Cuidado com a Siri
JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
Aviso ao amigo leitor: cuidado com o
que diz, como diz, quando diz e a quem diz alguma coisa. O mesmo se aplica ao
que faz, como faz, quando faz e a quem faz algo.
Caminhamos, celeremente, para um mundo
em que é perigoso até mesmo pensar no que é censurável para quem tem ideias
contrárias às nossas. Isso porque a tecnologia está a tal ponto na ponta que
não vai muito longe o dia em que você pensou algo errado e... pou! lá vem
cacetada.
Há dois dias, dizia umas frases
evangélicas para a Siri, em meu
relógio Apple Watch, e ela
respondeu-me que não costuma falar sobre filosofia. Mais tarde, eu estava
conversando com minha esposa, e a Siri
entrou na conversa dizendo que não tinha entendido o porquê de eu lhe ter dito
que iria tomar banho.
No último sábado, à noite, soube que o
amigo André Siqueira estava expondo um tema espírita num dos inúmeros centros
que o convidam a fazer palestras. O silêncio era total, não se ouvia o zumbido
duma mosca. De repente, uma voz soou bem alto, no salão da conferência
espírita: — Não estou entendendo nada!
Envergonhado, o expositor sacou o celular
do bolso e o desligou. O público, inicialmente perplexo, entendeu tudo e, como
não podia deixar de ser, caiu na gargalhada. Se havia alguém ali que não
entendia nada era somente a Siri,
aquela voz feminina que nos pergunta e responde, no celular, o que queremos
saber. Agora também no relógio...
Às vezes, apertamos por descuido o
aparelho e ouvimos sua pergunta: — O que
você quer saber? Se a questão for um pouco mais técnica, ela nem sempre
sabe a resposta. Quanto ao relógio inteligente,
a coisa é mais complicada. Outro dia, fiquei quase uma hora tentando dizer-lhe
pequena frase para ele reproduzir por escrito, sem êxito. A frase era a
seguinte: “Vinde a mim todos vós, que estais aflitos e sobrecarregados, e Eu
vos aliviarei” (Mateus, 11:28).
Eis o que era registrado: “Binde a mim
todos avós...”. Eu cancelava, tentava novamente, e recebia a nova resposta:
“Brinde a mim todos vós...”. Tornava a cancelar e, novamente, a frase era
deturpada: “Vinde Amin os ovos estragados...”. Desisti. Agora tenho pensado se
não seria melhor ditar a frase na língua inglesa.
Mas falemos, também, de cinco dicas
excelentes da monja Coen, citadas no Gshow por Marcelle Abreu, no dia 3 de
abril passado, e o que o Apple Watch
pensa delas:
1ª dica: postura correta: alinhar o
corpo, colocar os ombros para trás e fazer respiração consciente. De hora em
hora, meu relógio pede-me para fazer algo parecido: prestar atenção na
inspiração e na expiração; levantar um pouco da cadeira, por um minuto etc.;
2ª dica: dizer palavras agradáveis às
pessoas com quem conversa e dialogar, ao invés de discutir. É recomendável que,
antes de falarmos em público, calemos a Siri;
3ª dica: ser mais compreensivo com as
pessoas, celular e relógio, e evitar o assassínio dessas máquinas, algo não
previsto no quinto dos Dez Mandamentos:
Não matarás;
4ª dica: viver alegremente: também não
nos faltam incentivos para rir e fazer rir, sem deixar de atender à 3ª dica;
5ª dica: cuidar de si. Amar-se é amar a
Deus, que segue conosco eternidade afora, bem como todos os nossos irmãos da
humanidade.
Só temos que ter cuidado com a Siri e seus semelhantes, senão... é possível que em breve surja uma sociedade
protetora dos aparelhos eletrônicos.
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