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sexta-feira, 26 de março de 2021

 



O Além e a Sobrevivência do Ser

 

Léon Denis

 

Parte 10

 

Damos sequência ao estudo do clássico O Além e a Sobrevivência do Ser, de autoria de Léon Denis, com base na 8ª edição publicada em português pela Federação Espírita Brasileira.

Nosso propósito é que este estudo sirva para o leitor como uma forma de iniciação ao estudo dos chamados Clássicos do Espiritismo.

Cada parte do estudo compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

 

Questões preliminares

 

A. Podemos realizar algo, sem perceber que estamos agindo sob a influência direta de um Espírito?

B. Há Espíritos que conseguem fornecer, em sua manifestação, prova inequívoca de sua identidade?

C. Alguns Espíritos mantêm-se a par das coisas terrestres pertinentes a pessoas de suas relações?

 

Texto para leitura

 

113. Os fatos que se seguem, na sua maioria inéditos, constituem outras provas da sobrevivência.

114. O Sr. Périnne, presidente da Corte de Apelação da Argélia, conversava livremente com o Espírito de seu filho, Eduardo Périnne, que morrera aos 26 anos como juiz de paz em Cherchell, a 1º de novembro de 1874.

115. Uma noite, chegou-nos ele carregando um maço de folhas de papel cobertas de esboços feitos a pena, representando cenas humorísticas desenhadas pelo defunto e que eram conservadas como relíquias. Perguntou ele ao Espírito, assim que este se incorporou em Mme. F..., nosso principal médium que não conhecera o morto, nem jamais pusera os pés na Argélia: “Eduardo, quem era este homem gordo cuja caricatura traçaste nesta página? Nem eu nem tua mãe pudemos atinar com o sentido deste esboço.”

116. O desenho representava um homem obeso, tentando subir num poste telegráfico. Respondeu o Espírito: “Pois quê, pai, não te lembras do Sr. X..., tão ridículo que, na Argélia, nos aborrecia com as suas conversações fúteis e um interminável palavrório sobre a sua agilidade?” E entrou em minúcias tão precisas sobre a identidade dessa personagem que o Sr. e a Sra. Périnne se lembraram logo da pessoa que inspirara aqueles desenhos burlescos.

117. Um dia, no verão, Mme. F..., ocupada, juntamente com o marido, em pequenos arranjos no seu jardim, sentiu-se impelida por uma força irresistível a colher uma soberba rosa, único ornamento de uma roseira, da qual muito se orgulhava o Sr. F... Em vão tentou o marido dissuadi-la do seu propósito. Sob a influência oculta, ela cortou a flor e correu a oferecê-la à Sra. Périnne, que residia na vizinhança. Encantada, a Sra. Périnne exclamou ao vê-la: “Oh! que prazer me dais neste dia, que é o do meu aniversário!” A Sra. F... ignorava essa circunstância. Na sessão seguinte, o Espírito de Eduardo, dirigindo-se à mãe, disse: “Não compreendeste que fui eu quem impeliu a médium a colher aquela flor e a oferecê-la a ti, em minha lembrança?”

118. Durante as sessões efetuadas em Paris, no mês de dezembro de 1911, em casa do capitão P..., oficial do estado-maior, na presença de alguns amigos, entre os quais se achavam o Dr. G... e o Sr. Robert Pelletier, secretário da Revue Spirite, um Espírito se manifestou como sendo Geber, sábio árabe que viveu na Pérsia de 760 a 820. Como prova de sua identidade indicou que a tradução de suas obras estava na Biblioteca Nacional e lhes mencionou os títulos: Summa Collectionis, Compendium, Testamentum etc. O Sr. Pelletier, indo verificar estas afirmações, reconheceu-as absolutamente verídicas; nenhum dos assistentes jamais ouvira falar daquela personagem.

119. No mesmo grupo, o compositor Francis Thomé se fez reconhecer por seus primos, lembrando-lhes fatos que as demais pessoas ignoravam e de alguns dos quais nem mesmo seus parentes se recordavam.

120. O general L. G., em 1904, escrevia a Léon Denis: 

“Não posso resistir ao desejo de lhe comunicar o seguinte: – No mês de julho último, estava minha mulher em B., na casa de um irmão, e aí se entretinha fazendo experiências de tiptologia. Após diversas comunicações por intermédio da mesa, surgiu o Espírito do almirante Lacombe, tio dela, morto em janeiro de 1903.

Meu cunhado, capitão do ..., muito céptico, interrogou:

– Pois que estás aqui, talvez nos pudesses dizer onde se acha o bilhete da loteria turca que se encontrava entre os papéis do papai. Não consegui descobri-lo. Tu, que trataste desta sucessão, como tutor de Maria, deves sabê-lo.

A mesa respondeu:

– Está com o Sr. L..., notário...

– Não, pois que já lho pedi e ele não o tem.

– Sim, está num pacote com o nome do Sr. V... – (banqueiro de meu sogro), – de mistura com alguns papéis velhos, dentro da secretária do primeiro escrevente.

Meu cunhado não insistiu... Hoje recebi dele uma carta em que me comunica que o bilhete da loteria turca foi encontrado no lugar que a mesa indicara. É simplesmente espantoso, eis tudo!”

121. O caso seguinte, publicado pelo Sr. Aksakof, mostra até que ponto os mortos podem continuar ao corrente das coisas terrestres: 

“Uma moçoila russa, Schura (diminutivo de Alexandrina), se envenenou aos 17 anos, depois de haver perdido o noivo, de nome Miguel. Na ocasião em que esse fato se deu, ele era estudante no Instituto Tecnológico. Certo dia, a senhora Wiessler e sua filha (a primeira das quais se ocupava muito com o Espiritismo), que mal conhecia a família de Miguel e de Nicolau e cujas relações com Schura e sua família já remontavam a época bem distante, sem jamais terem sido muito contínuas, receberam, por intermédio da mesa com que trabalhavam, uma mensagem de Schura ordenando-lhes que sem demora prevenissem a família de Nicolau de que este corria perigo idêntico ao que determinara a morte de seu irmão Miguel. Ante as hesitações manifestadas pelas duas senhoras, Schura se torna cada vez mais insistente, pronuncia palavras de que costumava usar quando viva e, para lhes dar uma prova da sua identidade, vai até ao ponto de mostrar-se a Sofia uma tarde, com a cabeça e os ombros emoldurados por um círculo luminoso. Isso, contudo, ainda não bastou para decidir a Senhora von Wiessler e sua filha a fazerem o que lhes era indicado. Finalmente, um dia, Schura lhes declara que tudo está acabado, que Nicolau vai ser preso e que elas se hão de arrepender de não lhe terem obedecido. As duas senhoras então se resolvem a levar todos estes fatos ao conhecimento da família de Nicolau, a qual, muito satisfeita com o procedimento deste, nenhuma atenção prestou ao que lhe acabava de ser referido. Passados dois anos sem incidente algum, veio-se a saber que Nicolau fora preso por haver tomado parte em reuniões revolucionárias que se efetuaram exatamente na época das aparições e das mensagens de Schura.”

 

Respostas às questões preliminares

 

A. Podemos realizar algo, sem perceber que estamos agindo sob a influência direta de um Espírito?

Sim. Léon Denis menciona a respeito disso um fato curioso. Um dia, a médium Mme. F..., ocupada, juntamente com o marido, em pequenos arranjos no seu jardim, sentiu-se impelida por uma força irresistível a colher uma soberba rosa, único ornamento de uma roseira, da qual muito se orgulhava o esposo, que tentou, em vão, dissuadi-la do seu propósito. Sob a influência oculta, ela cortou a flor e correu a oferecê-la à Sra. Périnne, que residia na vizinhança. Encantada, a Sra. Périnne exclamou ao vê-la: “Oh! que prazer me dais neste dia, que é o do meu aniversário!” A médium ignorava essa circunstância. Na sessão seguinte, o Espírito de Eduardo, dirigindo-se à mãe, disse: “Não compreendeste que fui eu quem impeliu a médium a colher aquela flor e a oferecê-la a ti, em minha lembrança?” (O Além e a Sobrevivência do Ser.)

B. Há Espíritos que conseguem fornecer, em sua manifestação, prova inequívoca de sua identidade?

Claro que há. Foi o caso ocorrido com o Espírito do almirante Lacombe, morto em janeiro de 1903. No ano seguinte, ao comunicar-se numa sessão mediúnica, alguém lhe perguntou se ele podia dizer onde se achava o bilhete da loteria turca que se encontrava entre os papéis do determinada pessoa, seu irmão. A mesa respondeu que o bilhete estava com o Sr. L..., notário. E acrescentou que estava dentro de um pacote com o nome do Sr. V..., de mistura com alguns papéis velhos, dentro da secretaria do notário. A informação era exata: o bilhete foi encontrado exatamente no lugar que a mesa havia indicado. (Obra citada.)

C. Alguns Espíritos mantêm-se a par das coisas terrestres pertinentes a pessoas de suas relações?

Sim. Léon Denis reproduz neste livro um fato dessa natureza, que foi publicado pelo Sr. Aksakof, o qual mostra até que ponto os mortos podem continuar ao corrente das coisas terrestres. (Obra citada.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 9 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/03/o-alem-e-asobrevivencia-do-ser-leon_19.html

 

 

 

 

 

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