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segunda-feira, 25 de novembro de 2019




No Brasil são raras as pessoas que jamais ouviram falar da lã de aço produzida pela firma Bombril S.A., cuja marca – Bombril – adquiriu a condição de substantivo comum, devidamente registrado pelos melhores dicionários do idioma português.
No Dicionário Priberam, editado em Portugal, o verbete figura com o seguinte significado: Bombril: substantivo masculino -  [Brasil] Esfregão de palha de aço.
“Bombril tem 1001 utilidades” – eis um slogan que, devido ao sucesso que alcançou, assinalou um momento marcante na história da publicidade brasileira.
Foi inspirado por esse slogan que o jornalista e escritor Francicarlos Diniz escreveu, a propósito das inúmeras utilidades da palavra “coisa”:
A palavra "coisa" é um bombril do idioma. Tem mil e uma utilidades. É aquele tipo de termo-muleta ao qual a gente recorre sempre que nos faltam palavras para exprimir uma ideia. Coisas do português.
No texto que redigiu sobre o assunto, Francicarlos Diniz apresenta inúmeros exemplos de como a palavra “coisa” assume significados diversos e se encaixa perfeitamente nos mais diferentes contextos:
«Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça (...)» (Tom e Vinícius, em Garota de Ipanema)
«Alguma coisa acontece no meu coração» (Caetano Veloso, em Sampa)
"Prepare seu coração / Pras coisas que eu vou contar" (Geraldo Vandré, em Disparada)
"Pra ver a banda passar / Cantando coisas de amor" (Chico Buarque, em A Banda)
«Ô coisinha tão bonitinha do pai» (Almir Guineto e Jorge Aragão, em Coisinha do Pai).
«... deixemos de coisa, cuidemos da vida, senão chega a morte ou coisa parecida» (Fagner, em Canteiros, canção baseada no poema Marcha, de Cecília Meireles)
Diversas locuções, frases ou expressões próprias do idioma português são compostas com a palavra “coisa”.
Eis algumas delas:
Aqui há coisa – expressão que indica que algo levanta suspeitas ou dúvidas.
Cheio das coisas – cheio de si.
Coisa à toa – sem importância, desprezível.
Entender o espírito da coisa – compreender o fato ou a situação exposta.
Coisa de – aproximadamente, cerca de.
Coisas da breca – coisas inexplicáveis, espantosas.
Coisas do arco-da-velha – histórias extraordinárias, inverossímeis.
Como quem não quer a coisa – dissimuladamente.
Fazer as coisas pela metade – não terminar aquilo que se começou.
Não dizer coisa com coisa – ter um discurso desconexo; dizer disparates, coisas sem sentido.
Não ser lá grande coisa – não ser particularmente bom ou extraordinário.
Ou coisa que o valha – ou algo  parecido.
Que coisa! – exclamação que se usa para exprimir espanto, desagrado ou irritação.
Ver as coisas malparadas – prever insucesso ou perigo quando da realização de algo.






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Um comentário:

  1. É impressionante a mente do Astolfo em garimpar essas particularidades da nossa língua e apresentá-las de forma tão digeríveis, como de fato, fossem "coisas" que o leitor assimila tão gostosamente. Detesto essa "coisa" de puxassaquismo, mas esse professor é uma "coisa" doutro mundo! Que coisa, hein?

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