Pássaros sem asas
JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
Enquanto
eu corria no Eixão de Brasília, como acontece todos os domingos pela manhã,
refletia no quanto é sofrida a vida de milhões de cidadãos... Esse sentimento
surgiu, no âmago do meu ser, após minha visão renovada de pessoas morando
debaixo das pontes da Capital Federal, algumas delas com filhos pequenos.
O
tempo passa, e pouca coisa muda, em relação a políticas públicas benéficas aos
cidadãos mais sofridos do nosso país, que vêm, em grande parte, do Nordeste
para as grandes capitais, como Brasília, Rio, Minas e São Paulo. Por isso,
lembrei-me de poema que escrevi há 29 anos: Maria
da Ponte, publicado na antologia Poemas
& Poetas II, da Litteris Editora, em 1990, e na crônica “Em dia com o
Machado 199”, de 17/2/2016.
O
poema relata o drama de uma jovem de menos de trinta anos, despejada de seu barracão por uma empresa
brasiliense, que ficou sem outra saída a não ser ir morar com seus seis filhos
debaixo de uma das pontes da Capital.
Com
esse mesmo sentimento compassivo, o padre Zezinho gravou a música Oração pela família, que também aborda
seu desejo de não ver nenhuma família morar “debaixo da ponte”. O link de
acesso à letra e música está no final desta crônica.
O
Brasil está “quebrado” economicamente. Nossos governantes precisam minimizar
sua ambição pelo poder e pela riqueza e atender aos anseios da população. Para
isso, grande parte do nosso povo saiu às ruas, novamente, neste dia 30 de junho
de 2019, apoiando a aprovação, pelo Congresso Nacional, da Reforma da
Previdência, entre outras medidas, como a do combate à corrupção e à
criminalidade.
Então,
como cidadão cristão-espírita, desejei que o Cristo se fizesse presente em
todas as famílias. Mais ainda, almejei que os adeptos de outras crenças e os
ateus fossem respeitados em seus direitos de livre manifestação do pensamento,
desde que a recíproca seja verdadeira.
Como
todo poeta, idealizei uma administração honesta e eficiente do governo
brasileiro. Imaginei o dia em que os gestores da verba pública a utilizarão em
melhorias das condições de nossos hospitais, escolas, ruas, saneamento básico e
segurança sem desvio de um centavo.
Sonhei
com um Brasil em que cada prefeito dos 5.570 municípios, subdivididos em 10.496
distritos e 683 regiões administrativas dava conta, com honestidade e amor ao
povo, da verba recebida para proporcionar serviços públicos eficientes e
concluídos em sua gestão.
Aspirei
a uma instrução escolar em que todos os brasileiros e estrangeiros aqui
residentes obtivessem formação baseada nos princípios espirituais milenares e
formação intelecto-moral. Que os professores fossem respeitados e valorizados,
com oportunidades permanentes de aperfeiçoamento e atualização de seus
conhecimentos técnicos, além de salários compatíveis com o alto nível de seu apostolado.
Visualizei
nossos vastos campos ocupados por agricultores felizes, multiplicando por cem
nossa produção agrícola, e o Brasil se tornando o “celeiro do mundo”. Também,
em meus devaneios, sonhei que nossa indústria e tecnologia estavam à altura das
nações mais desenvolvidas do planeta. E, oh, maravilha! vi nossas estradas,
ferrovias, espaço aéreo e marítimo amplos e perfeitos, escoando, sem prejuízo,
nossa produção interna e externa; além de facilitar o direito de ir e vir de
todo cidadão.
Desejei
que nossos médicos e especialistas da área médica e correlatas tivessem acesso,
igualmente, à permanente atualização de seus conhecimentos, além da residência
médica. E que seus salários e condições de trabalho fossem compatíveis com sua
atividade missionária.
Almejei
oportunidades justas de formação, trabalho, qualificação e remuneração a todos.
Que cada pessoa, independentemente da profissão exercida, guardadas as
diferenças pessoais, resultantes dos esforços nos estudos e na produtividade,
tivesse ocupação e salário compatível com a aquisição de sua moradia,
alimentação, vestuário e lazer.
Sobretudo,
ainda sonho com o dia em que a fé de todos seja grande, sincera, e os
missionários cristãos pautem suas existências pelo fiel cumprimento, na prática
diária, dos elevados conceitos que recomendam do alto dos púlpitos. E que
ninguém precise morar debaixo das pontes e marquises de edificações
públicas.
O
Brasil precisa olhar piedosamente essas pessoas. O ideal seria, também, que a
reforma da Previdência, em nosso país, começasse pela reforma do caráter de
muitos políticos, que deveriam contentar-se com um teto salarial justo, que
começa pela redução dos seus altos proventos.
Por
enquanto, ainda vemos nas ruas nossos irmãos desprovidos de quase tudo. São
como aves sem asas. Algumas delas jazem nas ruas da Asa Norte; outras, na Asa
Sul do chamado Plano Piloto de Brasília. Por isso, fiz sua analogia metafórica
com pássaros desprovidos de asas...
Para
acabar com a miséria dos párias sociais, é preciso que nos cristianizemos. E
isso só será possível quando, não somente os agentes públicos, como todos nós
nos conscientizarmos de que somos,
igualmente, responsáveis pela exclusão social desses nossos irmãos...
De
início, os que temos lares, ouçamos, reflitamos e vivenciemos o clamor das
artes que abordam temas espirituais e sociais, como o desta música: https://www.letras.mus.br/padre-zezinho/205789/
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Obrigado, amigo, bom domingo. Revisei minha postagem, nesta madrugada, em meu blog, da tradução dos 19 a 23 d'O Evangelho Segundo o Espiritismo.
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