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terça-feira, 25 de agosto de 2020



A multiplicação dos saberes

CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@gmail.com
De Londrina-PR

Um dia desses – incansavelmente a natureza procura ensinar-nos −, um animalzinho, ainda jovem, se perdeu do grupo e sem recursos não havia como se manter, não tinha ainda experiência em nenhum quesito da vida, mas tinha muita vontade de aprender para assim poder manter-se. E na sua segunda noite, sozinho e perdido em lugar desconhecido, sem saber para onde ir, um animal um pouco maior e experiente, após muito observá-lo, aproximou-se. O animalzinho talvez nunca havia tremido tanto.
O maior observou-o bem de perto. O menor pensou que poderia ser o seu fim... mas não foi. Os olhos do maior mostraram que a ajuda havia chegado. E os passos mais largos conduziram os mais curtos. Quando chegaram ao abrigo onde estavam outros animais, os dois foram ao local no qual havia comida e água. E o menor tanto se alimentou e matou a sede. Ao final da alentadora refeição, ele se deitou no chão e quanto começou a passar por sua mente, mas a exaustão era nítida. E as estrelas foram e o sol nasceu.
O animalzinho abriu os olhos, demorou uns instantes para recobrar sua memória. Pronto. Ainda deitado lembrou-se de tudo. Procurou pelo maior e, já o observando, o animal maior se aproximou. O olhar é bem mais objetivo do que milhares de palavras para uma explicação. O menor seguiu os passos mais largos. A partir desse segundo, ensinamento e aprendizagem seriam conteúdos recorrentes.
E o tempo foi passando, e o menor já era quase do tamanho do maior. Quanto aprenderam um com o outro. E certo dia, o menor perguntou ao outro por que o havia ensinado tanto, até mesmo o trabalho que lhe poderia render uma vida boa. Com a simplicidade que a experiência deveria alcançar todos, o maior respondeu-lhe que há lugar para cada um e o compartilhamento de saberes não cerceia quem compartilha, apenas adianta o progresso comum. Quem doa não perde e quem recebe ganha para assim continuar doando. É uma cadeia responsável e vital para mentes que buscam o desenvolvimento.
E tempos depois, o menor, que já era maior, começou a compartilhar os seus conhecimentos com mais dois pequeninos animais. E os saberes se multiplicavam.

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