Crime e expiação
JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
Bom
dia, amigos.
Algumas
pessoas são tão cruéis, embora pareçam ser normais, que basta um pisão nos seus
calos para mostrarem sua verdadeira face. Muitas delas são almas provindas de
mundos ainda inferiores à Terra. Vêm para o nosso convívio objetivando
libertar-se, gradativamente, do instinto animal que ainda dormita dentro delas.
Infelizmente, porém, muitas ainda não aprenderam a domar seus maus instintos.
Então, causam perturbações espantosas em nossa sociedade. Nada disso,
entretanto, fica impune pelas leis de Deus.
O leitor
atento poderá argumentar que tais criaturas sejam doentes mentais, psicopatas
sem noção clara do que fazem. Certo, também os psicopatas fazem coisas
absurdas. Nesse caso, um cuidadoso exame psiquiátrico identificará seu mal
físico. Mas e quando o agente do mal não possui qualquer patogênese cerebral?
Há
poucos dias, em Brasília, foi notícia nacional o caso da mãe que matou e
esquartejou o próprio filho, de nove anos, para se vingar... do companheiro que
a abandonou.
Para
o prisioneiro do mal que dormita nos refolhos de sua alma, a maldade não é
fruto de um ato tresloucado, inconsciente, inconsequente, próprio dos loucos.
Ela é regurgitada após a ruminação silenciosa de algo que a pessoa considera
imperdoável e merece um revide desproporcional à ofensa recebida.
Não
é o que ocorre com o psicopata, que age impensadamente. O perverso age por
cálculo, com frieza premeditada e sempre movido por uma paixão incontrolável,
que pode ser motivada por ciúmes, ambição ou vingança.
Conta-nos
o Espírito Manoel Philomeno de Miranda, na obra Painéis da Obsessão, a história
de um casal que vivia muito bem, embora a dona da casa já demonstrasse não ser
de boa índole. Possuíam latifúndio onde moravam sem maiores problemas. Certo
dia, uma de suas servidoras, alforriada pela Lei do Ventre-Livre, teve sua
beleza elogiada pelo patrão à esposa que, aparentando não se afetar, perguntou
a este o que considerava mais belo na jovem.
Ele,
então, realçou as curvas do corpo e a beleza dos seios da servidora. A mulher
nada disse. Continuou suas atividades diárias sem demonstrar nenhuma
insatisfação com o marido e carinhosa como sempre.
Dias
depois, o esposo precisou viajar a negócios e passou alguns dias fora do lar.
Quando retornou, mandou avisar à mulher e demais pessoas de sua fazenda, que
muito se alegraram de sua volta.
A
esposa recebeu-o com carinho e, no jantar, o marido percebeu que um dos pratos,
de carnes macias e excelente tempero estava delicioso. Agradeceu àquela pela
vianda e ouviu-lhe, com frieza impressionante, que o prato apreciado fora
preparado com os seios da servidora, que ela mandara cortar, para agradá-lo,
uma vez que ele tanto os elogiara antes de viajar.
O
marido, nauseado e perplexo pelo que ouvira, apressou-se a procurar a jovem
mutilada. Encontrou-a contorcendo-se de dor e agonizante. Naquela noite, a moça
não resistiu aos sofrimentos e morreu. Desse dia em diante, a vida do casal
nunca mais seria a mesma, mas o crime ficara impune.
Um
século depois, o senhor Egberto, de quase cinquenta anos de idade, viúvo há
quatro anos de Ernestina, com quem vivera por dez anos, foi receber seu irmão
Jaime, que ficara internado durante um ano, por tuberculose, e tivera alta
hospitalar. Com ele, seguia sua atual esposa, Amenaide, que se encontrava
grávida.
No
retorno ao lar, Egberto teve uma visão assustadora da ex-esposa falecida, que
se perturbara no mundo espiritual, movida por ciúme de Amenaide, em quem ela
reconhecera sua assassina do passado e, por isso, buscara vingar-se.
Apavorado
com a visão, o motorista tombou com o carro em despenhadeiro, causando a morte
de Amenaide, de seu bebê em gestação e de Jaime. Egberto ficou muito ferido,
mas sobreviveu. Jaime fora o capataz que arrancara os seios da ex-serva
liberta, a mando da antiga senhora, a atual Amenaide, sua cunhada.
Quanto
à criança, no plano espiritual, como seu perispírito já se fixara ao feto, que
também possuía débitos passados com a Justiça Divina, ela foi submetida a uma
cirurgia espiritual, semelhante à da cesariana. Em seguida, seria transferida
para enfermaria especial, previamente preparada para recebê-la. Sua morte fora
indolor e, durante algum tempo, o bebê seria amparado por bondoso espírito
feminino, encarregado de assisti-lo, assim como ocorreria com Amenaide.
Conforme
disse Allan Kardec, se o criminoso soubesse que ninguém morre e que seu crime
não ficaria impune, ele jamais pensaria em exterminar a vida física de alguém.
Pois, cedo ou tarde, torna-se o assassino implacavelmente perseguido por sua
vítima, invisível para ele, mas carregada de ódio e desejo de vingança...
Por
isso, disse Jesus: “Reconcilia-te com teu adversário, enquanto estás a caminho
junto dele” (Mateus, 5:25); e: “Portanto, tudo o que queres que os homens te
façam, faze também a eles, porque essa é a lei e os profetas” (Mateus, 7:12).
Como consultar as matérias deste
blog? Se você não conhece a estrutura deste blog, clique neste link: https://goo.gl/h85Vsc e verá como utilizá-lo e os vários recursos que ele
nos propicia.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário