Reencarnação é heresia; evocação é pecado.
Parvoíce ou verdade?
ASTOLFO
O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
De
Londrina-PR
Os
teólogos mudaram por completo o tom das críticas que fazem ao Espiritismo. Já
foi o tempo em que as comunicações mediúnicas eram tidas como coisa do
“demônio” e em que os médiuns não passavam de farsantes.
Essa
postura nova pode ser encontrada em obras diversas, como por exemplo no livro
intitulado “Espiritismo e Fé”, de frei Boaventura Kloppenburg, publicado pelo
Círculo de Leitura em 1986.
Frei
Kloppenburg, que faleceu em 8 de maio de 2009, tornou-se bastante conhecido dos
espiritistas brasileiros, devido às diversas publicações de sua lavra dirigidas
contra os “heréticos” do século XX. Na obra citada o teólogo assumiu, no
entanto, uma posição curiosa. Primeiro, declara que jamais a Igreja atribuiu
oficialmente ao demônio as comunicações do Além. De acordo com seu ponto de
vista, as comunicações espíritas são perfeitamente possíveis; o erro seria
evocar os Espíritos e estaria aí o “pecado” dos espiritistas.
A
evocação – ou seja, o chamamento dos Espíritos por parte de médiuns ou
evocadores – seria um “pecado” condenado pela Bíblia e constituiria, segundo
seu ponto de vista, um dos dois grandes males do Espiritismo. O outro, chamado
por ele de “heresia”, é a crença na reencarnação. Heréticos seriam, pois, todos
aqueles que acreditam na tese da volta de um Espírito a um novo corpo físico
para dar prosseguimento à sua marcha evolutiva. Esse, o núcleo das novas ideias
divulgadas pelo ilustre teólogo.
Evidentemente,
cabe-nos respeitar todas as opiniões sinceras. Frei Boaventura foi, sem dúvida,
um teólogo respeitável e sincero; merece por isso o nosso maior respeito. Mas é
preciso esclarecer que nem a reencarnação, muito menos a evocação dos
Espíritos, foram objeto de condenação por Jesus de Nazaré, o verdadeiro autor
da doutrina cristã, que é superior, sob todos os pontos de vista, à doutrina
contida no Antigo Testamento, a que recorrem os críticos do Espiritismo para
buscar a proibição da evocação dos mortos.
A
reencarnação é um dos princípios fundamentais da Doutrina Espírita e, sem
dúvida, um dos seus pontos fortes. Quem o diz são os espíritas
recém-convertidos, que explicam que foi graças ao conhecimento da reencarnação
que puderam compreender melhor seus problemas de ordem existencial e
resolvê-los.
Depois
dos trabalhos publicados por Ian Stevenson e Banerjee, que se ocuparam por
longo tempo com o assunto, a reencarnação deixou de ser a crença ingênua
atribuída aos espiritistas para ingressar na área acadêmica. E foi exatamente
um psicólogo de formação protestante – o americano Morris Netherton – quem, há
mais de quarenta anos, fundou uma nova técnica terapêutica baseada em nossas vidas
ou vivências passadas, à qual se filiam médicos e profissionais da área da
saúde em várias partes do mundo.
A
comunicação dos chamados mortos tem convertido mais de um pai desesperado que
encontra na carta post mortem do
filho querido a mensagem confortadora da fé, da imortalidade e da esperança.
Chico
Xavier foi instrumento de centenas de casos dessa ordem. Mas não foi ele quem
evocou os jovens que partiram. Foi a saudade, o desejo do reencontro, o
sofrimento dos pais que fizeram – e ainda fazem – com que tais Espíritos voltem
até nós para dizer que estão vivos, que a morte não existe e que é em Jesus que
encontraremos a verdadeira senda para a felicidade com que sonhamos.
A
evocação direta dos Espíritos foi um processo adotado por Kardec e por inúmeros
discípulos do Codificador para a estruturação da Doutrina Espírita. Kardec
levava às reuniões um rol contendo várias indagações. Os Espíritos as
respondiam. Assim surgiu “O Livro dos Espíritos”. Atualmente, porém, não se
pratica a evocação, tão condenada por Frei Boaventura. Os instrutores do Plano
Espiritual, Emmanuel à frente, chamam-nos a atenção para a desnecessidade atual
das evocações diretas, de modo que os Espíritos comunicam-se nas sessões
espíritas espontaneamente, segundo a permissão de Deus, o tempo de que dispõem
e sua própria necessidade ou vontade de se manifestar por meio de um médium.
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Muito bom o artigo. Enxuto, objetivo e esclarecedor.
ResponderExcluirGostei do artigo. Quem sabe vc poderia agregar a bibliografia q utilizou p escreve -lo? Gostaria de saber em q livro Emmanuel teceu estes comentários sobre evocacao
ResponderExcluirEmmanuel tratou do tema evocação na questão 369 do livro “O Consolador”, que adiante reproduzimos:
Excluir369 – É aconselhável a evocação direta de determinados Espíritos?
- Não somos dos que aconselham a evocação direta e pessoal, em caso algum. Se essa evoca-ção é passível de êxito, sua exequibilidade somente pode ser examinada no plano espiritual. Daí a necessidade de sermos espontâneos, porquanto, no complexo dos fenômenos espiríti-cos, a solução de muitas incógnitas espera o avanço moral dos aprendizes sinceros da Doutri-na. O estudioso bem-intencionado, portanto, deve pedir sem exigir, orar sem reclamar, ob-servar sem pressa, considerando que a esfera espiritual lhe conhece os méritos e retribuirá os seus esforços de acordo com a necessidade de sua posição evolutiva e segundo o mere-cimento do seu coração. Podereis objetar que Allan Kardec se interessou pela evocação dire-ta, procedendo a realizações dessa natureza, mas precisamos ponderar, no seu esforço, a tarefa excepcional do Codificador, aliada a necessidade de méritos ainda distantes da esfera de atividade dos aprendizes comuns.