O Livro dos Médiuns
Allan Kardec
Parte 8
Continuamos o estudo metódico de “O
Livro dos Médiuns”, de Allan Kardec, segunda das obras que compõem o Pentateuco
Kardequiano, cuja primeira edição foi publicada em 1861.
Este estudo é publicado sempre às
quintas-feiras.
Eis as questões de hoje:
57. Como se obtém a água
magnetizada?
O Espírito pode operar sobre a matéria elementar, por sua vontade,
dando-lhe propriedades determinadas. Assim é que uma substância salutar pode
tornar-se venenosa por uma simples modificação; a química oferece-nos numerosos
exemplos disso. Todo mundo sabe que duas proporções podem resultar numa que
seja deletéria. Uma parte de oxigênio e duas de hidrogênio, todas as duas
inofensivas, formam a água; ajuntem um átomo de oxigênio e terão um líquido
corrosivo. Sem mudar as proporções, basta às vezes uma simples mudança no modo
da agregação molecular para modificar as propriedades; é assim que um corpo
opaco pode tornar-se transparente e vice-versa. Como o Espírito tem, por sua
única vontade, uma ação tão possante sobre a matéria elementar, que dá origem a
todos os corpos, concebe-se que ela possa não somente formar substâncias, mas
ainda alterar suas propriedades, fazendo aí o efeito de um reativo. Na
magnetização da água, o Espírito que age é o do magnetizador, as mais das vezes
assistido por um Espírito estranho. Ele opera na água uma transmutação com o
auxílio do fluido magnético que, como já sabemos, é a substância que mais se
aproxima da matéria cósmica ou elemento universal. Como pode operar uma
modificação nas propriedades da água, pode igualmente produzir um fenômeno
análogo sobre os fluidos do organismo, e daí o efeito curativo da ação
magnética convenientemente dirigida. (O
Livro dos Médiuns, itens 129 a 131.)
58. Os objetos usados
pelos Espíritos em suas aparições são reais?
Sim. O Espírito tem sobre os elementos materiais espalhados por todo o
espaço um poder que o homem longe está de suspeitar. Ele pode, à sua vontade,
concentrar esses elementos e lhes dar a forma aparente própria a seus objetos,
imitando assim os objetos terrenos necessários à sua identificação ante os que
o veem. (Obra citada, item 128, parágrafos 2 a 4.)
59. As roupas usadas
pelos Espíritos são cópias das terrestres?
Não é isto que acontece. As roupas e os objetos usados pelo Espírito são
por ele mesmo produzidos, podendo ter ou não a aparência de peças usadas em sua
última encarnação na Terra. O Espírito pode imprimir à matéria eterizada
transformações à sua vontade e, assim, produzir os trajes, as joias e quaisquer
adornos de que necessite num dado momento, subordinado tal poder ao seu grau
evolutivo. (Obra citada, item 128, parágrafos 4 a 6.)
60. Todos os Espíritos
sabem como se produzem os objetos que usam?
Não. Frequentemente concorrem para a formação de um objeto por um ato
instintivo que eles mesmos não compreendem, se não estiverem bem esclarecidos
para isto. Embora os Espíritos inferiores possam ter esse poder, quanto mais o
Espírito é elevado, mais facilmente o faz. (Obra citada, item 128, parágrafos
14 a 16.)
61. Como ocorre o
fenômeno da voz direta ou pneumatofonia?
Os sons espíritas ou pneumatofônicos têm duas maneiras bem distintas de
se produzir: são algumas vezes uma voz íntima que ecoa na consciência, mas,
ainda que as palavras sejam claras e distintas, elas não têm, contudo, nada de
material; de outras vezes elas são exteriores e tão distintamente articuladas
como se proviessem de uma pessoa colocada ao nosso lado. De qualquer forma que
ele se produza, o fenômeno da pneumatofonia é quase sempre espontâneo e apenas
raramente pode ser provocado. Experiências posteriores à codificação
demonstraram que, no fenômeno da voz direta, o Espírito fala através de uma
garganta ectoplásmica, podendo sua voz imitar a de sua precedente existência
terrena. Os sons pneumatofônicos exprimem pensamentos, formam frases, e é por
isso que podemos reconhecer que eles são devidos a uma causa inteligente e não
acidental. (Obra citada, itens 150 e 151.)
62. Em que consiste o
fenômeno da escrita direta?
A escrita direta, ou pneumatografia, é a que se produz espontaneamente
sem o concurso nem da mão do médium, nem do lápis. Basta tomar uma folha de
papel branco, dobrá-la e colocá-la em algum lugar, em uma gaveta, ou
simplesmente sobre um móvel, e se estivermos em condições favoráveis, ao fim de
um tempo mais ou menos longo, acharemos no papel caracteres traçados, sinais
diversos, palavras, frases e mesmo discursos, frequentemente com uma substância
cinzenta igual ao chumbo, outras vezes com lápis vermelho, tinta ordinária ou
mesmo tinta de impressão. Nesse tipo de fenômeno, o Espírito não se serve nem
de nossas substâncias, nem de nossos instrumentos: ele mesmo faz a matéria e os
instrumentos de que precisa, tirando seus materiais do elemento primitivo
universal ao qual ele imprime por sua vontade as modificações necessárias ao
efeito que quer produzir. Ele, assim, pode muito bem fabricar tinta vermelha,
tinta de impressão e mesmo caracteres tipográficos bastante resistentes para
dar relevo à impressão, de que temos visto exemplos. É desse modo que podemos
explicar a aparição das três palavras na sala do festim de Baltazar, de que nos
fala a Bíblia. (Obra citada, itens 127 e 146 a 148.)
63. A escrita direta
fica registrada permanentemente ou desaparece com o tempo?
Os traços da escrita direta não desaparecem, porque são sinais que é útil
conservar e por isso se conservam. (Obra citada, item 128, parágrafos 17 e 18.)
64. Existem lugares
assombrados?
Sim. Alguns Espíritos podem ser atraídos por coisas materiais. Podem
sê-lo por certos lugares, aos quais parecem eleger por domicílio, até que
cessem as circunstâncias que os levaram ali: a simpatia por algumas pessoas que
ali comparecem ou o desejo de se comunicarem com elas. Suas intenções nem
sempre são louváveis, porquanto podem querer exercer uma vingança sobre
indivíduos dos quais têm motivos de queixas. A permanência num lugar
determinado pode ser também, para alguns Espíritos, uma punição que lhes é
infligida, sobretudo se eles cometeram algum crime ali, para que tenham
constantemente esse crime diante dos olhos. Não se deve temer os lugares
assombrados, porque os Espíritos que assombram certos lugares e neles fazem
barulho procuram antes se divertir à custa da credulidade e do medo do que
fazer mal. O melhor meio de afastá-los daí é atrair os bons Espíritos, o que se
consegue fazendo o bem. Façamos sempre o bem e apenas teremos bons Espíritos ao
nosso lado. (Obra citada, item 132, parágrafos 5 a 14.)
Observação:
Para acessar a Parte 7 deste estudo, publicada na semana passada,
clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2020/07/o-livro-dos-mediuns-allan-kardec-parte_30.html
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