O Livro dos Médiuns
Allan Kardec
Parte 2
Continuamos o estudo metódico de “O
Livro dos Médiuns”, de Allan Kardec, segunda das obras que compõem o Pentateuco
Kardequiano, cuja primeira edição foi publicada em 1861.
Este estudo é publicado sempre às
quintas-feiras.
Eis as questões de hoje:
9. Por que há Espíritos
maus que não valem mais do que os chamados demônios?
O fato é verdadeiro e a razão é simples: é que há homens muito maus e a
morte não os torna imediatamente melhores. Não sendo os Espíritos mais do que
as almas dos homens e não sendo estes perfeitos, resulta que há Espíritos
igualmente imperfeitos cujo caráter se reflete em suas comunicações. (O Livro dos Médiuns, item 46.)
10. Como prevenir os
inconvenientes que apresenta a prática espírita?
O melhor meio de se prevenir
contra os inconvenientes que pode apresentar a prática do Espiritismo não é
proibi-lo, mas fazê-lo compreendido. Deus nos deu a razão e o discernimento
para apreciar os Espíritos, tanto quanto os homens. Um temor imaginário não
impressiona mais do que um instante e não afeta todo o mundo. A realidade
claramente demonstrada é compreendida por todos. O conhecimento prévio da
teoria e da Escala Espírita nos fornecem as condições para compreendermos e
controlarmos as manifestações. (Obra citada, item 46.)
11. Podem os Bons
Espíritos insuflar o azedume e a cizânia entre os homens?
Claro que não. Os Bons Espíritos não insuflam jamais o azedume ou a discórdia.
Os que agem assim são Espíritos imperfeitos que, devido à sua inferioridade,
podem induzir os homens à desunião. Os Bons Espíritos têm a prática do bem como
meta e é isso que os caracteriza. (Obra citada, item 50.)
12. É possível ao homem
esquadrinhar o princípio das coisas?
Não, porquanto o princípio das coisas, como é ensinado em O Livro dos Espíritos, está nos segredos
de Deus. Pretender folhear com a ajuda do Espiritismo o que ainda não é da
alçada da Humanidade é desviá-lo do seu verdadeiro fim. Que o homem aplique o
Espiritismo em seu melhoramento moral, eis o essencial, porque o único meio de
progredir é tornar-se melhor. (Obra citada, item 51.)
13. A forma humana é
encontrada também em outros mundos?
A forma humana, excetuadas algumas minúcias, encontra-se nos habitantes
de todos os globos; pelo menos é o que dizem os Espíritos. É igualmente a forma
de todos os Espíritos não encarnados e que possuem apenas o perispírito como
envoltório; é ainda aquela sob a qual, em todos os tempos, representaram-se os
anjos ou Espíritos puros. Podemos concluir, portanto, que a forma humana é o
tipo de todos os seres humanos de qualquer grau a que pertençam. (Obra citada,
item 56.)
14. Qual a causa da
dúvida dos homens acerca das manifestações dos Espíritos?
Uma causa que contribui para fortificar a dúvida, numa época tão positiva
como a nossa, em que se exige conta de tudo, em que se quer saber o porquê e o
como de cada coisa, é a ignorância da natureza dos Espíritos e dos meios pelos
quais podem manifestar-se. Adquirido esse conhecimento, o fato das
manifestações nada tem de surpreendente e entra, assim, na ordem dos fatos
naturais. De fato, a ideia que os homens fazem geralmente dos Espíritos torna,
à primeira vista, incompreensível o fenômeno das manifestações. Estas não podem
produzir-se senão pela ação do Espírito sobre a matéria. Mas, se julgam que o
Espírito é a ausência de toda matéria, perguntam, com relativa razão, como pode
ele agir materialmente. Ora, aí está o erro, porque o Espírito não é uma
abstração, é um ser definido, limitado e circunscrito. (Obra citada, itens 52 e
53.)
15. Que ocorre ao homem
logo após a morte física?
No momento em que acabam de deixar a vida corpórea, os Espíritos ficam em
um estado de perturbação, em que tudo é confuso ao redor deles. Eles veem seu
corpo, perfeito ou mutilado, segundo o gênero de morte; por outro lado, veem as
pessoas e se sentem viver. Alguma coisa lhes diz que esse corpo era seu e não
compreendem que estejam separados dele. Continuam a se ver sob sua forma
primitiva, e esta vista produz em alguns, durante um certo tempo, uma singular
ilusão: a de se julgarem ainda encarnados. Falta-lhes a experiência de seu novo
estado para se convencerem da realidade. Passado esse primeiro momento de
perturbação, o corpo se torna para eles uma velha veste da qual se despojaram e
da qual não guardam saudades. Sentem-se mais leves e como que desembaraçados de
um fardo; já não experimentam dores físicas e são muito felizes em poder
elevar-se, transpor o espaço, assim como fizeram muitas vezes em seus sonhos.
Entretanto, apesar da ausência do corpo, constatam sua individualidade, pois
conservam uma forma que não os embaraça, e têm, enfim, consciência do seu eu e
do seu novo estado. (Obra citada, item 53.)
16. O homem é formado de
quantos elementos?
Numerosas observações e fatos irrecusáveis confirmam que há no homem três
elementos: 1º - a alma, princípio inteligente no qual reside o senso moral; 2º -
o corpo material, invólucro grosseiro, que o reveste temporariamente para que
possa desempenhar certos encargos providenciais; 3º - o perispírito, invólucro
fluídico, semimaterial, que serve de ligação entre a alma e o corpo. A morte é
a destruição, ou melhor, a desagregação do invólucro grosseiro, que a alma
abandona. O outro invólucro se liberta e segue a alma, que, desta forma,
percebe ter sempre um invólucro: o perispírito. (Obra citada, item 54.)
Observação:
Para acessar a Parte 1 deste estudo, publicada na semana passada,
clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2020/06/o-livro-dos-mediuns-allan-kardec-parte.html
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