Uma infâmia!
JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
—
A verdade é que Henri Sausse, sem pensar muito nas consequências de suas
palavras, criou o que se chama, atualmente, a "teoria da
conspiração". Essas são palavras do Dr. em lógica Cosme Massi em
entrevista concedida ao portal Luz Espírita.
Tudo
isso porque, quinze anos após a desencarnação de Allan Kardec, seu biógrafo, o
próprio Sausse, "descobriu" alterações presentes em todas as edições
que se seguiram à 5ª edição de A gênese. E, pasme-se, leitor, o biógrafo
jamais percebera que, desde então, a obra trazia, na folha de rosto, a
informação de que fora "revisada, corrigida e aumentada".
Nota:
a 5ª edição, embora sem data, informava, em sua ficha catalográfica, que era de
1872. O artigo de Sausse foi publicado em 1884, dois anos após a morte da
esposa de Kardec, Amélie Boudet que, tendo assumido a condição de sócia
majoritária da Sociedade Anônima, desde julho de 1869, em todos esses anos
podia ler, estampada na folha de rosto da 5ª edição e seguintes, aquela
informação.
Em
longa entrevista publicada no site referido, Massi deixa claro que nenhum dos
argumentos citados por uma pesquisadora, cujo nome optamos por não citar, resiste
aos princípios da lógica. Todos, mesmo o que ele adota, citado acima, bastante
evidente, por estar à disposição da viúva de Kardec e seus continuadores, não
constituem prova alguma de que as alterações tenham sido feitas por Kardec ou
por outra pessoa. O que ficam evidentes são as alterações.
As
acusações de adulterações, entretanto, são muito graves. Caso isso se
confirmasse, estaríamos diante de crime jamais denunciado pela principal
interessada, cuja idoneidade moral sempre foi reconhecida por todos, inclusive
pelos acusadores, sem prova. E acresce-se a isso a elevada capacidade
intelectual de Amélie, que foi autora de livro e professora.
Pois
bem, não cabe neste espaço relatar todos os argumentos lógicos do criador da Kardecpedia,
mas todos eles foram demonstrados por Massi como sendo falaciosos. Para se
aceitar um argumento como válido, segundo os princípios da lógica, seria
preciso que três elementos estivessem presentes, e todos fossem válidos:
premissa maior, premissa menor e conclusão. "Negar uma prova, nada
prova". Para se provar algo é preciso contrapor ao que for negado algo
provado.
Assim
sendo, explica Cosme: "Negar prova não significa admitir o
contrário". Como exemplo disso, cita a teoria de um matemático que,
durante trezentos anos, foi contestada, sem que se provasse estar ela errada.
Por fim, surgiu a prova cabal de que a teoria estava correta. Ou seja,
contestar, duvidar, refutar algo não é provar o contrário.
Por
outro lado, assegura Massi, que há trinta anos lê A gênese, como as demais
obras de Allan Kardec: Nada do que se alega ter sido "adulterado"
prejudica o sentido lógico, próprio das ideias de Kardec. A própria ideia do
corpo fluídico de Jesus não admitida pelo Codificador ali permanece
integralmente.
Para
desespero dos falaciosos, eis que foi descoberta, noutro país, obra com os
mesmos conteúdos e informações da 5ª edição de A Gênese, embora os
adeptos da "teoria da conspiração" possam continuar insistindo em
tentar provar suas acusações. Consta, na biblioteca nacional da Suíça, outra
quinta edição de A gênese que, ao ser confrontada com a que está sendo
acusada de "adulterações", verifica-se que, desde 1869, antes de sua morte,
Allan Kardec já havia feito e entregue à publicação todas as suas modificações
e informado isso na folha de rosto da obra contestada.
Descrer
disso, amigo leitor, é desacreditar Amélie Boudet, a íntegra esposa do
Codificador, que sempre defendeu, sem tergiversar, a obra de Allan Kardec. E
isso, no meu humilde ponto de vista, é "uma infâmia"!
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