O Livro dos Espíritos
Allan Kardec
Estamos fazendo neste espaço o estudo –
sob a forma dialogada – dos oito principais livros do Codificador do
Espiritismo. Serão ao todo 1.120 questões objetivas distribuídas em 140 partes,
cada qual com oito perguntas e respostas.
Os textos são publicados neste blog
sempre às quintas-feiras.
Concluído o estudo de dois livros
considerados introdutórios, iniciamos hoje o estudo da principal obra espírita –
O Livro dos Espíritos –, cuja
publicação inicial ocorreu em 18 de abril de 1857.
Na elaboração das respostas às questões
apresentadas fundamentamo-nos na 76ª edição publicada pela FEB, com base em
tradução de Guillon Ribeiro.
Parte 1
1. Que é que o Espiritismo tem por princípio e que contém O Livro dos Espíritos?
A doutrina espírita ou o Espiritismo
tem por princípio as relações do mundo material com os Espíritos ou seres do
mundo invisível. Os adeptos do Espiritismo são os espíritas, ou, se quiserem,
os espiritistas. Como especialidade, “O Livro dos Espíritos” contém a doutrina
espírita; como generalidade, prende-se à doutrina espiritualista, uma de cujas
fases apresenta. Essa a razão por que traz no cabeçalho do seu título as palavras:
Filosofia espiritualista. (Obra citada, Introdução, item I, pág. 13.)
2. Qual é na doutrina espírita o conceito do vocábulo alma?
Kardec dá o nome de alma ao ser
imaterial e individual que em nós reside e sobrevive ao corpo. (Introdução,
item II, 5º parágrafo, pág. 14.)
3. Como Kardec conceitua princípio vital?
É o princípio da vida material e
orgânica, qualquer que seja a fonte donde ela promane, princípio esse comum a
todos os seres vivos, desde as plantas até o homem. Segundo alguns, o princípio
vital seria uma propriedade da matéria, um efeito que se produz achando-se a
matéria em dadas circunstâncias. Para outros, e esta é a ideia mais comum, ele
reside em um fluido especial, universalmente espalhado e do qual cada ser
absorve e assimila uma parcela durante a vida, tal como os corpos inertes
absorvem a luz. Esse fluido especial seria o chamado fluido vital que, na
opinião de muitos, em nada difere do fluido elétrico animalizado, ao qual
também se dão os nomes de fluido magnético, fluido nervoso etc. (Introdução,
item II, 7º parágrafo, pág. 15.)
4. Como se deram as primeiras manifestações espíritas?
As primeiras manifestações inteligentes
se produziram por meio de mesas que se levantavam e, com um dos pés, davam
certo número de pancadas, respondendo deste modo — sim ou não —, conforme fora
convencionado, a uma pergunta feita.(1) Até aí nada de convincente
havia para os cépticos, porquanto bem podiam crer que tudo fosse obra do acaso.
Obtiveram-se depois respostas mais desenvolvidas com o auxílio das letras do
alfabeto: dando o móvel um número de pancadas correspondente ao número de ordem
de cada letra, chegava-se a formar palavras e frases que respondiam às questões
propostas. A precisão das respostas e a correlação que denotavam com as
perguntas causaram espanto. O ser misterioso que assim respondia, interrogado
sobre sua natureza, declarou ser um Espírito, declinou um nome e prestou
diversas informações a seu respeito. Uma circunstância muito importante cabe
aqui assinalar: é que ninguém imaginou os Espíritos como meio de explicar o
fenômeno; foi o próprio fenômeno que revelou a palavra. Muitas vezes, em se
tratando das ciências exatas, se formulam hipóteses para dar-se uma base ao
raciocínio. Não foi aqui o caso. Como o processo inicial de correspondência era
demorado e incômodo, os Espíritos indicaram outro. Foi um desses seres
invisíveis quem aconselhou a adaptação de um lápis a uma cesta ou a outro
objeto. Colocada em cima de uma folha de papel, a cesta era posta em movimento
pela mesma potência oculta que movia as mesas, mas, em vez de um simples
movimento regular, o lápis traçava por si mesmo caracteres formando palavras,
frases, dissertações de muitas páginas sobre as mais altas questões de
filosofia, de moral, de metafísica, de psicologia etc. e com tanta rapidez
quanta se se escrevesse com a mão. O conselho foi dado simultaneamente na
América, na França e em diversos outros países. Foi desse modo que as
manifestações espíritas se popularizaram em todo o mundo. (Introdução, item IV, do 2º ao 6º parágrafos,
pág. 20.)
5. Que é mais importante: o mundo material ou o mundo espírita?
O mundo espírita, que é o mundo normal,
primitivo, eterno, preexistente e sobrevivente a tudo, é o mais importante. O
mundo material é secundário; poderia deixar de existir, ou não ter jamais
existido, sem que por isso se alterasse a essência do mundo espírita.
(Introdução, item VI, pág. 23.)
6. Como pode ser resumida a moral ensinada pelos Espíritos
superiores?
A moral dos Espíritos superiores se
resume, como a do Cristo, nesta máxima evangélica: Fazer aos outros o que
quereríamos que os outros nos fizessem, isto é, fazer o bem e não o mal.
(Introdução, item VI, pág. 27.)
7. Que conselho dá Kardec aos que desejam conhecer a doutrina
espírita?
Quem deseja tornar-se versado numa
ciência tem que a estudar metodicamente, começando pelo princípio e
acompanhando o encadeamento e o desenvolvimento das ideias. Que adiantará
dirigir a um sábio perguntas acerca de uma ciência cujas primeiras palavras
ignoramos? Poderá o próprio sábio, por maior que seja a sua boa vontade,
dar-lhe resposta satisfatória? A resposta isolada, que der, será forçosamente
incompleta e quase sempre, por isso mesmo, ininteligível, ou parecerá absurda e
contraditória. O mesmo ocorre em nossas relações com os Espíritos. Quem quiser
com eles instruir-se tem que com eles fazer um curso; mas, exatamente como se
procede entre nós, deverá escolher seus professores e trabalhar com
assiduidade. (Introdução, item VIII, dois primeiros parágrafos, pág. 31; e item
XVII, 2º parágrafo, pág. 46.)
8. Por que o Espiritismo é considerado um preservativo da loucura e do
suicídio?
A loucura tem como causa primária uma
predisposição orgânica do cérebro, que o torna mais ou menos acessível a certas
impressões. Entre as causas mais comuns de sobreexcitação cerebral, devem
contar-se as decepções, os infortúnios, as afeições contrariadas, que, ao mesmo
tempo, são as causas mais frequentes de suicídio. Ora, o verdadeiro espírita vê
as coisas deste mundo de um ponto de vista tão elevado; elas lhe parecem tão
pequenas, tão mesquinhas, a par do futuro que o aguarda; a vida se lhe mostra
tão curta, tão fugaz, que, aos seus olhos, as tribulações não passam de
incidentes desagradáveis, no curso de uma viagem. O que, em outro, produziria
violenta emoção, mediocremente o afeta. Ademais, ele sabe que as amarguras da
vida são provas úteis ao seu adiantamento, se as sofrer sem murmurar. É por
isso que, bem compreendido, o Espiritismo é um preservativo, não um
estimulante, da loucura e do suicídio. (Introdução, item XV, 3º e 4º parágrafos,
pág. 41.)
(1) Na
realidade, antes do fenômeno das mesas girantes ocorreram no povoado de
Hydesville, nos Estados Unidos da América do Norte, os chamados raps, assunto que o leitor pode ver no
texto As pioneiras do Espiritismo.
Tais fenômenos é que deram origem ao nascimento do Espiritismo moderno. Para
acessá-lo, clique aqui: http://www.oconsolador.com.br/49/especial2.html
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