O Livro dos Médiuns
Allan Kardec
Parte 6
Continuamos o estudo metódico de “O
Livro dos Médiuns”, de Allan Kardec, segunda das obras que compõem o Pentateuco
Kardequiano, cuja primeira edição foi publicada em 1861.
Este estudo é publicado sempre às
quintas-feiras.
Eis as questões de hoje:
41. Em que consiste o
fenômeno de transporte?
Este fenômeno difere das manifestações em que ocorra movimento de objetos
inertes apenas pela intenção benévola do Espírito que o executa, pela natureza
dos objetos quase sempre graciosos e pela maneira doce e frequentemente
delicada por que são trazidos. Consiste no transporte espontâneo de objetos que
não existem no local onde se está; são com frequência flores, algumas vezes
frutos, bombons, joias etc. Para obter fenômenos dessa ordem, é preciso contar
com médiuns sensitivos, isto é, dotados do mais alto grau das faculdades
medianímicas de expansão e de penetrabilidade, porque o sistema nervoso desses
médiuns, facilmente excitável, lhes permite, por meio de certas vibrações,
projetar ao seu redor com profusão seu fluido animalizado. Nem todos os
Espíritos podem produzi-los, porque é preciso que entre o médium e eles exista
uma certa afinidade, uma certa analogia, uma certa semelhança que permita à
parte expansível do fluido perispirítico do encarnado se misturar, se unir, se
combinar com o do Espírito que quer executar o transporte. Então este pode, por
meio de certas propriedades do ambiente terrestre, por nós desconhecidas,
isolar, tornar invisíveis e fazer moverem-se certos objetos materiais e os
próprios encarnados. (O Livro dos Médiuns,
itens 96 a 98).
42. Um objeto pode ser
transportado para um local fechado?
O Espírito pode tornar invisíveis os objetos a serem transportados, mas
não fazê-los penetráveis, nem quebrar a agregação da matéria, o que seria a
destruição do objeto. Tornando invisível o objeto, pode transportá-lo quando
quer e não o desembrulhar senão no momento conveniente para fazê-lo aparecer. O
caso é, porém, diferente quanto aos objetos compostos pelo Espírito. Como este
não introduz no recinto senão os elementos da matéria que são essencialmente
penetráveis, pode introduzir um objeto num lugar, por mais fechado que esteja,
mas é somente neste caso. Os Espíritos têm a faculdade de penetrar e atravessar
os mais condensados corpos com a mesma facilidade com que os raios solares
atravessam os vidros de uma vidraça. (Obra citada, item 99, pergunta no 20)
43. Como o Espírito
transporta o objeto?
Ele o envolve com um fluido haurido em parte no perispírito do médium e,
em parte, dele mesmo e é nesta combinação que oculta e transporta o objeto
sujeito do transporte. Uma vez introduzido o objeto no recinto, o Espírito o
desembrulha, isto é, tira o elemento fluídico que o envolve, tornando-o
novamente visível. (Obra citada, item 99, perguntas nos 13 e 19)
44. Quais são as
manifestações espíritas mais interessantes?
De todas as manifestações espíritas, as mais interessantes, sem
contradição, são aquelas pelas quais os Espíritos podem tornar-se visíveis.
Aliás, este fenômeno não é mais sobrenatural do que os outros, visto que os
Espíritos podem tornar-se visíveis durante o sono e mesmo durante a vigília, o
que é, contudo, mais raro. (Obra citada, item 100)
45. Há inconveniente em vermos
os Espíritos a todo instante?
Haveria tanto inconveniente em nos vermos constantemente em presença dos
Espíritos como em ver o ar que respiramos ou as miríades de animais
microscópicos que pululam ao redor de nós e sobre nós. Estando a todo momento
rodeado de Espíritos, o homem ficaria perturbado com sua visão incessante, que
lhe embaraçaria as ações e lhe tiraria a iniciativa na maior parte dos casos,
enquanto que, julgando-se só, age mais livremente. Deus sabe melhor do que nós
o que nos convém e, se permite que vejamos os Espíritos em certos casos, é para
dar uma prova de que tudo não morre com o corpo e de que a alma conserva sua
individualidade depois da morte. (Obra citada, item 100, perguntas nos 7 e 8.)
46. Como podem os
Espíritos tornar-se visíveis?
O princípio é o mesmo que o de todas as manifestações; reporta-se às
propriedades do perispírito, que pode sofrer diversas modificações, à vontade
do Espírito. Em nosso mundo, os Espíritos só podem manifestar-se com a ajuda de
seu invólucro semimaterial e é assim que aparecem algumas vezes com a forma
humana, seja nos sonhos, seja mesmo no estado de vigília. Pela combinação de
fluidos do médium e dele mesmo, produz-se no perispírito do desencarnado uma
disposição particular que não tem analogia para nós e que o torna perceptível.
(Obra citada, item 100, perguntas nos 21 a 23.)
47. Por que não vemos os
Espíritos que desejamos ver?
Os Espíritos não têm sempre a possibilidade de se manifestarem à vista,
mesmo em sonhos, apesar do desejo dos encarnados de vê-los. Causas
independentes da sua vontade podem impedi-lo. É muitas vezes também uma prova
cujo mais ardente desejo não pode afastar. (Obra citada, item 100, pergunta no
15.)
48. Qual é o princípio
das manifestações visuais?
O perispírito, como já vimos, é o princípio de todas as manifestações;
seu conhecimento deu-nos a chave de uma porção de fenômenos e fez a ciência
espírita dar um passo imenso, tirando-lhe todo o caráter maravilhoso. Por sua
natureza e em seu estado normal, o perispírito é invisível e isto tem ele de
comum com diversos fluidos que sabemos existirem e que entretanto jamais vimos;
mas pode também, como certos fluidos, sofrer modificações que o tornem
perceptível à vista, seja por uma espécie de condensação, seja por uma mudança
em sua disposição molecular; é então que nos aparece sob uma forma vaporosa. A
condensação (é preciso não tomar esta palavra ao pé da letra, visto que a
empregamos apenas por faltar uma outra e a título de comparação) pode ser tal
que o perispírito adquira as propriedades de um corpo sólido e tangível, retomando
instantaneamente seu estado etéreo e invisível. Podemos compreender tal mudança
de estado pelo que se passa com o vapor, que pode passar da invisibilidade ao
estado brumoso, depois líquido, depois sólido e vice-versa. Esses diferentes
estados do perispírito são o resultado da vontade do Espírito e não de uma
causa física exterior, como nos gases. Quando nos aparece, é porque coloca seu
perispírito no estado necessário para tornar-se visível, mas para isso só sua
vontade não é suficiente, porque a modificação perispirítica se opera por sua
combinação com o fluido próprio do médium; ora, essa combinação nem sempre é
possível, o que explica por que a visibilidade dos Espíritos não é geral.
Assim, não é suficiente que o Espírito queira mostrar-se, e também não é
suficiente que uma pessoa queira vê-lo; é preciso que os dois fluidos possam
combinar-se, que haja entre eles uma espécie de afinidade, que a emissão do
fluido da pessoa seja suficiente para operar a transformação do perispírito, e,
enfim, que o Espírito tenha permissão de se mostrar a uma determinada pessoa. (Obra
citada, itens 105 e 109)
Observação:
Para acessar a Parte 5 deste estudo, publicada na semana passada,
clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2020/07/o-livro-dos-mediuns-allan-kardec-parte_16.html
Como consultar as matérias deste blog? Se você não
conhece a estrutura deste blog, clique neste link: https://goo.gl/ZCUsF8, e verá como utilizá-lo.
|
Excelente o enfoque e a linguagem do blog. Muito obrigado pelo seu trabalho e pela abrangência dos temas
ResponderExcluirObrigado, amigo, por suas palavras, que só reforçam nosso propósito de continuarmos a luta.
Excluir