Coerência, virtude difícil
JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
Agradeço muito a Deus sua tolerância,
amor e proteção desde sempre. Sobretudo, por blindar-me contra as decepções
provenientes das contradições existentes entre o que as pessoas falam e o que
elas fazem. E nisso não sou exceção.
Desde bem jovem, sempre acreditei nos
ensinamentos lógicos do Espiritismo. Lembro-me de que, aos seis anos de idade,
ouvia meu pai, pessoa simples e iletrada, criada no interior mineiro, falar sobre
a justiça da reencarnação e da bondade de Deus com uma sabedoria invejável.
E a conversa paterna, pasmem!... era,
por vezes, com pastor evangélico nosso vizinho, que nunca o contestava. O mesmo
amigo que, antes da desencarnação de papai, após longa doença deste, toda noite
visitava-nos e por ele orava. Papai ouvia, humilde, a prece e lhe agradecia o
apoio espiritual sem qualquer contrariedade. Isso é coerência.
O tempo passou, e passei a frequentar
uma mocidade espírita no Rio de Janeiro. Ali comecei, ano após ano, a observar
quanto estamos distantes de fazer o que recomendamos a outrem.
Por vezes, falava-se lá sobre a
importância da união e necessidade de exercitarmos a fraternidade com outras
pessoas e instituições coirmãs, pelo bem pessoal e de nossa amada Doutrina
Espírita. Isso, porém, era desmentido pelas “disputas de território” entre
aqueles mesmos diretores de nossa querida casa espírita e outra, vista como sua
concorrente...
Noutras ocasiões, ouvi palestras de
irmãos e irmãs profundamente engajados na divulgação espírita, mas que, tão
logo se encerrava um evento religioso, passavam a criticar acremente os atos
alheios, em conversas pessoais. E o que é pior, até mesmo em homenagem a irmãos
que já haviam desencarnado e não tinham como se defender estes eram criticados.
É a eterna luta pelo poder temporal que
nos leva a disputar as atenções alheias e os cargos, vendo “um cisco no olho do
próximo, mas tendo uma trave no nosso”. Isso nos foi lembrado por nosso irmão
Julião na palestra que fez, no último domingo, na Federação Espírita
Brasileira.
Aprendamos com o Cristo, irmãos e
irmãs, a vigiar pensamentos, palavras e atos. Não os do próximo, mas os
nossos...
Sejamos mansos e humildes de coração,
como Jesus, e encontraremos repouso para nossas almas, cansadas de disputas
vãs. Uma única causa deve mover-nos: a do amor ao próximo como a nós mesmos,
sempre atentos à recomendação de nosso Mestre querido:
Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu
coração, de toda a tua alma e de todo o teu espírito. Esse é o maior e o
primeiro mandamento. O segundo é semelhante a esse: Amarás o teu próximo como a
ti mesmo. Desses dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas (Mateus,
22: 37- 40).
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