As religiões e seus desvios
ASTOLFO
O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
De
Londrina-PR
Por
que as religiões têm-se constituído em fatores de divisão entre os povos da
Terra?
Respondendo
a essa questão, o biólogo inglês Richard Dawkins declarou oportunamente:
“As religiões pregam a comunhão dentro dos próprios limites. E promovem a separação em relação às demais religiões. É claro que as pessoas também se dividem em torno de crenças políticas e ideológicas. Mas, quando tratamos de crenças políticas, podemos ao menos discuti-las. Com a religião não é assim. Por definição, a religião é baseada na fé. Você apenas diz: ‘Eu acredito porque acredito’. E logo surgem aqueles que acrescentam: ‘Se você acredita em algo diferente, então vou matá-lo’.”
Por causa de considerações dessa ordem, entende o mencionado cientista que “os homens viveriam melhor sem crenças religiosas”.
Que
se pode opor a tais ideias?
Nada,
se entendermos por “religiões” a expressão “religiões dogmáticas”, porquanto
Richard Dawkins está-se referindo exatamente às religiões conhecidas por ele –
o islamismo, o judaísmo e o cristianismo, – cujo comportamento em relação aos
que pensam diferente tem sido mesmo de férrea perseguição.
Foi
assim que surgiram as Cruzadas e depois a Inquisição, como a história
registrou, um modelo de comportamento que, em dimensões menores, vem sendo
copiado por aqueles que, em nossos dias, matam em nome de Alá e incendeiam
templos e igrejas em nome da fé.
Há,
no entanto, religiões que não se comportam assim.
O
Espiritismo é uma delas e não existe na história nenhum registro que indique
perseguição feita a alguém pelas Casas Espíritas.
Não
sendo uma religião dogmática, o Espiritismo não teme o exame e a análise dos
seus postulados, mas os incentiva, como provam os inúmeros simpósios e
congressos que se realizam todos os anos nos meios acadêmicos e universitários.
Confundir
Religião com “religiões dogmáticas” é, pois, um equívoco que não dignifica o
autor da tese de que viveríamos melhor sem crenças religiosas.
A
inverdade desse pensamento pode ser aferida com a simples leitura das primeiras
linhas que abrem o livro “Nosso Lar”, de André Luiz, que, depois de muito
sofrer no retorno ao Plano Espiritual, despertou para a realidade da vida.
São dele as seguintes palavras:
“Em momento algum, o
problema religioso surgiu tão profundo a meus olhos. Os princípios puramente
filosóficos, políticos e científicos, figuravam-se-me agora extremamente secundários
para a vida humana. Significavam, a meu ver, valioso patrimônio nos planos da
Terra, mas urgia reconhecer que a humanidade não se constitui de gerações
transitórias e sim de Espíritos eternos, a caminho de gloriosa destinação. Verificava
que alguma coisa permanece acima de toda cogitação meramente intelectual. Esse
algo é a fé, manifestação divina ao homem. Semelhante análise surgia, contudo,
tardiamente.” (Nosso Lar, cap. 1.)
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