para Santo Antônio do Descoberto, GO. Nesta cidade, a Casa de Ismael desenvolve um trabalho assistencial do seu núcleo denominado Guillon Ribeiro, que funciona em escola pública. Diversos trabalhos são realizados por voluntários da FEB, no local, destinados a adultos, jovens e crianças, tais como: distribuição de cestas básicas, passes, aulas de evangelização e temas relacionados à saúde, orientação jurídica e visitas de assistência espiritual às casas mais sofridas. Participamos desta última atividade.
Em geral, nossa equipe vai, pela manhã, aos lares de seis ou sete famílias. Há mais de um ano, visitamos o Sr. Z. De início, estava estirado numa cadeira de rodas. Seu estado dava dó. Quase se não podia mexer. Em sua casa, como nos demais lares visitadas, cantamos música cristã, ao toque do violão, lemos e comentamos página de livro de mensagens cristãs-espíritas e aplicamos passes aos necessitados.
Com o tempo, observamos melhora sensível na situação do citado senhor. Já não estava mais na cadeira de rodas e, sim, deitado em sua cama. Por fim, levantou-se e passou a ir a pé ao centro Guillon Ribeiro. Então, já nos recebia sentado ou em pé, e sua fisionomia era de alguém grato e recuperado da doença que o acometera no passado.
Ao final do ano, as atividades dos voluntários febianos é suspensa, nas férias escolares, pois nossos trabalhos são realizados durante o ano letivo da escola com a qual a FEB mantém convênio de funcionamento.
No início de março deste ano, reiniciamos as visitas, começando pela casa do Sr. Z. Durante os primeiros sábados de nossa visita, observamos que ele nos recebera deitado num colchão em frente a sua casa de amplo e vazio quintal.
Sábado passado, ao chegarmos a sua casa, lá estava o Sr. Z deitado no colchão. Seu pequeno cão vira-latas, como sempre, recebeu-nos festivo. A aparência do seu dono, entretanto, era de quem estava bem fisicamente, embora permanecesse triste e estirado.
Abrimos o Livro de Respostas, psicografado por Chico Xavier, com mensagens do Espírito Emmanuel, na página intitulada Em ação no bem, e, antes de sucinto comentário, lemos o seguinte:

Se te propões à realização de qualquer tarefa vinculada à construção do bem, conta com problemas e dificuldades que te habilitem as forças para isso.
Luta é o outro lado da vitória.
Lembra-te: o aço é o ferro trabalhado pelo fogo.
As boas obras nascem do amor temperado pelo sofrimento.
Deus não te retirou a oportunidade de continuar trabalhando.

Em breves comentários, disse ao nosso querido assistido, entre outras coisas, o seguinte: “o corpo humano foi feito para se mover e não para ficar parado. Caso contrário, nossos órgãos atrofiam-se e morremos por inanição”.
Ao final dos nossos dizeres, do passe e da prece, o Sr. Z levantou-se, sentou-se no colchão e insistiu para que o aguardássemos fazer um cafezinho para nós.
Agradecemos-lhe pelo convite e, como  ainda teríamos de visitar outras casas, prometemos-lhe que, noutra oportunidade, aceitaríamos seu convite. Após abraçá-lo fraternalmente, seguimos viagem rumo aos novos compromissos.
Não há depressão que resista ao trabalho no bem.
É isto, amigo leitor: em vez do desânimo da vida e da vitimização, trabalhemos incansavelmente em favor do próximo. Desse modo, nossa vida terá valido a pena, pois a quem deseje servir nunca falta trabalho. 







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sexta-feira, 29 de março de 2019





O Tesouro dos Espíritas

Miguel Vives y Vives

Parte 4

Damos sequência ao estudo do clássico O Tesouro dos Espíritas, de Miguel Vives y Vives, que será aqui estudado em 16 partes, com base na tradução de J. Herculano Pires, conforme a 6ª edição publicada pela Edicel.
Nosso objetivo é que este estudo possa servir para o leitor como uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

Questões preliminares

A. A humildade é algo a ser cultivado por nós espíritas?
B. Que devemos fazer quando um confrade anda em erro?
C. Qual o maior preservativo contra as dissensões em nosso meio?

Texto para leitura

40. Todo espírita deve portar-se com a maior humildade possível perante os seus irmãos, mas a humildade não deve nunca ser fingida, porém leal e sempre disposta a servir. (P. 56)
41. Assim compreendendo, o espírita nunca fará alarde de saber ou de possuir faculdades, e menos ainda de considerá-las extraordinárias, expondo suas ideias de maneira prudente, sensata e oportuna. Se for importunado por um de seus irmãos, procurará responder de bom modo, tentando convencê-lo, se possível, mas sempre agindo humildemente. (P. 57)
42. O espírita não deve olvidar que não existe empresa maior nem trabalho mais nobre que atrair o amor leal e sincero de seus irmãos, ciente de que nada há na Terra tão proveitoso como fazer-se uma criatura de paz, de amor e de concórdia. (P. 57)
43. Quando virmos que um de nossos confrades anda em erro, ninguém deve lançar-se contra ele, certo de que todos podemos cair enfermos do corpo e da alma. Se não for possível atraí-lo por meio da caridade, devemos atraí-lo pela indulgência. (P. 58)
44. Há um grande meio para atraí-lo: descobrir nele alguma coisa que lhe agrade e que possamos estimular. Isso pode servir-nos. Contraindo amizade mais íntima, poderemos exercer a influência moral necessária para levá-lo ao bom caminho. (PP. 58 e 59)
45. Quando tudo, porém, se fez para corrigir um irmão, sem que ele se deixe convencer, é preciso que sem ruído, sem atrito, nos afastemos dele, procurando não contaminar-nos e evitar que outros se contaminem. Evidentemente, isso se fará depois de adotados todos os recursos que nos aconselham a humildade, o amor, a indulgência e a caridade. (P. 59)
46. Em nota de rodapé, Irmão Saulo lembra que os próprios Espíritos protetores afastam-se das criaturas que se recusam a corrigir-se. O remédio é deixá-las prosseguir na experiência que escolheram. Questão de livre-arbítrio. (P. 59)
47. Fique claro, porém, que o espírita não deve abandonar seu irmão numa crise, nem na doença, nem na miséria. Ao contrário, deve ser para ele como um pai ou uma mãe, consolando-o em suas aflições, assistindo-o em suas enfermidades, ajudando-o em suas necessidades, protegendo-o na velhice, dando-lhe a mão na mocidade. (P. 60)
48. Assim agindo, demonstramos à Humanidade que a palavra irmão não é apenas uma fórmula, mas a expressão do amor que sentimos. Como consequência disso, reinaria em nossas reuniões tanta cordialidade e tanto amor, que nelas os nossos Espíritos se regenerariam. Há entre nós amor e proteção mútua, mas esta precisa ser mais decisiva. (P. 61)
49. Na verdade, nem sempre o amor em desenvolvimento, a caridade e a humildade dominam nos Centros espíritas e nas nossas reuniões. Causa lástima ver – afirma Miguel Vives – lutas nos Centros para as disputas dos primeiros lugares. Por isso, os que exercem mais influência num Centro são os que devem viver mais alertas, os que mais necessitam de observar as regras prescritas nos itens anteriores, encarregados que são de vigiar e conduzir os de menor compreensão e alcance. (PP. 62 e 63)
50. Esses que, por seu entendimento, compreendem melhor e se convertem em guias de seus irmãos não mais pertencem a si mesmos, passam a ser exemplo para os demais e não podem falsear a verdade: devem ser modelo em tudo e não podem deixar-se dominar pelo amor-próprio, que é sempre um mau conselheiro. (P. 64)
51. Não é fácil haver dissensões onde reinem o amor, a caridade e a humildade, porque cada um se considerará como o servidor dos outros, e terá prazer em sê-lo, porque saberá que assim dá cumprimento à lei e se desenvolve. Evidentemente, podem aparecer problemas de difícil solução, mas nestes casos os mais prudentes se calam e suplicam o auxílio de Deus, esperando que o tempo e os acontecimentos deem remédio aos males. Só se recorre a uma medida extrema quando nem a caridade, nem a indulgência, nem o amor e a humildade podem remediar esses males. (PP. 67 e 68)
52. Essa medida deve ser, contudo, executada com prudência, evitando-se murmurações e, sobretudo, fatos que possam originar escândalos fora do meio espírita, pois escândalo e publicidade causam grandes danos aos que nos observam. (P. 68)

Respostas às questões preliminares

A. A humildade é algo a ser cultivado por nós espíritas?
Sim. Todo espírita deve portar-se com a maior humildade possível perante seus irmãos, mas a humildade não deve nunca ser fingida, porém leal e sempre disposta a servir. Assim compreendendo, o espírita nunca fará alarde de saber ou de possuir faculdades, e menos ainda de considerá-las extraordinárias, expondo suas ideias de maneira prudente, sensata e oportuna. Se for importunado por um de seus irmãos, procurará responder de bom modo, tentando convencê-lo, se possível, mas sempre agindo humildemente. (O Tesouro dos Espíritas, 1ª Parte, Guia Prático para a Vida Espírita, pp. 56 e 57.)
B. Que devemos fazer quando um confrade anda em erro?
Quando virmos que um de nossos confrades anda em erro, ninguém deve lançar-se contra ele, certo de que todos podemos cair enfermos do corpo e da alma. Se não for possível atraí-lo por meio da caridade, devemos atraí-lo pela indulgência. Há um grande meio para atraí-lo: descobrir nele alguma coisa que lhe agrade e que possamos estimular. Isso pode servir-nos. Contraindo amizade mais íntima, poderemos exercer a influência moral necessária para levá-lo ao bom caminho. Quando tudo, porém, se fez para corrigir um irmão, sem que ele se deixe convencer, é preciso que sem ruído, sem atrito, nos afastemos dele, procurando não contaminar-nos e evitar que outros se contaminem. Evidentemente, isso se fará depois de adotados todos os recursos que nos aconselham a humildade, o amor, a indulgência e a caridade. (Obra citada, pp. 58 e 59.)
C. Qual o maior preservativo contra as dissensões em nosso meio?
Não haverá lugar para dissensões onde reinem o amor, a caridade e a humildade, porque cada um se considerará como o servidor dos outros, e terá prazer em sê-lo, pois saberá que assim dá cumprimento à lei e se desenvolve. Evidentemente, podem aparecer problemas de difícil solução, mas nestes casos os mais prudentes se calam e suplicam o auxílio de Deus, esperando que o tempo e os acontecimentos deem remédio aos males. Só se recorre a uma medida extrema quando nem a caridade, nem a indulgência, nem o amor e a humildade podem remediar esses males. (Obra citada, pp. 67 e 68.)

Observação:
Eis os links que remetem aos textos anteriores:






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quinta-feira, 28 de março de 2019





Moisés e o povo israelita

Este é o módulo 125 de uma série que esperamos sirva aos neófitos como iniciação ao estudo da doutrina espírita. Cada módulo compõe-se de duas partes: 1) questões para debate; 2) texto para leitura.
As respostas correspondentes às questões apresentadas encontram-se no final do texto sugerido para leitura. 

Questões para debate

1. Segundo as Escrituras, como se deu o início e qual a origem da Humanidade?
2. Quem foi e onde nasceu Moisés?
3. Além das dificuldades normais de uma longa viagem pelo deserto, que outras atribulações Moisés teve de enfrentar até chegar à Terra Prometida?
4. Moisés morreu antes ou depois da entrada do povo israelita na Terra Prometida?
5. Na história geral das religiões terrenas, que privilégio coube ao povo israelita? 

Texto para leitura

Moisés vivia em Madian quando foi chamado ao cumprimento de sua missão
1. A história de Israel está basicamente contida no Antigo Testamento, nos livros Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. O Gênesis abrange a história simbólica das origens da Humanidade, com destaque para o povo hebreu até a sua entrada no Egito. O Êxodo narra as agruras desse povo, sua saída do Egito e a aliança com o Senhor através dos Dez Mandamentos recebidos por Moisés no monte Sinai. O Levítico arrola as leis civis e religiosas, núcleo da legislação mosaica, destinada ao povo e especialmente aos sacerdotes e aos levitas. Números consigna outras leis e prescrições, especialmente o recenseamento do povo hebreu e a enumeração das famílias. E, por fim, o Deuteronômio recapitula preceitos e episódios, narrando, entre outros fatos, a morte de Moisés. 
2. Segundo as Escrituras, a Humanidade teve sua origem em Adão e Eva, que tiveram inicialmente dois filhos, Caim e Abel, e mais tarde Seth. Caim matou Abel, afastou-se do convívio dos pais, ligou-se a habitantes primitivos da Terra, casou-se e teve filhos. Mais tarde, Seth fez a mesma coisa, ou seja, associou-se aos habitantes dos vales, ou filhos da Terra. Desse e de outros cruzamentos é que surgiu o povo judeu propriamente dito, porque foi de um dos descendentes de Seth – Noé e seu filho Sem – que nasceu Abraão, que gerou a Isaac (filho de Sara) e Ismael (filho de Agar). De Isaac formou-se a nação judia; de Ismael, o povo árabe. 
3. Isaac casou-se com Rebeca e teve como filhos os gêmeos Esaú e Jacó. Este se casou com Raquel e teve uma prole numerosa, dentre eles José, que foi para o Egito e ali se tornou figura importante. A ida de José para a terra do Nilo é que deu início à emigração pacífica dos filhos de Israel para o Egito, onde os hebreus viveriam por quatrocentos anos, até o surgimento de Moisés, que iria libertá-los da opressão em que, segundo o livro de Êxodo, eles viviam naquele país. 
4. Werner Keller diz que Moisés foi um hebreu nascido no Egito e criado por egípcios, com um nome tipicamente egípcio. Moisés é a tradução de Mâose, comum no país do Nilo. Pertencente à tribo de Levi, sua história inicia-se quando ele assassina um egípcio que maltratava hebreus. Temendo a perseguição do faraó, foge para a terra de Madian, em direção do Oriente, a leste do Golfo de Akaba. Nessa região, conhecida como “Terra dos forjadores de cobre”, Moisés vivia uma vida tranquila quando certo dia, passando pelo monte Horeb, teve uma visão de uma chama de fogo que saía do meio de uma sarça. Uma voz o orienta então sobre a missão que lhe competia, ou seja, a libertação do povo hebreu do cativeiro no Egito. 
5. Moisés liberta seu povo à custa de enormes sacrifícios, amparado pelos prodigiosos dons mediúnicos que possuía. Conforme afirma Césare Cantu, em sua História Universal, Deus multiplicara seus prodígios para favorecer o povo escolhido e confundir o faraó, que, apesar de suas reiteradas promessas, não consentia na partida dos hebreus e, com o objetivo de dificultá-la, até os havia dispersado pelo Egito. 

O condutor dos hebreus morreu antes de entrar na Terra Prometida
6. Havendo convocado os anciãos de Israel, Moisés falou-lhes do Deus único, o Deus que prometia livrá-los com seu braço poderoso e fazer deles o seu povo, exortando-os então a retirar-se com ele do Egito, em busca da Terra da Promissão. 
7. Concretizada a saída do povo hebreu, Moisés conduziu pelo deserto seiscentos mil homens em estado de pegar em armas, o que dava, somados todos, quase dois milhões de indivíduos, e os dirigiu para a Palestina. O caminho que haviam de percorrer podia ser de trezentas milhas; contudo, Moisés quis que a viagem demorasse um tempo bastante longo, necessário, segundo ele, para que o povo se despojasse por completo das ideias profanas contraídas em sua dilatada permanência no Egito. 
8. As atribulações da viagem, além de grandes, foram acrescidas da obstinação de um povo inculto e agreste que, enquanto seu profeta recebia no monte Sinai o Decálogo, sacrificava ao boi Ápis e respondia aos benefícios com murmúrios e lamentações. 
9. Moisés, como sabemos, morreu antes de entrar na Terra Prometida e nunca mais se levantou em Israel profeta igual a ele. Suas leis supõem uma ciência de tal sorte antecipada que pareceria um milagre. Destituído de qualquer ambição pessoal, não procurou o poder para si nem para seu irmão. O que ele objetivava era constituir uma nação estável que tivesse unidade, leis precisas e respeito a Jeová. 
10. Graças a ele, coube ao povo israelita o privilégio de transmitir ao mundo a ideia de um Deus único, soberano absoluto do céu e da Terra. Segundo Emmanuel (O Consolador, questão 263), enquanto os cultos religiosos se perdiam na divisão e na multiplicidade, “somente o judaísmo foi bastante forte na energia e na unidade para cultivar o monoteísmo e estabelecer as bases da lei universalista, sob a luz da inspiração divina”. Por esse motivo, apesar dos compromissos e dos débitos penosos que parecem perpetuar seus sofrimentos, “o povo de Israel deve merecer o respeito e o amor de todas as comunidades da Terra, porque somente ele foi bastante grande e unido para guardar a ideia verdadeira de Deus, através dos martírios da escravidão e do deserto”.

Respostas às questões propostas

1. Segundo as Escrituras, como se deu o início e qual a origem da Humanidade? 
De acordo com o texto bíblico, a Humanidade teve sua origem em Adão e Eva, que tiveram inicialmente dois filhos, Caim e Abel, e mais tarde Seth. 
2. Quem foi e onde nasceu Moisés? 
Moisés foi um hebreu nascido no Egito e criado por egípcios, com um nome tipicamente egípcio. Pertencente à tribo de Levi, sua história inicia-se quando ele assassina um egípcio que maltratava hebreus. 
3. Além das dificuldades normais de uma longa viagem pelo deserto, que outras atribulações Moisés teve de enfrentar até chegar à Terra Prometida? 
Suas dificuldades foram acrescidas da obstinação de um povo inculto e agreste que, enquanto seu profeta recebia no monte Sinai o Decálogo, sacrificava ao boi Ápis e respondia aos benefícios com murmúrios e lamentações. 
4. Moisés morreu antes ou depois da entrada do povo israelita na Terra Prometida? 
Ele morreu antes de entrar na Terra Prometida. 
5. Na história geral das religiões terrenas, que privilégio coube ao povo israelita? 
Coube ao povo israelita o privilégio de transmitir ao mundo a ideia de um Deus único, soberano absoluto do céu e da Terra. Enquanto os cultos religiosos se perdiam na divisão e na multiplicidade, “somente o judaísmo foi bastante forte na energia e na unidade para cultivar o monoteísmo e estabelecer as bases da lei universalista, sob a luz da inspiração divina”. 


Bibliografia:
O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, capítulo I, item 9.
A Caminho da Luz, de Emmanuel, psicografado por Francisco Cândido Xavier, pp. 66 e 68.
O Consolador, de Emmanuel, psicografado por Francisco Cândido Xavier, questão 263.
História Universal, de Césare Cantu, vol. 1, pp. 273 a 278.
Líderes Religiosos, de Ruth Guimarães, p. 75 a 78.
E a Bíblia tinha razão..., de Werner Keller, pp. 102 a 108.
Vocabulário Histórico-Geográfico dos romances de Emmanuel, de Roberto Macedo, pp. 74 a 78.
O Novo Dicionário da Bíblia, de J. D. Douglas, vol. II, p. 1.060.
Da Bíblia aos nossos dias, de Mário Cavalcanti de Melo, p. 133.
Êxodo, cap. 12, 14 e 15.


Observação:
Eis os links que remetem aos 3 últimos textos:






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quarta-feira, 27 de março de 2019




Treino para a morte

Irmão X

Preocupado com a sobrevivência além do túmulo, você pergunta, espantado, como deveria ser levado a efeito o treinamento de um homem para as surpresas da morte.
A indagação é curiosa e realmente dá que pensar.
Creia, contudo, que, por enquanto, não é muito fácil preparar tecnicamente um companheiro à frente da peregrinação infalível.
Os turistas que procedem da Ásia ou da Europa habilitam futuros viajantes com eficiência, por lhes não faltarem os termos analógicos necessários. Mas nós, os desencarnados, esbarramos com obstáculos quase intransponíveis.
A rigor, a Religião deve orientar as realizações do espírito, assim como a Ciência dirige todos os assuntos pertinentes à vida material. Entretanto, a Religião, até certo ponto, permanece jungida ao superficialismo do sacerdócio, sem tocar a profundez da alma.
Importa considerar também que a sua consulta, ao invés de ser encaminhada a grandes teólogos da Terra, hoje domiciliados na Espiritualidade, foi endereçada justamente a mim, pobre noticiarista sem méritos para tratar de semelhante inquirição.
Pode acreditar que não obstante achar-me aqui de novo, há quase vinte anos de contado, sinto-me ainda no assombro de um xavante, repentinamente trazido da selva mato-grossense para alguma de nossas Universidades, com a obrigação de filiar-se, de inopino, aos mais elevados estudos e às mais complicadas disciplinas.
Em razão disso, não posso reportar-me senão ao meu próprio ponto de vista, com as deficiências do selvagem surpreendido junto à coroa de Civilização.
Preliminarmente, admito deva referir-me aos nossos antigos maus hábitos. A cristalização deles, aqui, é uma praga tiranizante.
Comece a renovação de seus costumes pelo prato de cada dia. Diminua gradativamente a volúpia de comer a carne dos animais. O cemitério na barriga é um tormento, depois da grande transição. O lombo de porco ou o bife de vitela, temperados com sal e pimenta, não nos situam muito longe dos nossos antepassados, os tamoios e os caiapós, que se devoravam uns aos outros.
Os excitantes largamente ingeridos constituem outra perigosa obsessão. Tenho visto muitas almas de origem aparentemente primorosa, dispostas a trocar o próprio Céu pelo uísque aristocrático ou pela nossa cachaça brasileira.
Tanto quanto lhe seja possível, evite os abusos do fumo. Infunde pena a angústia dos desencarnados amantes da nicotina.
Não se renda à tentação dos narcóticos. Por mais aflitivas lhe pareçam as crises do estágio no corpo, aguente firme os golpes da luta. As vítimas da cocaína, da morfina e dos barbitúricos demoram-se largo tempo na cela escura da sede e da inércia.
E o sexo? Guarde muito cuidado na preservação do seu equilíbrio emotivo. Temos aqui muita gente boa carregando consigo o inferno rotulado de “amor”.
Se você possui algum dinheiro ou detém alguma posse terrestre, não adie doações, caso esteja realmente inclinado a fazê-las. Grandes homens, que admirávamos no mundo pela habilidade e poder com que concretizavam importantes negócios, aparecem, junto de nós, em muitas ocasiões, à maneira de crianças desesperadas por não mais conseguirem manobrar os talões de cheque.
Em família, observe cautela com testamentos. As doenças fulminatórias chegam de assalto, e, se a sua papelada não estiver em ordem, você padecerá muitas humilhações, através de tribunais e cartórios.
Sobretudo, não se apegue demasiado aos laços consanguíneos. Ame sua esposa, seus filhos e seus parentes com moderação, na certeza de que, um dia, você estará ausente deles e de que, por isso mesmo, agirão quase sempre em desacordo com a sua vontade, embora lhe respeitem a memória.
Não se esqueça de que, no estado presente da educação terrestre, se alguns afeiçoados lhe registrarem a presença extraterrena, depois dos funerais, na certa intimá-lo-ão a descer aos infernos, receando-lhe a volta inoportuna.
Se você já possui o tesouro de uma fé religiosa, viva de acordo com os preceitos que abraça. É horrível a responsabilidade moral de quem já conhece o caminho, sem equilibrar-se dentro dele.
Faça o bem que puder, sem a preocupação de satisfazer a todos. Convença-se de que, se você não experimenta simpatia por determinadas criaturas, há muita gente que suporta você com muito esforço.
Por essa razão, em qualquer circunstância, conserve o seu nobre sorriso. Trabalhe sempre, trabalhe sem cessar. O serviço é o melhor dissolvente de nossas mágoas.
Ajude-se, através do leal cumprimento de seus deveres.
Quanto ao mais, não se canse nem indague em excesso, porque, com mais tempo ou menos tempo, a morte lhe oferecerá o seu cartão de visita, impondo-lhe ao conhecimento tudo aquilo que, por agora, não lhe posso dizer.

Do livro Cartas e Crônicas, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.





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