Os
animais ante o Natal
Irmão X (autor espiritual)
Entretecíamos animada conversação, em torno dos abusos da
mesa nas comemorações natalinas, com o parecer do grave Jonathan ben Asser, que
asseverava a conveniência de ater-se o homem ao sacrifício dos animais apenas
quanto ao estritamente necessário, quando o velho Ebenezer ben Aquim,
orientador de grupos hebraicos do Mundo Espiritual, tomou a palavra e se
exprimiu conciso:
– Talvez não saibam vocês quanto devemos aos bichos na
manifestação do Evangelho...
E, ante a nossa curiosidade, narrou, comovido:
– Há muitos anos, ouvi do rabi Eliúde, que se encontra
agora nas esferas superiores, interessantes minudências em torno do nascimento
de Jesus. Contou-nos esse antigo mentor de israelitas desencarnados que a
localização de José da Galileia e da companheira nos arredores de Belém de Judá
não foi assim tão fácil. O casal, que se compunha da jovem Maria, tocada de
singular formosura, e do patriarca que a recebera por esposa, em madureza
provecta, entrou na cidade quando as ruas e hospedarias se mostravam repletas.
Os descendentes do ramo de David reuniam-se aos magotes
para atender ao recenseamento determinado pelo governo de Augusto.
Bronzeados cameleiros do deserto confraternizavam com
vinhateiros de Gaza, negociantes domiciliados em Jericó entendiam-se com mercadores
residentes no Egito.
Acompanhados por benemérita legião de Espíritos sábios e
magnânimos, a cuja frente se destacava o abnegado Gabriel, que anunciara a
Maria a vinda do Senhor, José e a consorte bateram primeiramente às portas da
estalagem de Abias, filho de Sadoc, que para logo os rechaçou com a negativa;
entretanto, pousando os olhos malevolentes na jovem desposada, ensaiou graçola
irreverente, o que fez que José, apreensivo, estugasse o passo para diante.
Recorreram aos préstimos de Jorão, usurário que alugava
cômodos a forasteiros. O ricaço considerou, de imediato, a impossibilidade de
acolhê-los, mas, ao examinar a beleza da moça nazarena, chamou à parte o
enrugado carpinteiro e indagou se a menina era filha de escravos que se pudesse
obter a preço amoedado... José, mais aflito, demandou a frente para esbarrar na
pensão de Jacob, filho de Josias, antigo estalajadeiro, que declarou
impraticável o alojamento dos viajantes; no entanto, ao fixar-se na
recém-chegada, perguntou desabridamente como é que um varão, assim velho, tinha
coragem de exibir uma jovem daquela raridade na praça pública. Deprimido, o
ancião diligenciou alcançar pousada próxima; contudo, as investidas de Jacob
atraíram curiosos e vadios que cercaram o par, crivando-o de injúrias.
Os recém-vindos de Nazaré, vendo-se alvo de chufas e
zombarias, tropeçavam humilhados... Gabriel, no entanto, recorreu à prece,
rogando o Amparo Divino, e diversos emissários do Céu se manifestaram, em nome
de Deus, deliberando que a única segurança para o nascimento de Jesus se achava
no estábulo, pelo que conduziram José e Maria para a casa rústica dos carneiros
e dos bois...
Ebenezer, a seguir, comentou, bem-humorado:
– Não fossem os anfitriões da estrebaria e talvez a Boa
Nova tivesse seu aparecimento retardado...
E terminou, inquirindo:
– Não será isso motivo para que os animais na Terra sejam
poupados ao extermínio, pelo menos no dia do Natal?
Do livro Antologia
Mediúnica do Natal, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco
Cândido Xavier.
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